19 de fevereiro de 2010

13 coisas que você julga saber sobre Agatha Christie e que estão erradas

Encontrei este post no blog do site oficial da escritora e achei simplesmente sensacional, então resolvi traduzir alguns trechos com meu pobre inglês, então me perdoem se algumas vezes o texto parecer estranho. Mas não se preocupe, o texto original pode ser visto aqui.

agatha_christie

Um detalhe importante: todas os trechos em sublinhado e itálico são spoilers, e todos nós sabemos como um spoiler pode destruir um livro da Rainha do Crime.

1. Foi o mordomo!

Quando mordomos aparecem na obras de Christie, eles geralmente são personagens auxiliares. Em E Não Sobrou Nenhum (o antigo O Caso dos Dez Negrinhos), como todos os personagens na ilha, o mordomo é um assassino, depois de ter permitido que seu empregador morresse de uma doença cardíaca, a fim de receber uma herança, mas ele não é o assassino do livro. Em outro livro, um assassino se disfarça de mordomo para cometer um assassinato e, em seguida simula o desaparecimento do mordomo, mas Christie nunca fez de um mordomo um assassino em uma de suas novelas.

2. O médico fez isso!

Alguns críticos afirmam que a melhor maneira de pegar o assassino em um livro de Agatha Christie é apontar o dedo para o médico. Isto não é totalmente errado. O médico é culpado em quatro obras da Rainha do Crime. Uma enfermeira, um dentista e um farmacêutico também são assassinos de três outros livros. Em outro, o médico é um assassino, depois de ter causado a morte de um paciente ao realizar uma operação embriagado, mas ele não é o assassino principal do livro, e um médico tenta, sem sucesso, matar Poirot em outro livro, mas existem dezenas de outros, os médicos são muito menos sanguinários na obra de Christie. Algumas outras profissões dos assassinos em sua obra são políticos, secretários, atores, socialites, policiais, professores, playboys, donas de casa, companheiros, militares, e criminosos de carreira, todos eles são culpados, pelo menos, dois, e na maioria dos casos, três ou mais instâncias.

3. Nada que Agatha Christie escreveu após a Segunda Guerra Mundial vale a pena ser lido!

Alguns críticos alegaram que nos últimos 20 anos de carreira da escritora se observa uma queda de qualidade. Existe alguma verdade nisto. Passageiro para Frankfurt e Poterna of Fate, escritos  quando a doença castigava a escritora em seus últimos anos, são costumeiramente classificados entre seus romances de menor sucesso [ou qualidade]. Entanto, a maioria de seus mistérios a partir dos anos 1940 são considerados clássicos. Na década de 1950, Convite para um Homicídio, Mrs. McGinty's Dead, A Testemunha Ocular do Crime e Punição para a Inocência são extremamente bem-respeitados, como são A Pale Horse e Noite Sem Fim a partir da década de 1960. Na verdade, quase todos os livros da escritora têm defensores ferozes, assim como alguns detratores. Embora a maioria (certamente não todas) das obras mais aclamadas e populares dela tenham sido publicadas entre 1930 e 1950, muitos de seus fãs tem boas coisas a dizer sobre o que foi impresso em épocas anteriores e posteriores.

4. Livros de Agatha Christie são machistas!

Considerando que Agatha Christie teve uma das carreiras mais bem sucedidas da literatura de todos os tempos, não é surpreendente que tantas pessoas estejam dispostas a atacá-la. Christie cresceu em meio aos costumes rigorosos do período vitoriano, mas seus livros estão repletos de mulheres fortes, inteligentes, e corajosas. Francamente, é surpreendente que Miss Marple não tenha sido adotada como um ícone feminista alternativo, pois ela mostra como as mulheres podem ser independentes, perspicazes, e respeitadas por toda a vida.

É verdade que a  maioria das heroínas de seus livros não têm qualquer desejo de colocar suas carreiras em primeiro lugar. O fim de Aventura em Bagdá, onde uma mulher abandona o seu negócio bem sucedido para se casar com o homem que  amava desde a infância, tem atingido muitos leitores, especialmente por que seu amante diz que se ela não decidir parar de trabalhar significa que não seria uma boas esposa para ele.

É importante dizer que algumas de suas mais fortes personagens femininas são assassinas, sendo que muitas destas são mais inteligentes que os homens com quem se associam.

5. Livros da escritora são racistas!

A alegação mais forte quanto a “insensibilidade racial” de Agatha Christie é E Não Sobrou Nenhum, que foi considerado ofensivo para muitas pessoas [aqui no Brasil o título original persistiu até pouco tempo atrás, quando, seguindo a tendência internacional, os editores tupiniquins resolveram também pegar leve], no entanto as minorias pouco aparecem nas obras da autora.

6. A maioria dos assassinos de seus livros são gays!

Se você acha isso quer dizer que tem assistido às recentes adaptações das obras da autora para a tv sem ter lido os livros. Algumas destas produções tem mudado a preferência sexual do assassino, mas esta não é uma tendência recente. A versão de 1989 de Ten Little Indians transformou a solteirona severa e convencida em uma lésbica dramática.

Também os personagens secundários sofreram esta alteração. Na recente adaptação de Convite para um Homicídio, as personagens Miss Hinchcliffe e Miss Murgatroyd são abertamente lésbicas, enquanto no livro esta relação é bem mais implícita.

7. Todas os enredos são iguais!

Bem, no sentido de que todos os romances de mistério da autora têm um enredo no qual alguém é assassinado e, claro há um assassino, então sim, os livros de Agatha Christie são praticamente iguais. Mas se se considerar que os personagens, as definições, os motivos , as soluções e métodos de contar a história são diferentes de livro para livro, as obras da autora são substancialmente diferentes. Alguns, como E Não Sobrou Nenhum, Os Crimes ABC e Noite sem Fim tem enredos radicalmente diferente de todos os seus outros livros. Seus thrillers são frequentemente muito diferentes de seus outros livros, e as reviravoltas da maioria deles são distintas o suficiente para distingui-los dos seus outros trabalhos.

8. Todos os livros da escritora são sobre pessoas ricas que vivem em mansões gigantescas com passagens secretas!

Um número substancial de livros da autora se concentram em pessoas ricas que, compreensivelmente, vivem em habitações condizentes com seu status social. Parte disto reflete o fato de que o dinheiro é um excelente motivo para um assassinato, então é por isso que muitas de suas vítimas são ricas. Embora muitos de seus livros se passam em casas de campo, outros se passam numa Londres metropolitana. Existe um painel secreto em End House, onde a arma do crime está escondida, mas salas escondidas são raras nas propriedades descritas em seus livros.

9. É sempre a pessoa menos provável!

Christie era uma mestra da desorientação. Inventou várias maneiras de fazer as pessoas pularem para o falso pressuposto de que um personagem estava acima (ou abaixo) de qualquer suspeita. Christie sabia que a maioria dos leitores jamais suspeitariam do narrador, ou de um detetive, ou uma senhora idosa, ou uma criança, ou um personagem recorrente. Se você não suspeita quem é o assassino, é sua própria culpa.

10. Christie odiava os não-britânicos, especialmente os americanos!

Esta afirmação é simplesmente ridícula. Se ela desprezava as pessoas que não eram britânicas, por que seu mais proeminente detetive seria belga? Existem inúmeros personagens que afirmam a sua antipatia por certas nacionalidades ou que usam estereótipos ofensivos, mas é errado supor que esses personagens refletem os próprios pontos de vista da autora.

Quanto ao tratamento dispensado pela autora aos norte-americanos, há alguns personagens odiosos daquele país, como Ratchett em  Assassinato no Expresso do Oriente, o incrivelmente rico Number Two em Os Quatro Grandes e Mrs. Boynton em Encontro com a Morte, mas essas são exceções. Americanos não aparecem com freqüencia em seu trabalho, mas também existem norte-americanos muito simpáticos, como as crianças traumatizadas em Boynton, em Encontro com a Morte. Em qualquer caso, deve-se salientar que a grande maioria dos assassinos em livros da autora são britânicos!

11. Christie era uma esnobe!

Como afirmado anteriormente, parte da razão pela qual tantos assassinatos de seus livros envolverem ricos (ou pelo menos pessoas em confortável situação financeira) é porque o dinheiro foi mais frequentemente citado como o principal motivo para o assassinato. Alguns dos milionários de seus livros são amáveis, outros são odiosos. Christie sempre julgava as pessoas com base no seu caráter, e é por esta razão que ela realmente não deveria ser rotulada como uma esnobe. Ela frequentemente insinua que é muito mais fácil ter dinheiro do que não tê-lo, mas quem pode argumentar contra isso?

12. Livros da autora estão repletos de venenos indetectáveis e bizarros métodos de assassinato!

Christie nunca usou venenos imaginários com efeitos colaterais impossíveis. Existem ocasiões em que ela usava um nome inventado para designá-los, como "Calmo", um sedativo mortal quando misturado com álcool em A Maldição do Espelho, mas os sintomas e as reações são análogos aos medicamentos da vida real. Christie provavelmente não queria usar uma marca real de um medicamento real porque os fabricantes provavelmente ficariam muito chateados se o seu produto fosse anunciado como uma substância química letal em um de seus livros.

Quanto aos "estranhos" métodos de assassinato, Christie usava todo o tipo de tática engenhosa para criar álibis e evitar que seu leitor soubesse quem era, desde o começo, o assassino, mas se você está procurando por homicídios mirabolantes com gases mortais ou explosivos, deve procurar outros escritores. Seus assassinatos normalmente são bastante comuns, como uma simples aspersão de veneno na comida, ou um tiro, esfaqueamento ou estrangulamento. Claro, há o estranho tabuleiro eletrificado em Os Quatro Grandes e o dardo em Morte nas Nuvens, mas a escritora geralmente usava meios não dramáticos de matar pessoas.

13. Seus livros estão cheios de clichês mistério!

Tecnicamente, isso é verdade a partir de uma perspectiva do século vinte, mas isso é porque Agatha Christie inventou a maioria dos enredos e revelações que mais tarde se tornariam clichês!  Se você lê um romance da autora e pensa que já viu isso antes, lembre-se que, provavelmente, alguém que tenha escrito isso se inspirou em algo de Agatha Christie!

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O post original:  Thirteen Things You Know About Christie Are Wrong! by Chris_Chan

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