27 de maio de 2010

4 Livros que me ajudaram a gostar da Literatura Nacional

No começo da adolescência, lá pelos idos de 1998, uma prima me apresentou Júlio Verne, e pouco depois conheci Agatha Christie num corredor de biblioteca. Assim, demorou – muito – para que os livros nacionais me chamassem a atenção ou me interessassem de alguma maneira. Eu sei, mea culpa… Este cenário começou a mudar quando me caíram nas mãos, num período relativamente curto de tempo os quatro livros a seguir:

O Cortiço Esta obra de Aluísio Azevedo caiu em minhas mãos graças a capa cortiçoproximidade  do vestibular e uma enormemente alardeada lista de leitura que algumas universidades exigiam. Li um tanto quanto despreocupadamente, porém não demorou muito e a narrativa me fisgou: os personagens são vívidos, uma verdadeira coleção das figuras da época e seus costumes, e inesquecíveis. Quem não se surpreendeu com o fim de Pombinha? E o da pobre Bertoleza? O Cortiço conquistou minha admiração por não centrar sua narrativa em um personagem em específico, mas sim em cada um dos moradores, sejam eles negros, baianos, malandros, lavadeiras, e etc, isso sem se perder na própria história que se propõe a contar.

O Grande Mentecapto Meu irmão leu este livro antes de mim, e ogdementecaptosimplesmente gargalhava ao fazê-lo, o que aguçou minha curiosidade de lê-lo. Escrito por Fernando Sabino em 1979, o livro nos apresenta o amplamente adjetivável Geraldo Viramundo, em sua epopéia pelo estado de Minas Gerais, vivendo aventuras impensáveis e de uma comicidade que dificilmente é vista em outros títulos – e que me faz lamentar profundamente o fato de Sabino ter escrito tão poucos romances, apesar de também ser genial como cronista – em sua eterna inocência perante o mal e a malícia do mundo que o rodeia, não se afligindo com nada que lhe é imputado: as mentiras, a violência, o desprezo, e até mesmo as agressões físicas. Impossível esquecer as passagens que narram a revolta das prostitutas, o jantar com o governador e su estada no exército. Ao lado de outros personagens igualmente inesquecíveis, como Capitão Batatinhas, vive em seu mundo particular como se tudo fosse verdade, até que a verdade sobressai. O fim de Viramundo é trágico, e, ao meu ver, desmerecido.

O Coronel e O Lobisomem ocoroneleolobisomemTinha uma vaga lembrança de ter visto este título na TV, mas esta lembrança é tão vaga – isso foi antes de o filme chegar aos cinemas – que nem posso fazer uma comparação entre os dois, então resolvi ler o livro ao me deparar com ele num canto de prateleira. Escrito por José Cândido de Carvalho e publicado em 1964, este foi um dos livros que mais prendeu minha atenção, me fazendo querer chegar logo ao desfecho da vida e aventuras do Coronel Ponciano de Azeredo Furtado, um homem que, por meio de uma herança conquista propriedades, porém com pouco entendimento de gestão de recursos,  e com uma certa tendência a se encantar por mulheres casadas, tornando-se facilmente escravo destas. Se há uma coisa que Ponciano faz com propriedade é desencantar assombrações, inclusive o lobisomem do título, assim como figuras emblemáticas, como o cobrador de impostos – aqui eu deveria me sentir ofendido… Solteirão, sem sorte no amor, destemido e cheio de si, Ponciano de Azeredo Furtado é um personagem cativante como poucos, com um triste fim como muitos.

Fogo Morto O primeiro livro de José Lins que li foi Menino de Engenho, Fogo mortograças a obrigatoriedade de sua leitura para fins de avaliação do colégio, e etc. Não gostei muito, em grande parte devido ao seminário que deveria ser apresentado em seguida e aos quais sempre fui avesso, mas foi o suficiente para que me interessasse pelo autor e ficasse tentado a ler outro livro seu. Optei então por Fogo Morto. O livro conta a decadência dos senhores de engenho, outrora tão poderosos, como do Coronel Lula de Holanda, meu conhecido de Menino de Engenho. Para tanto, a obra foi dividida em 3 partes, cada uma focada em um personagem, apesar de eles se inter-relacionarem durante todo o livro, sendo eles o Mestre José Amaro, um seleiro rancoroso com tendências depressivas, pai de uma filha com problemas mentais, agressivo com a mulher e, com o andar da história, ganha fama de lobisomem; o Coronel Lula de Holanda, um senhor de engenho decadente e, ao meu ver, completamente sem juízo; e o Capitão Vitorino “Papa-Rabo”, um idealista nato, considerado por muitos críticos como quixotesco e o personagem mais bem construído da literatura nacional. Fogo Morto é, por assim dizer, uma obra completa, que bem merece o status que possui.

Analisando agora, percebi uma terrível coincidência entre os 4 títulos: o final trágico. Será mera coincidência?

Com | Wikipédia

5 comentários:

  1. Sabe quais livros me levaram para a literatura?!!! A moreninha, Odisséia, Eneida e o Primo Basílio.... fiquei encantada e a cada semana devorava um livro.

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  2. Joicinha,

    Na adolescência eu também lia num ritmo muito maios, mas hoje são tantos afazeres que tudo se complica. Bela lista, estou em dívida com muitas destas obras.

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  3. O cortiço é excelente, li já adulta mas com certeza se tivesse lido antes teria me motivado tmb a ler mais =)
    Muito legal seu blog
    abs!

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  4. Lívia,

    O Cortiço me fez mudar a maneira como via os antigos clássicos da literatura brasileira, o que me propiciou conhecer outras obras das quais gostei muito.

    []'s

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  5. Oi! Já ouvi muito falar dos dois primeiros livros que você nos apresentou. Curiosa para ler. Estou tentando quebrar meus preconceitos referentes a literatura brasileira!
    Gostei muito do seu blog e desde agora seguindo! Aah obrigado por ter comentado e visitado meu blog.
    Bjs, Ruama.
    http://esquiloscorderosa-ruama.blogspot.com.br/

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