5 de julho de 2011

O Inimigo Secreto, de Agatha Christie [Resenha #023]

Se em O Misterioso Caso de Styles, primeiro livro publicado por Agatha Christie, somo apresentados a seu principal personagem, o detetive belga Hercule Poirot, em O Inimigo Secreto, segundo livro da autora, publicado originalmente em 1922, temos como protagonistas a dupla Tuppence Crowley – sim, ela ainda é uma Crowley aqui – e Tommy Beresford, dois dos mais queridos personagens criados pela Rainha do Crime.

A dupla de jovens aventureiros, como se denominam, se veem investigando um estranho caso depois que inumeráveis coincidências acontecem em estranha sucessão, jogando-os no meio de um turbilhão inimaginável. Enquanto jantavam e conversavam animadamente, os velhos amigos Tommy e Tuppence reclamam da vida morosa do pós guerra, e em como desejariam fazer algo para mudar a situação. Quando voltava para sua pensão, Tuppence é abordada por um estranho, que lhe oferece uma oportunidade de viver uma aventura, no entanto, um nome que a moça usa, despretensiosamente, como sendo seu, Janne Finn, muda o rumo da conversa, deixando o desconhecido apreensivo.

 

Exteriormente, é o tipo comum dos jovens ingleses, de físico robusto e inteligência não muito viva. É lento no trabalho mental. Por outro lado, é absolutamente impossível desviá-lo de um rumo por meio da imaginação. Não possui uma dose mínima sequer de imaginação; assim, é difícil enganar-se. Ele custa a apreender um problema, mas desde que encontre o fio da meada não mais o deixa escapar. A jovem é bem diferente. Mais intuição e menos senso comum. É um par magnífico para trabalharem juntos.

- Sobre Tommy e Tuppence.

O Inimigo SecretoInstigados pela curiosidade, Tommy e Tuppence decidem publicar um anúncio em jornal pedindo informações sobre a tal moça: Janne Finn. Duas pessoas respondem ao anúncio: Mr. Carter, um alto funcionário da agencia de inteligência britânica, e Julius P. Hersheimmer, um jovem milionário americano que se apresenta como primo em primeiro grau da moça, tendo viajado à Inglaterra para procurá-la.

Tommy e Tuppence então descobrem que Janne Finn está desaparecida há alguns anos, e, acredita-se, tem em seu poder alguns papéis que, nas mãos das pessoas certas – ou erradas – podem abalar as maiores potências da época. Assim, ela é procurada também por uma organização secreta, conhecida apenas pela presença de um membro que parece onipresente, Mr. Brown, o inimigo secreto.

O livro, apesar de ser apenas o segundo da Rainha do Crime, é uma obra prima. A busca por Janne Finn proporciona grandes perigos e revelações. Mr. Brown aparenta estar sempre um passo a frente dos jovens aventureiros, e saber dos fatos na mesma velocidade em que acontecem. O texto flui com uma velocidade impressionante, fazendo do livro um excelente thriller, de leitura compulsiva. Isso, claro, com toda a genialidade da autora. Só para se ter ideia, nos capítulos finais ela brinca magnificamente com o leitor, incriminando e absolvendo o mesmo personagem diversas vezes, mudando constantemente o foco, e deixando-nos sem muitas chances para saber, com certeza, a verdadeira identidade de Mr. Brown, fato só revelado no penúltimo capítulo.

Apesar de ser apenas o segundo, é um legítimo Agatha.

O Inimigo Secreto (The Secret Adversary, 1922Tradução de A.B. Pinheiro de Lemos) Agatha Christie – 222 páginas, Editora Record.

5a

 

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7 comentários:

  1. OLá Luciano,

    Li a pouco mais de um mes outro exemplar de Ágatha Christie. Cai o pano. Livro fininho, curtinho, chato no inicio, meio desmotivador, mas que as poucos vai prendendo a atenção. Com o detetive Hercule Poirot, já velhinho e artrítico como eu, ahahaha, solucionando possivelmente o seu ultimo caso.
    Um abraço e obrigada pelo apoio.

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  2. Lu,

    cai o pano é o livro de Agatha Christie que menos gosto, mas isso se deve mais por acontecer nele o que acontece que por outros motivo, rsrs.

    Abraços.

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  3. Mais um livro da Rainha do Crime para a minha fila de espera. Como é de praxe, mais uma resenha tua de uma obra literária até então desconhecida por mim e que me instigou à leitura da mesma. E pelo visto, ou melhor, lido, o segundo livro da Agatha parece mesmo ser melhor que sua estreia em O Misterioso Caso de Styles. Abração!

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  4. Jorge,

    Olha, este é melhor que o anterior sim, mas, meu favorito é O Caso dos Dez Negrinhos - que nas novas edições chama-se E Não Sobrou Nenhum (coisas do politicamente correto) - um livro que me causou sérios problemas para dormir. Tenho que lê-lo novamente.

    Grande abraço.

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  5. O Caso dos Dez Negrinhos, ao lado talvez de Assassinato no Expresso do Oriente, também é o meu predileto da Agatha. Um desfecho de arrasar as deduções mais pretensiosas do leitor mais pretensioso, rs, muitíssimo surpreendente. Também tenho que lê-lo novamente. Abração!

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  6. Nossa que bom ler sua resenha, pois estou participando do desafio onde temos que ler os livros dela em ordem cronológica, e só adquiri esse a pouco tempo, então ele está na fila. Mas já notei que vou adorar....\o/...beijokas Elis!!!!!

    http://amagiareal.blogspot.com/

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  7. Elis,

    Tenho certeza que gostará do livro, é um dos melhores de Agatha. Só não participo do desafio porque li este ano e ano passado alguns livros delas, então eria que relê-los agora, na ordem certa. Bem, vou pensar, talves dê certo :D

    Beijus.

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