9 de março de 2015

Eve & Adam, de Michael Grant e Katherine Applegate [Resenha #208]

Eve e Adam


Sinopse: Filha única da poderosa e fria geneticista Terra Spiker, Eve fica entre a vida e a morte depois de sofrer um acidente de carro. O processo de cura no misterioso laboratório Spiker transcorre com uma rapidez impressionante, o que desperta a curiosidade da menina.

Antes que Eve estreite os laços com Solo, um rapaz que compartilha segredos com a corporação, a Dra. Spiker lhe propõe um desafio: Eve terá a chance de testar, em primeira mão, um software desenvolvido para manipular gens humanos. Ela poderá criar um namorado sob medida!

Mas brincar de Deus tem consequências, e agora Eve vai descobrir até que ponto existe perfeição.


Sabia muito pouco sobre “Eve & Adam” quando comecei a ler, e agora me felicito por isso. O livro vai se mostrando mais interessante a cada página, e justamente por isso sua leitura foi tão rápida e sem grandes percalços.

Nele, conhecemos Eve, que sofre um grave acidente e acorda no hospital com sua mãe – a bilionária fodona do ramo farmacêutico, Terra Spiker – berrando com o médico de plantão e responsável por cuidar de Eve, exigindo que ele dê a liberação para que ela leve a filha para ser tratada nos laboratórios da Spiker Biopharm.

O médico fica relutante, o acidente fora grave e Eve corre o risco de perder a perna, mas se tem uma coisa que sua mãe não aceita é ouvir nãos como resposta, e ela acaba transferida.

Nesse meio tempo ela conhece Solo, um rapaz que tem mais ou menos sua idade, o que faz dele alguém jovem demais para trabalhar na Spiker – a não ser que seja um gênio – e ele parece conhecer muito sobre o funcionamento do local. Enfim, Eve chega à Spiker e é tratada por uma equipe sempre solícita e interessada no estado de saúde “da filha”, mas ela imagina que toda essa atenção se deva ao fato de ser filha da chefe e herdeira de todo o lugar. Será mesmo?

A Spiker é um grande centro de pesquisa, com diversos andares, que meio que ganha carta branca para fazer tudo o que quer graças às suas pesquisas e desenvolvimentos de drogas que são fundamentais para o combate de doenças de terceiro mundo e epidemias com rápida disseminação. A Spiker salva vidas, muitas vidas, mas logo fica claro que coisas mais estranhas e cabeludas acontecem por ali.

Como personagem, Eve tem seus marcas, como o pai já falecido e o dom artístico herdado dele, ao mesmo tempo em que reconhece em si mesma um tom de voz meio mandão como o da mãe, sempre insatisfeita com seu comportamento e, em especial, sua amizade com Aislin.

Aislin, por sua vez, é o tipo de personagem que chega para descontrair, que é sarcástica e sabe como provocar a amiga para que ela se sinta bem, ao mesmo tempo que, de começo uma adolescente aparentemente bem resolvida, sofre com um amor bandido que vive a colocando em enrascadas.

Já Solo, bom, Solo é chato.

Eve começa a perceber que há algo de muito errado quando ela tem sinais de melhora em seus ferimentos em uma velocidade muito acima do normal. Nesse ponto a gente imagina que isso é meio óbvio, sua mãe a levou para um centro de pesquisas de ponta, deve ter aplicado nela alguma nova droga ou tratamento inédito e super-eficaz, mas isso não vem a ser algo meio ilegal? Bom, pode ser só a ponta do iceberg.

Para ocupar seus dias, Terra mostra a filha um projeto em desenvolvimento, que basicamente é capaz de criar a simulação de uma pessoa com um nível de detalhamento enorme mas requerendo apenas conhecimentos básicos de biologia do usuário. E aqui a palavra SIMULAÇÃO é muito importante. Como sabem, fazer humanos em laboratórios é algo que fere alguns conceitos éticos – e alarmam os religiosos.

Coloque uma adolescente presa em um laboratório, quase sem companhia, e com um histórico romântico longe de ser digno de nota e permita que ela simule um ser humano. Fica bem claro que ela vai optar por fazer “o namorado perfeito”. Ela dá a ele o nome de Adam.

A história nesse ponto precisa de uma grande dose de boa vontade para acontecer, e eu a dei sem pensar duas vezes. O livro todo funciona muito bem, os conflitos vão sendo desenhados, e até mesmo o chato do Solo ganha uma função que pode abalar as estruturas da gigante Spiker, e ele vê em Eve alguém que vai entender seus motivos e vai ajudá-lo a derrubar sua mãe, Terra, do pedestal onde vive.

Ok. Sem dar spoilers: há algo errado na Spiker, e Terra pode ou não ter algo com isso. Mas aí eu pergunto: os fins justificam os meios? Uma boa ação anula uma má? Pois, lembrem-se, o que a Spiker desenvolve em seus laboratórios salvam vidas, muitas vidas, então será que um deslize ético é motivo o bastante para destruir algo que salva pessoas?

Não sei, acho que, no lugar de Eve, eu pensaria bastante. Mas, claro, ainda há a questão namorado perfeito simulado em computador para lhe atormentar e não facilitar em nada sua vida. O livro é muito bom, e mais uma vez não entendo como pude deixá-lo por tanto tempo na estante. Vale muito a pena ler, e cheguei até a desejar que ele fosse um tanto mais longo.

 

Eve & Adam, de Michael Grant e Katherine Applegate (Eve and Adam, 2012Tradução de Carolina Caires Coelho, 2014) –272 páginas, ISBN 9788581635941, Editora Novo Conceito.

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{A-}

5 comentários:

  1. Adorei a resenha!
    Agora sim me convenceu a ler o livro!! Lerei em breve e sei que vou amar!!!
    Criar humanos em laboratório!! Preciso ler isso!!

    Bjks

    Lelê

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  2. Oi, Luciano!
    O livro me pareceu diferenciado, uma mistura de sci-fi e suspense. Também gosto da forma que foi incluída a genética orientada. Uma retomada de Adão e Eva?
    Muita coincidência o nome de um dos autores ter uma maçã no nome: Katherin Applegate. Não sei se é a mesma pessoa que escreve para crianças sobre animais.
    Boa semana!
    Beijus,

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  3. Como a Luma disse, parece um livro diferenciado. O tema me interessa, inclusive me remete ao episódio do Projeto Litchfield / Projeto Eva do Arquivo X. Talvez eu leia em e-book, tem?

    Abraços!!!

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  4. Essa é uma história tão simples, direta e fofa, adorei.
    A harmonia dos autores na escrita me ganhou.
    Sabe de quem eu gostei? Da Terra rsrs, foi ela que me surpreendeu.
    Espero que o próximo livro me apresente melhor o sr. perfeição: Adam

    E respondendo a Luma: sim, Katherin Applegate é autora da série infantojuvenil Animorphs.

    Beijos.
    Leituras da Paty

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  5. Essa é uma história tão simples, direta e fofa, adorei.
    A harmonia dos autores na escrita me ganhou.
    Sabe de quem eu gostei? Da Terra rsrs, foi ela que me surpreendeu.
    Espero que o próximo livro me apresente melhor o sr. perfeição: Adam

    E respondendo a Luma: sim, Katherin Applegate é autora da série infantojuvenil Animorphs.

    Beijos.
    Leituras da Paty

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Oscar