4 de setembro de 2014

Estudo Independente – O Teste: Livro 2, de Joelle Charbonneau [Resenha #186]

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Sinopse: Cia Vale tem dezessete anos e tem tudo o que sempre sonhou: um amor perfeito, um lugar na universidade e um futuro como uma das líderes da Comunidade das Nações Unificadas. No entanto, apesar de todos os esforços do governo para apagar a memória de Cia, ela ainda lembra o que aconteceu. Ela precisa escolher entre ficar em silêncio e proteger a si mesmae as pessoas que ama ou expor o Teste e o que ele na verdade é, um programa assassino que deve ser impedido. O futuro da Comunidade depende dela.

No segundo volume da saga de Joelle Charbonneau, a chance de fazer parte da revitalização de uma civilização pós-guerra colide com o desejo de fazer o que o coração manda.

Selecionado pelo USA Today no TOP TEN Summer Reads. Escolha dos livreiros independentes de 2013.


Esta resenha pode trazer revelações incômodas para quem ainda não leu o primeiro volume da trilogia, “O Teste”.

Depois de passar pela excitação de ser selecionada para o Teste, única oportunidade de  conseguir entrar para a universidade, Cia Valle, da colônia de Três Cinco Lagos (valeu Joshua!), percebe que nem tudo  é como imaginava. Em “O Teste” – uma das melhores surpresas do ano –, ela foi colocada constantemente à prova e viu horrores que achava que a Comunidade das Nações Unificadas, que ressurgira das cinzas de um governo ineficiente em manter a paz e a ordem, estava isenta de possuir.

Na trilogia “O Teste”, o mundo passou por sete estágios de destruição e, após as tribulações, parte dos remanescentes resolveram construir o país amplamente embasados no ideal de liderança, pois consideravam que foram as falhas dos antigos líderes que levaram a humanidade quase que ao extermínio. Assim, dividiram-se em colônias que se submetiam ao poder central de Tosu City, a capital, estrategicamente escolhida por ter sobrevivido à devastação das guerras.

Pois bem, Cia é aprovada no Teste e vai para a faculdade, onde, baseados em seu desempenho no Teste e após outras provas, pesquisas e testes de aptidão, é direcionada a uma carreira no Governo. Mas ser selecionada para a faculdade não é garantia de que tudo ficará bem, pois, como sabemos, fracassos não são tolerados pelo Dr. Barnes, idealizador do Teste e figura que exerce com mãos de ferro todo o poder que possui de fazer o que bem quiser com os candidatos durante as etapas.

O que me agradou bastante nesse volume da trilogia é que finalmente aqueles que não estão de acordo com os rumos do Teste dão as caras e colocam na mesa seus objetivos. Cia já tivera, no livro anterior, contato com o líder deles, cuja ajuda, inclusive, foi providencial para que prosseguisse viva na seleção, mas até onde sabíamos ele podia ser só mais um velho eremita maluco.

Mas certamente o mais assustador é perceber que o que já parecia difícil, por fim a um sistema cruel de seleção, é ainda mais complicado, pois o Dr. Barnes tem autonomia para fazer o que bem quiser durante o Teste, de tal forma que seu poder na prática – e fortemente apoiado em sua rede de influência – supera até mesmo o da Presidente da Comunidade das Nações Unificadas.

Nesse segundo livro da trilogia ainda temos o foco em Cia, narrando em primeira pessoa, mas há um bem vindo e merecido amadurecimento em suas ações. Não que ela fosse uma adolescente reclamona no livro anterior – pelo contrário, no universo da série, após se formar nos estudos básicos, o indivíduo se torna oficialmente um adulto – mas aqui ela tem objetivos e responsabilidades ainda maiores, e que extrapolam e muito o “manter-se viva”, chegando ao ponto do “evitar que muitas mais pessoas morram”.

Assim, ao mesmo tempo em que questionam seu desempenho no Teste – pois é apenas uma garota que passara a vida toda na menor das colônias, a Cinco Lagos, que durante anos não enviara um candidato ao Teste – e que tem centenas de olhos voltados para si mesma, esperando que falhe no processo, ela carrega o fardo de saber de coisas que os outros alunos da universidade sequer sonham.

E isso porque, olhem só, a Comunidade das Nações Unificadas não é tão justa quanto apregoa. Enquanto os enviados das colônias tem de passar obrigatoriamente pelo Teste, os residentes da capital, Tosu City – em sua maioria filhos de pessoas importantes – vão direto pra universidade. Por mais que esses alunos também corram o risco de serem realocados, eles já saem com a vantagem enorme de não terem arriscado suas vidas para chegarem até ali. Justamente por isso novos rostos são apresentados.

Tomas ainda é um personagem recorrente, mas o fato de que é designado para uma área de atuação diferente da de Cia faz com que apareça menos, e dê lugar a Will, o Draco Mallfoy da série, e Giffin, que promete surpresas desde o começo. Existem também os antagonistas claros, aqueles que odeiam Cia, mas a animosidade deles é ponto menor dentro do que ela tem de enfrentar.

E voltando a falar de foco, aqui Cia conversa muito consigo mesma. Ela tem alguns monólogos, onde soma dois e dois a fim de ter uma ideia mais clara do que se passa ao seu redor, evitando agir impulsivamente, e esses momentos sempre resultam em uma boa revelação. Gostei deles, estou tão envolvido e satisfeito com a série que não me incomodaram.

Assim como no livro anterior, este acaba com a tensão nas alturas. Cia não sabe com certeza em quem pode confiar, mas, ao menos, termina as páginas desse volume sabendo o que precisa fazer. A autora continua com a narrativa nas mãos, e o enredo segue numa crescente interessante. Dentre as muitas opções quando se fala de distopia, essa é uma que merece ser conferida. E, pra coroar tudo, o volume final promete.

 


+ da série: O Teste

 

Estudo Independente - Teste Livro 2, de Joelle Charbonneau (Independent Study, 2014 Tradução de Elisa Nazarian, 2014) – 320 páginas, ISBN 9788567028347, Editora Única. [COMPRAR NO SUBMARINO]

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8 comentários:

  1. Fiquei balançada! Eu fiquei meio traumatizada com essas trilogias distopicas depois de Jogos Vorazes, não por não ter gostado da experiencia com Jogos, mas por ter sofrido um pouquinho no final... Mas, uma série tão elogiada por alguém que não é dado a distribuir elogios chega a se tornar tentadora néh?!?!

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    1. Distopias tendem a ser sanguinárias, mas é bom quando o autor consegue dar uma boa sacudida no leitor com elas. Eu sinceramente gosto d'O Teste, vale a pena dar uma chance.

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  2. Eu que fico com a tensão nas alturas depois de ler essa resenha e lembrar da primeira.

    Preciso ler logooooooooo!!!!

    Nem consegui ler o primeiro ainda :(

    Amei né!!

    Bjks

    Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br/

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  3. O final desse livro é excelente! Deixou uma infinidade de possibilidades para o volume final, e espero fervorosamente que Joelle conclua a trilogia no mesmo patamar. "A Formatura" já tem capa definida - eu amei! - e estou cheio de expectativas \o/

    OBS: É um detalhe bobo, mas a Cia é da Colônia Cinco Lagos, e não Três Lagos :p

    Abraços,
    - pensamentosdojoshua.blogspot.com

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    1. Pois é, Joshua, também fiquei doido com o final e querendo saber logo o que acontece em seguida! O jeito é esperar pelo livro final....

      (E obrigado pelo toque ;)

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  4. Oi, Luciano!
    Eu já tinha lido algumas resenhas sobre o livro que ficaram no ar, uma imparcialidade que não ajudou e fiquei sem saber se o livro poderia ser bom. Realmente ouvi pessoas dizerem que ele é uma cópia de Jogos Vorazes e Divergente, mas quando eu acho que o autor consegue melhorar ou criar personagens tão bem construídos, a comparação fica de lado, isso se o trabalho for realmente bem feito.
    Boa semana!!
    Beijus,

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  5. Fiquei com medo de pegar algum spoiler, porque ainda não decidi se vou ler essa série ou não. Já li 3 fontes confiáveis (inclusive seu blog) com boas avaliações aos livros já lançados da série, mas estou com um pé atrás não sei porquê. Vou esperar o lançamento e as resenhas do terceiro livro, e quem sabe até lá, eu tenha menos livros na fila, e mais ânimo para uma nova série.

    Abraços!

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