22 de fevereiro de 2011

A Torre Negra Vol. 01: O Pistoleiro [Resenha #008]

O_PISTOLEIRO__A_TORRE_NEGRA_VOLI_1231101963PSempre tive dificuldades de ler Stephen King. Não sei bem a razão, mas sua narrativa não flui de um modo completamente natural quando o leio. Foi assim com Christine  no Submarino , que deixei de lado após umas 50 páginas, e foi assim com O Iluminado  no Submarino. Mas, apesar de tudo, me saí melhor com este: tive que avançar bem devagar, mas consegui concluir a leitura, e ainda senti um certo contentamento ao final. Sinal claro, ao menos para mim, de que tornaria a ler algo do escritor. Bem ou mal, parece que estou me adaptando à narrativa de King. Quase 10 anos depois, torno a ler uma obra sua, e gosto do resultado, lendo-a quase compulsivamente. Talvez a estranheza inicial tenha sido resultado da minha pouca maturidade para leitura de certas obras – como a de King, e de Martin Eden, de Jack London, que me pareceu bem mais agradável na segunda leitura, estando eu bons pares de anos mais velho. Mas isso não vem ao caso agora…
 
A Torre Negra Vol. 01: O Pistoleiro  no Submarino  narra a perseguição de Raymond Deschain, o último pistoleiro da linhagem de Eld, a um mago conhecido como Homem de Preto – também chamado Walter – pelo deserto Mohaine, por acreditar que este pode lhe dar indicações de qual é seu destino, que, na mente do pistoleiro, é encontrar a Torre Negra. Durante a perseguição, Roland encontra alguns personagens, e chega a imaginar que se tratam de artifícios do mago para lhe emboscar, apesar de, mais a frente, se envolver, de certa forma, e apesar de seu rígido código de conduta, com um garoto que terá papel importante do ponto em que surge em diante.
— Quero encontrar uma torre — disse o pistoleiro, pondo o cigarro sobre a manga do lampião e dando uma tragada. A fumaça foi carregada pelo início de brisa noturna. Jake ficou olhando. Seu rosto não revelava medo nem curiosidade, e certamente também não entusiasmo. — Por isso vou seguir caminho amanhã — continuou o pistoleiro. — Você terá de ir comigo. Sobrou alguma coisa daquela carne?
Como disse, o grande objetivo da vida de Roland – tratado, no livro, quase que somente por “pistoleiro” – é chegar à Torre Negra, lugar que seria um tipo de elo de ligação entre todos os universos e mundos. Um dos exemplos desses mundos e universos, podem ser vistos nos momentos em que os personagens falam de “Mundo Interior”, e, ainda, no caso de Jake Chambers, que morava em Nova Iorque antes de ir parar no deserto e ser encontrado por Roland; e logo depois, ao ser citado que existem outros mundos além daquele em que se encontram.
 
Um fato interessante é a total perda da noção do tempo, citada por Roland, como sinal da presença do mago na terra: os personagens não sabem dizer qual a quantidade de tempo decorrido desde determinado episódio: não conseguem contar os dias, e, em parte isso é explicado, também, pela imensidão do deserto. E, também, os flashbacks que dão mais informações sobre acontecimentos anteriores aos da perseguição ao Homem de Preto, o que lança luz à formação do caráter do pistoleiro. Assim ficamos sabendo, por exemplo, que ele fora treinado desde menino, seguindo regras de conduta moral medievais, para se tornar um pistoleiro.
 
Apesar de algumas comparações estranhas – mas que são inerentes a King – do tipo “Vulcões expeliam magma sem parar, como espinhas gigantes num feio adolescente.”, a história é muito bem contada, e a caçada do pistoleiro, mesmo sem ser, durante grande parte do livro, justificada, parece justa e necessária. Dos acontecimentos à seguir, que poderiam chocar aos mais puritanos – embora não acredite que puritanos leiam King – não me causaram estranhamento, afinal, o pistoleiro não é nenhum mocinho, e foca sua jornada, com surpreendente determinação nos seus objetivos. No fim, acabei me afeiçoando por Roland e sua busca. Espero encontra-lo em breve em A Torre Negra Vol. 02: A Escolha dos Três   no Submarino.
 
Tudo no universo rejeita o nada; sugerir um término é o único absurdo que existe.

A Torre Negra Vol. 01: O Pistoleiro (The Dark Tower I - The Gunslinger, 2003), de Stephen King – Editora Objetiva
3a
 
 
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8 comentários:

  1. Assisto a qualquer coisa que tenha sido baseada em King para o cinema mas nunca consegui terminar um livro seu pelo mmo motivo. Ah, um dia eu leio.

    abraço!

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  2. Vanessa,

    Acho que consegui me adaptar, mas a saga do Pistoleiro, a necessidade de saber como ele termina, ajudou bastante.

    Abraços.

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  3. É não é facil ler king...rsrs...eu li Jogo Perigoso, e demorei. Tenho uns 4 livros dele pra ler ainda, christine, A Coisa, A maldição do cigano e o iluminado, mas ainda não cheguei perto deles. Meu marido tentou ler Christine, mas desistiu, disse até que eu podia trocar se eu quisesse, e olha que para ele falar isso é que ele não gostou mesmo, porque ele não aprova as trocas de livro que faço...kkkk...Voltando a sua resenha, gostei muito de suas palavras, e também desse livro afinal o li em grupo e o achei interessante, pelo menos é melhor que Jogo Perigoso...rsrs...Uma dica: Acho o Joe Hill filho do king melhor, pois li A estrada da Noite e ameiiii...Beijokas elis!!!!!!

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  4. Elis,

    A história do pistoleiro me agradou, e estou motivado a seguir lendo-a. A dica está anotada, nem sabia que um filho de King escrevia, agora vou procurar algo seu.

    Grande abraço.

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  5. Luciano!

    Li sua resenha e fiquei com vontade de ler a coleção!
    Eu não gostava muito do King. O primeiro livro dele que li, Buick 8, é bem ruim. Pelo menos foi o que achei na época. Recentemente li Carrie e gostei bastante, deu pra virar fã!
    Quanto a dica da Elis, é muito boa!
    Joe Hill é um dos meus autores preferidos, li seus 3 livros já lançados, ele é ótimo! A Estrada da Noite está sempre em Promo no Submarino, vale a pena comprar. O Pacto também é perfeito!

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    1. Joelma,

      Também não gostei de King no primeiro contato, ele é um autor que exige perseverança. Tem um tempo - desde que a Elis me indicou - que quero ler Joe Hill, assim que possível comprarei algo dele ;)

      Grande abraço.

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  6. Eu vi essa resenha no "Poderá também gostar de" e vim ler porque já ouvir algumas pessoas dizerem que têm essa coleção como sonho de consumo literário e eu nunca sabia direito do que se tratava...

    Aline, melhor amiga, leu Carrie há uns anos atrás e até gostou, eu tentei ler, mas não levei a diante não por problemas narrativos, mas alguma coisa que não me lembro mais, talvez qualquer dia volte a ler... Mas já vi que A torre negra não faz meu gênero.

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    1. Pandora, eu quero continuar lendo a série, mas está difícil encontrar algue´m para me emprestar, e o preço dela é geralmente salgado, então....

      Eu tive muitos problemas com King, este desceu mais suave, até me cativou.

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