Este é o primeiro post do Meme Literário de Um Mês, proposto pela Tábata, do Happy Batatinha (falei sobre ele aqui), e começamos falando do que estamos lendo no momento.
Estou lendo Ganhando Meu Pão, segundo livro da trilogia autobiográfica de Maksim Górki, um de meus escritores favoritos. O livro fala sobre sua vida, mais ou menos a partir do ponto em que está entrando na adolescência, e mostra com uma realidade às vezes doída como era viver – e em especial ser criança – na Rússia daquele tempo.
Na ponto onde estou, Górki tem de deixar a casa da avó materna, por quem nutre um grande amor – que é plenamente correspondido – para ir morar na casa da tia-avó e aprender com o filho dela, arquiteto, uma profissão. É uma mudança drástica. Para se ter ideia, em uma visita a um bosque onde sua avó recolhia ervas e cogumelos para vender, Górki se sente apaixonado e conectado com a natureza, como diz no seguinte trecho:
A floresta despertava em mim um sentimento de aconchego e paz de espírito; nesse sentimento, desapareciam todos os meus pesares, esquecia tudo o que era desagradável, e, ao mesmo tempo, aguçavam-se em mim, particularmente, os sentidos em expectativa: o ouvido e a visão tornavam-se mais penetrantes; a memória mais sensível; o campo das impressões mais profundo. – Página 72.
Chegando à casa de sua tia-avó, percebe que sua vida não será fácil, e é constantemente maltratado e feito de empregado. Em decorrência disso, seu humor muda consideravelmente, chegando perto do desespero:
Às vezes, pensava: tenho que fugir! Mas era um inverno maldito, as tempestades de neve uivavam noite após noite, o vento remoinhava no sótão, os caibros estalavam, comprimidos pelo frio: fugir para onde? – Página 99
Até o momento parei aqui. Górki sofreu como poucos, mas, também como poucos, conseguiu absorver o que se passava ao seu redor, sentindo-se, por exemplo, atraído pelas ruas da cidade, pelos sons, cheiros, sensações; que o marcaram fortemente, como ele diz em determinado momento:
(…) o trabalho do cérebro na infância deposita-se sobre a alma por meio de cicatrizes demasiado profundas; muitas vezes elas não se fecham a vida inteira. – Página 102
Talvez – e é horrível pensar assim, ao mesmo tempo em que é uma consideração perfeitamente lógica – fora tantas privações que formaram um dos mais brilhantes escritores russos de todos os tempos.
A quem interessar possa, estou lendo a edição lançada pela Cosac Naify, que, diga-se de passagem, é bastante caprichada, com um acabamento perfeito, com orelhas enormes (se fosse a chapeuzinho, aqui eu diria: vovó, mas que orelhas grandes você tem!), e não sei qual o material da capa, mas é meio aveludado e bastante agradável ao toque. A tradução é de Bóris Schnaiderman.
Completam a trilogia, o volume 1: Infância; e o volume 3: Minhas Universidades.
A lista completa dos participantes do primeiro dia pode ser vista aqui.
Olha só eu não conheço teu autor predileto, vou pesquisar mais sobre ele. Gostei destas citações que tu elegeu para post.
ResponderExcluirestrelinhas coloridas...
Mi,
ResponderExcluirTomara que se apaixone por Górki, ele é um escritor que merece ser bem mais lido do que é aqui no Brasil.
Beijus.
Eu também não conhecia Górki. Parece maravilhoso! :) E eu que não tinha teu blog no meu Greader? Tá indo pra lá agora! ;)
ResponderExcluirSmacks pra ti! ;)
Tábata, quando puder leia Górki, torço para que também se apaixone.
ResponderExcluirBeijus.
Nossa nunca ouvi falar desse livro e nem que era uma trilogia, fiquei curiosa, parece uma leitura bem agradável...\o/...gostei dos quotes escolhidos...beijokas elis!!!!!
ResponderExcluirElis,
ResponderExcluirGórki não é tão conhecido quanto outros autores russos, como Dostoiévski e Gogól, por exemplo, mas escreve tão bem quanto, senão melhor. Vale a pena conferir.
Beijos.