10 de fevereiro de 2011

O Cair da Noite, de Isaac Asimov e Robert Silvenberg [Resenha #007]

O Cair da NoiteKalgashi é um planeta iluminado por  seis sóis: Onos, Tano, Sitha e Dovim, Patru e Trey. Assim, seus habitantes não conhecem a escuridão, e a temem mortalmente, considerando-a a maior das aberrações.

“A Escuridão é a coisa mais antinatural do mundo.”

Mas, num planeta cuja órbita compreende seis sóis, será possível haver um único dia sem nenhum astro no céu? Um único dia de escuridão? A ciência diz que não, porém, os Apóstolos do Fogo, uma organização religiosa tida como extremista, e que vive em constante contradição entre seus conceitos e os defendidos pelos cientistas, afirmam disporem de muito mais informação histórica que estes, e que tal dia chegará, e a humanidade passará pelo juízo dos Deuses, sendo julgados por serem maus.

Para os Apóstolos, cujo porta-voz é Folimun 66, os Deuses dão aos homens 1 ano para que comprovem que vivem de acordo com seus preceitos. Ao final deste ano, caso a humanidade ainda esteja perdida em contradições e pecados, toda a raça é aniquilada pela ira dos Deuses. Porém este ano não é um ano comum, cuja duração fora definida através da ciência humana, mas sim o Ano de Divindade, que equivale a, mais ou menos, 2000 anos humanos. Devido às suas afirmações, os Apóstolos são vistos com um olhar cético por parte dos homens das ciências, mas e se tal dia chegar?

O livro, de Isaac Asimov   no Submarino e Robert Silverberg, é oriundo de um conto escrito por Asimov em 1941, considerado pelo Science Fiction Writers of America o melhor conto de ficção cientifica escrito antes da criação do Nebula Awards em 1965, narra uma história onde esse hipotético acontecimento finalmente pode acontecer, com grandes conseqüências para uma humanidade acostumada a viver sempre na Luz.

Os cientistas, Beenay 25, Athor 77, Siferra 89 e Sheerin 501, juntamente com o jornalista Theremon 762, ao se depararem com a certeza de que este dia é possível – e cientificamente explicável – passam a cogitar o que fazer, pois, se divulgam o fato, acabam por corroborar todas as afirmações até então feitas pelos Apóstolos; mas se não o fizerem, toda a humanidade estará condenada ao holocausto. Por outro lado, a revelação do eclipse por parte dos cientistas, embora confirmasse a ladainha dos apóstolos, joga por água abaixo a utilidade da seita, uma vez que não era preciso segui-los para ter consciência do que aconteceria: o que antes era descrito como um fato místico tornara-se um fato racional, explicável, o que só faz aumentar a animosidade entre os grupos.

Asimov e Silvenberg contam uma história envolvente com maestria que um título do grande mestre da ficção científica deve ter. Cada descoberta feita pelos cientistas, e suas implicações, põem a prova todo o conhecimento obtido até então, e, justamente por isso, não é visto com bons olhos. O desenrolar da trama, e, principalmente o final, é inesperado na mesma medida em que é plausível. Quando não se há alternativa, quando tudo o que consideramos como verdade cai por terra, o que se pode fazer? Asimov nos mostra que, apesar de toda intolerância entre grupos pretensamente rivais, e de toda a civilidade e valores criados pelo homem, nada resiste aos momentos de desespero.

O Cair da Noite (Nightfall, 1990), de Isaac Asimov e Robert SilverbergEditora Hemus.5

 

 

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6 comentários:

  1. Faz muito tempo que li um livro de ficção científica. Fiquei com vontade de ler este.

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  2. Olá Jair,

    Também sou fã de ficção científica. Mas me diga, como foi a leitura de Fahrenheit 451?

    Abraços.

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  3. Eu tenho um livro futuristico em casa, com uma capa parecida com esse ai, mas não me lembro o nome. Achei sua resenha muito interessante, espero uma hora poder ler esse livro.

    Beijokas elis!!!!!!!!

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  4. Elis,

    Esse livro foi um achado. Gosto muito de Asimov, mesmo tendo lido poucas obras suas, e O Cair da Noite já se desponta como um de meus livros preferidos. Vale à pena a leitura.

    Beijos.

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  5. Minha vida não faria sentido sem ler as obras de Isaac Asimov.
    Mestre em ficção científica!

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