8 de dezembro de 2014

Simplesmente Acontece, de Cecelia Ahern [Resenha #199]

Simplesmente Acontece - Texto


Sinopse: Todo mundo acha que Rosie e Alex nasceram para ser um casal. Todo mundo menos eles mesmos. Grandes amigos desde criança, eles se separaram na adolescência, quando Alex se mudou com sua família para os Estados Unidos.

Os dois não conseguiram mais se encontrar, mas, através dos anos, a amizade foi mantida através de e-mails, mensagens de texto, cartas, cartões-postais... Mesmo sofrendo com a distância, os dois aprenderam a viver um sem o outro. Só que o destino gosta de se divertir, e já mostrou que a história deles não termina assim, de maneira tão simples.


Se tem um aspecto no qual posso ser bastante repetitivo é no que diz respeito a falar sobre meus autores favoritos. Justamente por isso, já rasguei muita seda pra Cecelia Ahern. Fazer o quê? Ela merece!

Não me entendi muito bem com ela em minha primeira leitura, do “A Vez da Minha Vida”, mas na segunda tudo fluiu muito melhor, finalmente entendi o fantástico em sua narrativa, e o “O Livro do Amanhã” se tornou um dos meus livros preferidos de todos os tempos. Depois disso me decidi a ler qualquer coisa que ela escreva, então, no ano passado, li o “O Presente”, e mais uma vez me senti satisfeito, e agora, com o “Simplesmente Acontece”, não foi nada diferente.

No livro conhecemos Alex e Rosie. Eles são feitos um para o outro, melhores amigos desde sempre, passam toda a adolescência colados, aquele tipo de amizade que todos ao redor apostam que acabarão se casando – papo de tia velha – mas daí a vida acontece, e os leva por caminhos que mal poderiam imaginar. Senti certo aperto no peito lendo o livro porque muitas das situações mostradas ali acabam acontecendo na vida de todo mundo, como o afastamento, a perda de contato com pessoas que conhecemos desde à infância, e os caminhos em separado que somos forçados a tomar.

É estranho acompanhar o estremecimento de uma relação tão sincera quanto a dos dois, e foi inevitável tomar partido, ficar ressentido, e querer estapear um deles cada vez que tomavam uma atitude que era infantil e danosa pra relação dos dois. Mas como eles poderiam saber?

Nas resenhas dos outros livros da autora que fiz por aqui, mencionei o fato de que ela era completamente dona da narrativa e uma criadora de personagens, cenários e situações extremamente competente. Repito isso agora. Todo o livro é muito bem formatado, as situações são bem intercaladas, com períodos mais sensíveis e emotivos com passagens envolvendo tiradas geniais, que fazem com que sejamos constantemente surpreendidos por um fato novo.

E isso por o livro ser narrado de uma forma não muito convencional: é, de certa forma, epistolar, contado através de e-mails, bilhetes, cartões e outros recursos. Apesar de não ser mais uma novidade – muitos autores já apostaram no formato – Cecelia consegue aproveitar ao máximo tudo o que esse formato tem à oferecer ao embutir nele seu estilo e talento como contadora de histórias. Por que, talvez, essa seja a melhor definição do que ela é: uma excelente contadora de histórias.

Nesse livro, tanto quanto no “O Livro do Amanhã”, me conectei com uma facilidade enorme aos personagens. Eles podem não ser tão geniais quanto a rebelde falida da Tamara Goodwin, mas são possíveis, falhos, e tão humanos em suas dúvidas e desejos quanto qualquer um de nós.

Rosie é uma garota que não consegue se conectar com pessoas de sua idade, exceção, claro, de Alex, seu melhor amigo. Já Alex se sente responsável por Rosie, como um irmão mais velho, protetor, daqueles que tem de garantir que nada de ruim aconteça com ela e que sempre está por perto para consolá-la. E é incrível como os dois se completam e em quão bem funcionam quando estão juntos.

A autora também criou personagens secundários que orbitam ao redor dos dois e acrescentam muito ao livro. As mensagens trocadas por Rosie e Ruby – uma mulher mais velha que ela conhece no trabalho – são hilárias e ela atua como uma conselheira fundamental para Rosie nos momentos em que ela fraqueja e duvida de tudo, inclusive de si própria.

É regra em livros da autora a leitura impulsiva. Aqui também é assim. Mais do que em qualquer outro livro dela, você toma partido, torce a favor e lamenta cada passo em falso. É uma leitura tão prazerosa que suas mais de quatrocentas páginas não pesam, e quando se percebe já chegamos ao final – tradução sempre certeira do Ivar Panazzolo Junior. Pra mim é um dos melhores do ano.

 


Mais da autora:

P.S. Eu Te Amo – resenhado pela Jaci Pandora
A Vez da Minha Vida
O Livro do Amanhã
O Presente


Simplesmente Acontece, de Cecelia Ahern (Where Raimbows End, 2004Tradução de Amanda Moura e Ivar Panazzolo Junior, 2014) – 448 páginas, ISBN 9788581635453, Editora Novo Conceito. [COMPRAR NO SUBMARINO]

{A-}

8 comentários:

  1. Ai que delícia de resenha!!!

    Cecelia é sim muito boa mesmo! Adoro! Ainda não li este, mas lerei com certeza..

    Outra coisa, gosto muito desse tipo epistolar que você citou, mais um ponto pra eu me divertir ainda mais com a leitura.

    Adorei tudo!

    Bjks

    Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br/

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    1. Lelê, a Cecelia tem um estilo narrativo bastante cativante, quando você menos espera já está quase terminando a leitura. Gosto muito dela.

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  2. Eu to querendo ler algo da Cecelia Ahern faz tempo, desde que lançou "P.S. Eu Te Amo", mas até agora, nada - vergonha. Porém vai lançar o filme baseado nesse livro, então acho que vou começar a ler algo dela por "Simplesmente Acontece". É legal saber que a autora tem total controle de sua história e surpreende o leitor em um gênero que é tão fácil cair no clichê e no mais do mesmo.

    Abraços!
    - pensamentosdojoshua.blogspot.com

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    1. Joshua, eu ainda tenho que ler o "P.S. Eu Te Amo", mas li, na ordem, o "A Vez da Minha Vida", o "O Livro do Amanhã", o "O Presente" e esse. Meu preferido, com toda certeza é o "O Livro do Amanhã".

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  3. Eu não gosto muito de ler romances "românticos", mas acho que você já me deu argumentos o suficiente para crer que a autora tem talento. Meu grande receio é o gênero mesmo, então talvez eu arrisque até para confrontar meu preconceito. Adorei a resenha!!!

    Abraços!

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    1. Também não dou muito certo com romances muito melosos, mas a Cecelia tem um humor que cai muito bem à narrativa, o que quebra um pouco isso. Vale a pena ler ;)

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  4. Oie,
    Eu fiz a leitura desse livro nas férias coletivas, e simplesmente ameiiiiiiii, concordo com cada palavra sua elogiando ele, apesar de não poder me basear nos livros anteriores que você já leu. Tenho uma paixão por livros nesse estilo e ano passado li três assim, e para mim foi um melhor que o outro.

    Beijos Elis - http://amagiareal.blogspot.com.br/

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  5. Cecelia Ahern realmente sempre nos impressiona com suas obras. Ainda não li este livro e tenho certeza que vou gostar e ainda mais quando é um dos favoritos do ano para você. Ansiosa para ver o filme.
    Beijos

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