8 de dezembro de 2011

Julieta Imortal [Resenha #032] + Promoção

Julieta Imortal

Julieta Imortal me prendeu a atenção por recontar uma história clássica – ou o desenrolar dos fatos após esta – a do casal Romeu & Julieta, a mais famosa história de amor de que se tem noticia, tanto que, até hoje, casais apaixonados escrevem ao "Club di Giulietta", pedindo aconselhamentos. Mas e se a história de Julieta Capuleto e Romeu Montechio não tiver ocorrido da forma  romântica como Shakespeare imortalizou? E se Romeu, na verdade, tivesse traído e assassinado Julieta? É a partir deste ponto de vista que a autora, Stacey Jay, narra sua história.

Nela, Julieta não tirou a própria vida por não suportar a ideia de viver sem seu amado, mas foi assassinada por Romeu, após ele ter sido seduzido com a promessa de que se tornaria imortal, bastando para isso sacrificar tudo o que de mais puro havia entre ele e Julieta: seu amor, e a vida dela. O que ele não imaginava é que ela também seria “recompensada”, melhor seria dizer resgatada, e passasse a ter também vida eterna, mesmo que se encontrassem de lados opostos: Julieta pertence ao grupos dos “Embaixadores”, que lutam para preservar o amor de casais sinceramente apaixonados e feitos um para o outro, as almas-gêmeas; enquanto Romeu é um dos Mercenários, que visam destruir este amor, convencendo uma das partes a fazer o que ele mesmo fez: sacrificar a pessoa amada.

Para cumprir suas missões, ambos tem a habilidade de “possuir” – melhor seria dizer “ocupar” – o corpo de uma pessoa comum, assimilando inclusive suas memórias, a fim de facilitar a tarefa, que consiste em dar um empurrãozinho no romance, para o bem, no caso de Julieta, ou para o mal, no caso de Romeu. Porém, como em quase toda a disputa entre o bem ou o mal, o mal tem poderes melhores, mais bacanas e letais. Sei que é lógico: o mal se vence com amor, e vice-versa, mas, sempre e sempre, os recursos utilizados pelo lado negro da força parecem bem mais eficazes. Assim, Julieta tem de se desdobrar para cumprir sua missão, enquanto Romeu tem a sua disposição armas como a calúnia, a mentira, o ódio, e claro, a morte, que são bem mais efetivos no tipo de sociedade em que vivemos.

Isto sem contar o fato de que Julieta fica presa ao dilema de ter de lidar com os conflitos pertencentes as pessoas a quem ela ocupa o corpo: além de unir um casal apaixonado, ainda deve buscar tempo para acertar as coisas na vida desta pessoa – no caso do livro essa pessoa é Ariel – e a recíproca é verdadeira: é preciso que Julieta meça suas ações para que, finda a missão, Ariel possa retomar seu corpo e sua vida sem que um mundo totalmente diferente do que ela conhece lhe caia sobre a cabeça. Pode-se mudar, mas não muito, nem tão drasticamente.

E este ponto merece destaque. Durante a narração – feita por Julieta e Romeu na primeira pessoa, sendo que ele narra apenas alguns capítulos curtos – a autora tece considerações muito pertinentes, e boa parte da ação se passa com Julieta pensando consigo mesma tendo, ao mesmo tempo, de considerar que o corpo não é dela. E este ponto pode confundir. Da mesma forma como Julieta fala do corpo de Ariel, e de Romeu, muitas vezes ela se refere ao “meu corpo”. Bem, na realidade, Julieta não possui um corpo, ela está possuindo o corpo de uma outra pessoa. Acredito que a autora faz esta diferenciação para facilitar a vida do leitor, mas algumas vezes pode mesmo confundir.

O desenrolar da história é bastante rápido, e o livro leve de se ler. A leitura flui em um bom ritmo, e gradativamente novos acontecimentos e a revelação de grandes segredos ou situações inesperadas fazem com que este ritmo só aumente. Seria possível que Julieta se apaixonasse novamente, mesmo depois de tudo o que Romeu lhe fizera? E será que os Embaixadores são tão bons e Romeu tão mau quanto se pensa? Questionamentos assim dão fôlego ao livro, e até te colocam a pensar após a leitura. Stacey Jay soube muito bem conversar com o público ao qual o livro se destina, sem, em momento algum, fazer dessa classificação etária uma barreira para leitores mais velhos, como eu.

Ok. Algumas pessoas já devem ter torcido o nariz por considerar que mexer com um clássico é mexer com um vespeiro. Não lhes tiro a razão, mas se é o suficiente para os confortar, digo que o livro e bastante interessante, e a nova luz que a autora lança sobre a história é bastante original. Não gostei do final, parece uma daquelas saídas da DC quando encontra um empecilho em suas sagas que vá mexer com todo o seu universo. É uma saída que minimiza as perdas, mas não as anulam. Isto faz do livro algo pior? Não. Continua uma leitura interessante, e que te deixará satisfeito quando terminar.

Ah, se estiver apaixonado, olhará no fundo dos olhos de seu amor com um outro olhar.

 

Julieta Imortal (Juliet Immortal, 2011Tradução de Patrícia Dias Reis Frisene) Stacey Jay – 237 páginas, ISBN 9788563219572, Editora Novo Conceito.

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Boa sorte!

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25 comentários:

  1. É mexer com clássico gera bastante controvérsias, eu ainda não sei o que achar, porque ainda não li nenhum livro que modificam os clássicos, mas pretendo....
    QUanto a Julieta, eu gosto da ideia de Romeu não ser tão bonzinho, e fico bem curiosa para saber o que a autora desenvolveu nessa história! Com certeza quero ler! XD

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  2. Eu acho que Stacey Jay pirou na batatinha! Não só por mexer em um clássico mas deturpar valores de uma época em detrimento dessa onda vampiresca que se instalou na literatura mundial.
    Não li o livro. Não sei como a história se desenrola em detalhes, mas li o comecinho porque a minha sobrinha começou a ler e achei muito chato. Bastante confuso, pois em determinadas partes, não sabia se a Julieta estava falando dela ou de Ariel. A autora ainda precisa amadurecer e duvido que ela tenha lido Shakespeare. A minha hipótese é que ela foi assistir "Cartas para Julieta" e no filme se inspirou.
    Boa semana! Beijsu,

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  3. Kézia, o livro me chamou a atenção por mostrar esta perspectiva diferente, mexendo pra valer em um clássico. Até gostei, rs. Boas leituras ;)

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  4. Luma, confunde mesmo, as vezes fiquei meio perdido e tie de retroceder um pouco para saber de quel ela falava, e algumas situações não ficaram muiuto claras. Pois é, ele mexeu logo com um clássico destes, e de Shakespeare - que nunca li, fique claro, acho até que deveria tê-lo dito no post. Mas, sem pretensões, casualmente, é uma boa leitura, para quem tem bons pares de anos a menos que eu.

    Grande beijo ;)

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  5. Tô namorando esse livro tem tanto tempo já. A maioria das pessoas falam que ele não é bom, mas mesmo assim, eu quero rs.

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  6. Eu estou namorando esse livro faz séculos! Esse livro tem tudo pra ser perfeito!!

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  7. Assim como a guria ai de cima, estou paquerando esse livro tem semanasss! HAhahha Todos falando super bem e acho bem legal alguém ter coragem para usar um clássico com uma influencia tão grande assi mpara referencia, rs

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  8. Malu, apesar de tudo gostei bastante: ele cumpre seu papel, e te faz apreciar a leitura. Boa sorte no sorteio ;)

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  9. Té.èts, quem sabe ele não sai agora? Boa sorte ;)

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  10. Thais, é preciso ter muita coragem para se mexer com um clássico deste porte, mas a autora não queria mudá-lo, só apresentá-lo as novas gerações como uma nova roupagem. Acho que muitos dos que amam Shakespeare - nunca li nada dele - não gostaram, rs. Boa sorte no sorteio.

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  11. Parece ser bom ja que e inspirado no classico diretamente. E tambem gostei dos protagonistas falarem em primeira pessoa, geralmente somente o narrador e/ou um dos protagonistas tem liberdade de fala.

    Ja li Shakespeare, mas por incrivel que pareca nao foi o famoso Romeu e Julieta, nao si porque.

    Mas vamos ver nao eh, estou participando do sorteio, quem sabe eu ganhe e possa julgar por mim mesma a historia.

    bjos

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  12. Aline, eu gostei, mas ele está longe de ser uma unanimidade. O fato de ser narrado em primera pessoa é interessante, mas um pouco confuso às vezes. Nada que atrapalhe tanto, é mais um incômodo passageiro.

    Ah, ainda não li Shakespeare, tenho que pagar este débito em breve...

    Boa sorte no sorteio ;)

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  13. Oi, Luciano!

    Bem, eu não vejo problema algum em se mexer com clássicos. É só encarar o livro como uma espécie de fanfic, né!
    Eu também nunca li nada do Shakespeare, mas a história de Romeu e Julieta é tão famosa que todo mundo conhece.
    Achei legal você dizer "Porém, como em quase toda a disputa entre o bem ou o mal, o mal tem poderes melhores, mais bacanas e letais." ! É verdade, o mal sempre é mais descolado, por assim dizer! rs
    A capa do livro também é muito bonita, e gostei da história, nunca engoli aquele desencontro tão grande entre Romeu ee Julieta...

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  14. Joelma, bem lembrado. Tentei ler o livro sem fazer comparações - até porque não li o original - e me dei bem; acho que todos que o lessem deveriam encarar assim.

    Ah, o mal é tão mais interessante na literatura/cinema/games que dá até medo (quem nunca se sentiu tentado a ir pro lado negro?)

    Grande beijo ;)

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  15. Ai sério.. a capa deste livro é tão linda e só por ter a mera lembrança de Romeu e Julieta já dá uma vontade danada de ler, mesmo não tendo muito relação com a estória original!!

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  16. Andressa, concordo, a capa é muito bem feita, e "casa" bem com a história ;)

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  17. Estou louca para ler este livro. Uma história clássica recontada de uma maneira totalmente diferente e hipnotizante.

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  18. Vane, é isso mesmo: um clássico com uma roupagem nunca vista, que te surpreende. Boa sorte no sorteio ;)

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  19. Tô muito curiosa com esse livro, gente! Em todos os blogs que eu leio eu vejo falando sobre ele, quero pra minha coleção!

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  20. Rafhaela, ele fica memso bem em toda coleção ;) Grande abraço.

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  21. Muito curiosa com esse livro, torcendo muito para ganhar :D

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