26 de janeiro de 2011

Encontro com a Morte [Resenha #005]

Encontro com a MorteHá muito tempo não lia nada de Agatha Christie, então ler Encontro com  a Morte  no Submarino (Appointment with Dead, 1938) e me reencontrar com a obra genial da escritora foi mais que um prazer. Logo nas primeiras páginas já se pode tirar uma conclusão – fato admirável em um livro da autora, mas que no decorrer do mesmo não se mostra errônea: não queria estar na pele dos Boynton. Os irmãos foram criados sob a forte influência de Mrs. Boynton, uma mulher dura, que havia trabalhado em uma carceragem, e, como logo se percebe, aplicou toda sua experiência na criação – ou alienação – dos enteados, e até mesmo da filha, com um método centenas de vezes pior que castigos físicos: torturando-os psicologicamente. A influencia de Mrs. Boynton é tão grande que seus filhos não ousam desafiar sua autoridade, tornando-se subservientes; inclusive Lennox, o mais velho, que apesar de casado ainda é mantido sob a “influência” da madrasta, o que desgasta seu casamento.

Durante uma viagem a Jerusalém, os Boynton, que viviam isolados na propriedade da família, sem contato com ninguém de fora,  percebem o quanto são diferentes das pessoas “normais”, e mostram-se extremamente nervosos com o fato, sem saber como agir ou lidar com situações tão corriqueiras quanto uma conversa com um colega de viagem. Num primeiro momento, esta é a principal motivação para que um assassinato ocorra, mas, em se tratando de uma obra da Rainha do Crime, nem tudo é o que parece, ainda mais neste romance, recheado de considerações acerca do estado e desenvolvimento emocional dos personagens – dois dos personagens mais recorrentes da trama são médicos, sendo um deles um psicólogo francês de renome internacional! Assim, uma viagem à Petra será o início de uma investigação para saber quem é o assassino – isso se o que houve foi mesmo assassinato – e Hercule Poirot, sim ele está presente!, tem apenas 24 horas para descobrir o culpado, se é que ele existe. O tempo até parece curto, mas, como disse o brilhante detetive belga,

A criminologia é, quanto a mim, a ciência mais fácil do mundo! Basta deixar o criminoso falar. Mais cedo ou mais tarde, ele diz tudo.

Encontro com a Morte é mais uma obra clássica da Rainha do Crime – adoro seus romances passados no Oriente Médio; quem não se lembra de Morte na Mesopotâmia  no Submarino ou Assassinato no Expresso do Oriente  no Submarino? – então não se deve falar muito, pois se pode estragar certas surpresas. O melhor é ler.

Prós

  • Quatro capítulos com a tradicional reunião de desfecho comandada por Poirot, onde ele enumera os motivos pelos quais cada um poderia ser o culpado, assim como os motivos pelos quais não poderia ser o assassino;
  • Personagens muito bem construídos;
  • O culpado é alguém que nem se imagina. Como quase sempre acontece nos livros da autora.

Contras

  • A conversa providencial ouvida por Poirot logo no início me pareceu um tanto quanto forçada para linkar o crime à investigação;
  • Final redentor demais. Por um momento me senti lendo Dickens;
  • Não chega a ser um defeito, mas o livro é bem curto.

Encontro com a Morte (Appointment with the Dead) Agatha Christie - Editora Record.

4

 

 

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3 comentários:

  1. Eu li assassinato no expresso oriente e O misterio do Caribe, e gostei agora vou ler O Inimigo Secreto, gosto muito das resoluções dos casos. Sua resenha ficou muito bem estruturada e dá gosto de ler. Beijokas elis!!!!!

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  2. Elis,

    Assassinato no Expresso do Oriente é um dos meus preferidos. Ainda quero ler, pelo menos, dois livros da autora este ano. Vamos ver no que dá.

    Beijos.

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