22 de março de 2011

Casey Heynes é um herói? - (Com vídeo atualizado)

Eu tenho 25 anos e jamais briguei em minha vida. Isso não quer dizer que eu seja uma boa pessoa. Quer, sim, dizer que durante grande parte da minha vida eu fui um fraco. Em minha classe eu era o garoto magro, alto e com uma cabeça desproporcional, que, durante os intervalos, preferia frequentar a biblioteca que jogar futebol na quadra do colégio. Eu era um alvo fácil, e jamais revidei. 

Em julho do ano passado, a Vanessa, do blog Fio de Ariadne, propôs, em seu outro blog, o Mãe é Tudo Igual, uma blogagem coletiva que tinha como objetivo principal discutir o fenômeno bullying. Em minha participação, postada em meu outro blog, afirmei que:

(…) A escola e seus responsáveis negligenciam as vítimas [de bullying] por mera questão de conveniência. Devido às constantes agressões, a vítima de bullying acaba por se anular no ambiente escolar, acreditando que assim não chamará a atenção dos agressores, ficando isolados e quietos em um canto. Ao menos onde estudei, este tipo de aluno, o que não atrapalha a aula e não reclama de nada é considerado o tipo perfeito, e tido como um anjo. Comigo foi assim.

Isso deixa a incômoda impressão de que os professores, que são aqueles que mais tempo passam em contato direto com os alunos, e por tabela os que deveriam diagnosticar certos problemas, não se importam com o que sente o aluno, desde que este não atrapalhe o andamento das atividades. Isto quando não são eles os infames “adjetivadores”, e os professores de Educação Física parecem ter um talento todo especial para isso (...)
Não retiro uma palavra sequer do que disse na ocasião.

Mas você pode se perguntar o motivo pelo qual um post com esta temática faz em um blog cujo foco principal são os livros. A explicação é simples: provavelmente você viu esse vídeo, que mostra um garoto gordinho de 15 anos sendo humilhado por um espertalhão. Muito provavelmente, você ficou surpreso com o desfecho da situação. Simplesmente não posso deixar a ocasião passar em branco, e acredito que muitos leitores e ratos de biblioteca podem ter sido vítimas de bullying em algum momento de suas vidas.

O vídeo correu o mundo e suscitou as mais diversas reações: desde o apoio incondicional da maioria daqueles que o assistiram, até a repreensão de pedagogos e estudiosos do sistema educacional. Antes de ter uma opinião concreta, acho imprescindível que se assista ao vídeo abaixo, onde Casey Heynes, o garoto que durante boa parte de sua vida sofreu nas mãos dos agressores, conta sua história.




O que eu posso dizer? Apesar de abominar atos violentos, Casey é meu herói. Um amigo me disse agora a pouco, que também adoraria ter feito o mesmo com seus agressores, e também adoraria voltar aos tempos de escola e fazer com que tudo tivesse corrido de forma diferente. Casey conseguiu reagir, e muitos, como eu, podem chamá-lo de herói, mas, como todos desta categoria, seu caminho não foi fácil, e mesmo o suicídio chegou a ser cogitado. 

Assim como acontece com muitas vítimas, seu pai não tinha ideia do que ele passava no ambiente escolar,  e se disse surpreso ao descobrir o fato. A escola, por sua vez, se diz terminantemente contra atos de violência, e suspendeu os dois garotos; porém não diz que medidas adotará para que outros alunos não passem pelo que Casey passou. Ironicamente, as escolas tem muito a aprender.

Para os que dizem que glorificar sua reação pode torná-lo uma pessoa violenta, como se se tivesse mostrando a ele que o crime compensa, destaco as palavras de seu pai, que aparenta ser uma pessoa muito ponderada, quando questionado se sente orgulho de seu filho pelo que ele fez:

Tenho muito orgulho dele. Orgulho porque ele se defendeu. O colocaram contra uma parede, não deram nenhuma escolha. Ele teve que fazer. Ele tinha que se defender.

e também as do próprio Casey, quando o repórter pede que ele mande uma mensagem a todos aqueles que sofrem bullying
Foque nos dias bons. Mantenha o queixo erguido. A escola não irá durar para sempre.

Sim, Casey Heynes é meu herói!

*

Você pode ver a lista de participantes da blogagem coletiva proposta pela Vanessa aqui. Não deixe de ler a excelente participação da Luma, do Luz de Luma

Lembram-se de Boo, o garoto que foi vítima de bullying por usar uma fantasia da personagem Daphne durante o halloween? Leia o artigo escrito por sua mãe, ou aqui, traduzido pelo blog Mulher 7 por 7.

E da pequena Katie Goldman, que também foi vítima de bullying, mas por ser fã de Star Wars? Veja o artigo escrito pela mãe adotiva de Katie, ou aqui um apanhado geral traduzido. E ainda, aqui você vê parte do desfecho desta história.

Notícias sobre bullying, infelizmente, não são raras. Você pode acompanhá-las aqui. 

8 comentários:

  1. Virei fã desse cara, o filho do Zangief. Ele fez o que tinha que fazer, se defendeu. Foi brutal, mas necessário. Abraços.

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  2. Guilherme, eu concordo com o que o pai dele diz no vídeo: não deram escolha a seu filho, ele teve de se defender.

    Abraços.

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  3. Ba bem na minha vez de assistir, o you tube alega que o video foi removido porque viola a politica deles...fazer o que.....mas pelo jeito ele já deu muito o que falar......beijokas elis!!

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  4. Luciano

    Sempre bom voltar a este tema. Brilhante a sua citação. A participação da Luma é fantástica.
    Pena que não consegui ver o vídeo do Casey Heynes pois foi retirado.

    Sempre bom estar por aqui

    Beijos

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  5. Elis,

    Encontrei uma outra versão traduzida do mesmo vídeo, agora dá para acompanhar, ao menos até que este também seja deletado, rs.

    Abraços.

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  6. Olá Irene,

    Mais do que nunca é necessário que se discuta o tema, dando a ele a devida importância. Atualizei o post com outro vídeo, agora dá para acompanhar.

    Abraços.

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  7. Wow!! Obrigada pela referência!!

    Luciano, os professores podem até não saber o que acontece fora da sala de aula, o que acho pouco provável, mas um cantineiro ou mesmo um bedel, sabem! As escolas preparadas para ouvir os casos de bullying jamais confrontará quem denuncia e o que vemos? Os colegas são omissos e toda a administração escolar. Em muitos casos, os que sofrem agressão não contam para os pais, porque estes não aceitam o filho levar porrada - o pai de Casey foi politicamente correto perante as cameras, mas deve ter sentido gosto em ver o filho revidar. Esse menino virou herói, porque as vítimas de bullying se sentiam sozinhas, sem saber a quem recorrer - agora, imagina se todos começarem a revidar? ;) As escolas precisam ser mais punitivas contra esses agressores. Beijus,

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  8. Luma,

    Também não acho que um levante seja o melhor para se resolver o problema. Ainda sou da opinião de que a conscientização é o melhor caminho. Este frisson todo está acontecendo por não se ver todo dia uma vítima revidando. No fim, apesar de muitos terem se sentido vingados, a vitória de Casey foi só dele, e, talvez, apenas em uma batalha.

    Beijo.

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