29 de maio de 2015

Zero Eterno Vol.01, de Naoki Hyakuta e Souichi Sumoto [Resenha #220]

Zero Eterno

Sinopse: Kentaro Saeki, um jovem de 26 anos, sente que sua vida está estagnada - há alguns anos reprovando no exame nacional de advocacia, o rapaz sente falta de algo que o faça ter motivação e fazer o 'motor' da sua vida funcionar. até que, um dia, sua irmã o contrata para uma importante pesquisa - descobrir quem foi Kyuzo Miyabe, seu verdadeiro avô, homem que batalhou nos céus da guerra do pacífico de 60 anos atrás, pilotando um caça Mitsubishi a6m zero, e morreu em missão pelo tokkotai, a esquadra de pilotos suicidas muito atuante durante a segunda guerra mundial. a partir disso, Kentaro vê sua vida finalmente tomar um rumo ao descobrir mais sobre os valores e o modo de pensar de quem sobreviveu a esse passado não tão distante e confrontá-los com o presente que não parece entendê-los.

Zero Eterno é uma mangá histórico, baseado no livro de mesmo nome, publicado em 2013, escrito por Naoki Hyakuta que se tornou um fenômeno de vendas no Japão, sendo comercializadas apenas no ano de lançamento mais de três milhões de cópias, fazendo com que ganhasse adaptações para o cinema, doramas, e esta em mangá, com arte de Souichi Sumoto.


Zero Eterno
Nele, conhecemos Kentaro, um jovem de vinte e seis anos que, apesar de ter sido o melhor aluno de sua turma, não conseguira aprovação no exame para seguir com os estudos na área de direito – um tipo de exame de ordem da OAB, ou de Suficiência, do CRC – então passa os dias sem muita motivação, enquanto protela a busca por um novo emprego.

Ele vai levando a vida dessa maneira até que sua irmã Keiko, liga para ele dizendo que tem um bico que ele pode fazer, ajudando-a em uma importante pesquisa: irem atrás da história de seu avô Kyuzo Miyabe, de quem eles nunca haviam ouvido falar até pouco tempo antes.

Pelo que lhes foi contado pelo avô – que agora sabem que é “postiço” – Kyuzo fora casado com a avó deles e, durante e Segunda Guerra Mundial, lutara pelos Tokkotai, o famoso esquadrão suicida, tendo morrido durante a guerra. Muito pouco se sabe dele, de modo que Keiko acha que é quase como uma dívida que busquem saber mais sobre a vida desse avô que nunca puderam conhecer, além do que isso poderá se tornar um importante trabalho para ela, inclusive como uma forma de entender melhor esses pilotos que, em interpretações mais recentes, vem sendo comparados à terroristas.
Zero Eterno
Pessoalmente me sinto inclinado a consumir materiais que tenham a ver com a Segunda Guerra, é um tema que me interessa, e Zero Eterno se torna especial por duas razões: ver isso em formato mangá; e, o que é mais importante, conhecer um lado da historia contado por quem talvez tenha uma visão diferente daquela a que os ocidentais tem de seu povo, motivações e cultura.

Explico.

Nós, brasileiros, orgulhosos de nossos pracinhas, seguimos a corrente que demoniza os países do eixo em desfavor do caráter libertador dos americanos e aliados. Não estou aqui para contradizer isso, mas acho que é interessante acompanhar uma história que seja narrada com uma visão do outro lado, que nos mostre – mesmo que ficcionais, por que não? – quem eram esses pilotos, de onde vinha tamanho senso de honra, e o que significara para eles a rendição perante Hiroshima e Nagasaki.

Por isso fiquei tão ansioso por Zero Eterno. Nele, dois jovens, nossos contemporâneos, resolvem partir em busca da história de um avô, com seus grandes momentos passados em uma guerra que para a geração deles é um capítulo da história, o que leva, inclusive, Kentaro a perceber que, se querem mesmo saber de alguma coisa sobre seu avô, não podem se limitar aos registros históricos, mas precisam partir em busca de combatentes daquela época que ainda estejam vivos.
Zero Eterno
Gostei muito da formatação do mangá. Como ele é narrado no tempo presente, as passagens da Segunda Guerra são contadas através das memórias dos entrevistados pelos irmãos, e a forma como Souichi Sumoto as mesclou é bastante natural, não existem quebras de ritmo ou estranhamentos, somos guiados por ele de um tempo ao outro (presente e há sessenta anos, durante a Guerra) de forma bastante fluida.

O traço é bastante claro, e transita entre a sobriedade nos desenhos dos personagens com linhas mais retas e detalhadas nas representações das aeronaves e cenas de batalhas, com destaque para as páginas duplas, todas com um trabalho bastante cuidadoso e que nos faz parar um tempo apenas para apreciar, e, ainda, para o trabalho editorial da JBC, que está publicando o mangá em papel offset e capa com orelha, em uma edição que vale o preço cobrado.

Este primeiro volume tem um ritmo mais lento, e o mangá como um todo – ao menos até agora – tem um tom mais contemplativo, talvez pelo formato de “história a ser contada”, gostei do andamento. Após entrarem em contato com uma associação de combatentes, os irmãos conseguem um endereço e partem para a primeira entrevista, mas o que escutam nela está longe de ser o que imaginavam, acabando por criarem uma imagem um tanto negativa da figura do avô desconhecido.

Recomendo a leitura, para quem gosta de livros com temática de guerra, é um excelente exemplar; e, como mangá, um grande título, de entendimento fácil para quem não está acostumado. Além disso, é uma série curta, apenas cinco edições, então dá para acompanhar sem muitos problemas.

Zero Eterno Vol. 01, de Naoki Hyakuta (texto) Souichi Sumoto (arte) (Eien no Zero Vol.01Tradução de Naguisa Kushihara, 20144) – 200 páginas, ISBN 9788577879045, Editora JBC.

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3 comentários:

  1. Eu já tinha colocado este na minha lista de desejados. Não sabia do que se tratava, mas o título e a capa me chamaram a atenção.
    Fiquei feliz quando vi que você tinha lido e postado a resenha.
    E mais feliz ainda com sua indicação!!!!

    Que bom que gostou e que bom que ele é assim tão legal. Fácil e com uma premissa ótima!! E melhor ainda que são 5, rsrs.

    Adorei!!!!!

    Bjkssssss

    Lelê

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  2. A princípio até pensei que fosse o mesmo protagonista de Love Hina, mas não é, apesar de serem premissas bem semelhantes. A leitura me interessou bastante e eu também gosto muito de consumir material que explore as questões da Segunda Guerra, então vou anotar esse título =)

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