11 de janeiro de 2012

Confissões de um Turista Profissional [Resenha #034]

imageSinopse: Quem gosta de viajar, e viaja mesmo (isto é, não faz turismo pra inglês ver), sente uma vontade danada de falar a verdade sobre os lugares que visitou. Coisas como: vale a pena todo aquele trabalho no Louvre para não ver a Monalisa? Existe algum lugar mais insalubre do que uma barraca de praia no Nordeste? Ou ainda: por que o Brasil precisa de mais uma obra de Oscar Niemeyer, o veterano arquiteto que deixa um rastro de concreto aonde quer que vá? Mas falar essas coisas é, no mínimo, tornar-se um chato. Pois Jota Pinto Fernandes, alter ego de Kiko Nogueira, é o chato que vive em cada viajante. Corajoso e desbocado o suficiente para dizer o que as agências e seu amigo que acabou de chegar de Nova York nunca falarão. Escrito pelo ex-diretor da revista Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas, da Editora Abril, Confissões de um Turista Profissional é uma leitura para quem quer olhar as lindas fotinhos no celular, na volta daquele pacote inesquecível, e pensar: “E não é que era isso mesmo...?”
Confissões de um Turista Profissional, do jornalista Kiko Nogueira nos mostra, através do alter ego do autor, Jota Pinto Fernandes, a incrível arte de viajar, mas com uma outra visão. Não se trata apenas de partir mundo afora de primeira classe, comendo em restaurantes caríssimos apreciando pela janela os lugares tradicionais de sempre. Por outro lado, também não é simplesmente se embrenhar no mato e acampar em um local ermo e sem o mínimo de estrutura que nos permite ter uma vida minimamente humana. Viajar nem sempre é tão agradável quando se faz da forma mais confortável possível, apesar de ninguém merecer certos companheiros na poltrona ao lado da classe econômica do avião.

As 37 crônicas do livro nem sempre são bem humoradas, e muitas vezes mostram um viajante amargo com a realidade do turismo atual: aquilo que é considerado modinha, que se deve ou não fazer em cada local, o terror no qual se transformou o ato de viajar de avião, e o que afasta os turistas de terras tupiniquins, além dos vícios que parecem comuns a todos os turistas do mundo. Sabemos também da verdade sobre as filas que assolam os locais mais visitados, como a Monalisa e a Torre Eiffel, e que parecem perseguir a nós, pobres brasileiros.

O livro é bem curto, são 94 páginas, e proporciona uma leitura prazerosa que, quando você se der conta, já chegou ao fim. É o tipo de livro perfeito para ser lido entre dois títulos de ficção, por exemplo, e dar um reboot em nossa memória e sentidos, nos ajudando a ficarmos desvinculados de qualquer sentimento que o livro anterior tenha nos causado. No fim, fica aquela vontade de acompanhar Jota Pinto em mais algumas viagens, como as narradas do livro, mas torcendo para que ele, em pessoa, nunca se sente ao nosso lado. É melhor vivermos nós, nossa ilusão do que é viajar.

Confissões de um Turismo Profissional (Confissões de um Turismo Profissional, 2011) Kiko Nogueira – 94 páginas, ISBN 9788563219435, Editora Novo Conceito.
{C+}

5 comentários:

  1. KKKK, meio que baixou então um Kiko Nogueira em mim quando viajei a Salvador. Se bem que lá eu não estava propriamente para fins turísticos. Abração!

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  2. Ah, Jorge, mas você bem que teve seus motivos! Abraços ;)

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  3. Apesar de não ter apreciado a leitura concordo totalmente com essa parte "torcendo para que ele, em pessoa, nunca se sente ao nosso lado. É melhor vivermos nós, nossa ilusão do que é viajar."

    Mesmo parecendo que você apreciou mais o livro do que eu, adorei suas opiniões sobre o mesmo...\o/....beijoaks elis

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Oscar