9 de julho de 2011

Violência Gratuita, de Michael Haneke

O que esperar de um filme acerca do qual o ex-presidente americano, George W. Bush afirmou ser “O filme mais terrível que assisti em anos”? Levando em conta a aterrorizante guerra contra o terror iniciada pelo próprio Bush, boa coisa é que não.

Violência Gratuita ousa ao mostrar uma dupla de psicopatas extremamente educados, limpos e de aparência tão acima de qualquer suspeita que mães de todo o mundo gostariam de tê-los como genros, mas com um sadismo e uma loucura tamanhas em seu interior que colocariam medo no mais destemido dos destemidos.

Violência Gratuita

Remake do filme homônimo de 1997, dirigido pelo mesmo Michael Haneke – é, inclusive, um remake shot-a-shot, ou seja, cada detalhe do filme original é reproduzido aqui: diálogos, cenas, tomadas de câmera, objetos do cenário, etc. – mostra uma família, os Farber, Ann (Naomi Watts), George (Tim Roth), e o filho, Georgie (Devon Gearhart),  rumo a uma semana de férias, que são feitos reféns pela dupla de psicopatas, Paul (Michal Pitt) e Peter (Brad Corbet) que os “convidam” para participar de um jogo doentio.

Em um dado momento, questionados pela esposa por que não os matavam de uma vez, respondem simplesmente que não teria a mesma graça; chegam a propor para a esposa que ela escolha como o marido deve ser morto: a facadas ou com um tiro. Uma das coisas que mais chamam a atenção é a plena consciência que a dupla possui de que o que fazem não é errado, e que a culpa é tão somente do casal “escolhido” para jogar. Assim, se respeitassem às regras e fossem educados, tudo acabaria mais rápido, mas não quer dizer, em hipótese alguma, que acabaria bem.

Violência Gratuita.1

Porém, nenhum momento provoca maior revolta como um fato que ocorre lá pelo segundo terço do filme – sem detalhes aqui, ou seria um spoiler gigantesco e destruidor – e que muda todas as regras propostas pela dupla e, em grande parte, a própria proposta do filme; apesar de que o filme já dá mostras de não ser um filme tradicional nas cenas em que os assassinos olham para a câmera, ou ainda, conversam com o espectador; alterando de forma pontual o desenrolar da história.

Violência Gratuita.2

Violência Gratuita tem de ser assistido, uma vez que não se pode descrevê-lo da forma como merece. Tratados de psicologia poderiam ser escritos com base nele, muitos ficarão chocados, dirão que é uma aberração, um zero a esquerda e um produto inútil. Não acho. Apesar de ter sido um fracasso retumbante de público, e, segundo o Metacritic – onde tem nota 41/100 – de crítica, é um filme que te prende sem precisar de efeitos visuais mirabolantes ou óculos 3D.

É um filme que se mantém em pontos nos quais todo filme deveria se manter: em atuação, direção e roteiro.

 

Violência Gratuita (Funny Games US – Áustria, França, Alemanha, Itália, EUA, Inglaterra – 2008) Roteiro e Direção de Michael Haneke. Com Naomi Watts, Tim Roth, Michael Pitt, Brad Corbet, Devon Gearhart.

6 comentários:

  1. Ah, Luciano!! Se você puder ler "Mentes Inquietas"; um livro facílimo que trata da psicopatia, verá que ela é muito mais comum do que percebemos. O livro é justamente para nos ensinar a identificar os psicopatas que vivem ao nosso redor. É assustador, porque a psicopatia não tem cura e vem travestida em pessoas que aparentemente são boníssimas. Fiquei interessada em assistir esse filme. Depois te falo! Bom fim de semana! Beijus,

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  2. Li várias críticas deste filme na época em que o mesmo foi lançado, algumas elogiosas, outras nem um pouco, mas de uma parte ou de outra acentuando em comum que o longa original é melhor. Interesso-me muito pelo tema psicopatia, e consequentemente por filmes que o abordam (O Silêncio dos Inocentes é meu predileto, Lecter é o cara!), então este é mais um que "preciso" assistir. E a tua resenha sobre o mesmo só me instigou mais.

    Aliás, o Michael Pitt é um excelente ator (e tem cara de lobo em pele de ovelha, rs, o típico "loiro de frios olhos azuis" que provavelmente esconde algum segredo aterrador, perfeito para um papel como este); em Os Sonhadores, então, ele deu um show de atuação. Naomi Watts, então, nem se fala: como eu desejei que ela interpretasse a Narcisa Malfoy em Harry Potter! Abração!

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  3. Luma,

    Dá até um pouco de medo saber os tipos de pessoas que podem conviver ao nsso redor, mas, se é para o bem, melhor saber mesmo. Já anotei a dica do livro, e o filme é bem tenso, mas vale à pena ser assistido.

    Beijos.

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  4. Jorge,

    O elenco é mesmo muito bom - acredita que ainda não assisti ao "Silêncio"?? Eis uma dívida que tenho que sanar qualquer dias desses.

    Então, apesar de ser shot-a-shot, dizem mesmo que o original é superior, fica a dica, vou ver se o encontro por aí.

    Grande abraço.

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  5. Nossa fiquei aqui pensando se vou conseguir assistir o filme todo....rsrsrs...mas com o sou curiosa vou tirar a prova, vou procurar para assistir....gostei da dica, apesar de parecer ser um filme muito forte....Beijokas elis!!!

    http://amagiareal.blogspot.com/

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  6. Elis,

    Olha, é forte sim, mas vale a pena. Apesar de não ser - dizem - melhor que o original, é um filme intrigante. Se puder, assista! Rs.

    Beijos.

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