29 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo Cabret [Resenha #040]

imageSinopse: Hugo Cabret é um menino órfão que vive escondido na central de trem de Paris dos anos 1930. Esgueirando-se por passagens secretas, Hugo toma conta dos gigantescos relógios do lugar: escuta seus compassos, observa os enormes ponteiros e responsabiliza-se pelo funcionamento da máquinas. A sobrevivência de Hugo depende do anonimato:ele tenta se manter invisível porque guarda um incrível segredo, que é posto em risco quando o severo dono da loja de brinquedos da estação e sua afilhada cruzam o caminho do garoto. Um desenho enigmático, um caderno valioso, uma chave roubada e uma homem mecânico estão no centro desta intrincada e imprevisível história, que, narrada por texto e imagens, mistura elementos dos quadrinhos do cinema, oferecendo uma diferente e emocionante experiência de leitura.

 

Quando começou todo o barulho por causa do novo filme do Scorsese, Hugo, li as primeiras informações e em minha cabeça ouvi um estalo de que aquilo me era familiar, mas não sabia ao certo o motivo. Até que li uma sinopse, vi que era baseado em um livro e tudo se encaixou – nada mais apropriado tendo-se em conta que o livro é um hino à horologia.

Se não estou redondamente enganado, meu primeiro contato com o livro aconteceu em 2010, quando estava trabalhando em um setor diferente do qual sou concursado – coisas da vida – e que era vizinho à biblioteca municipal. Bons tempos aqueles, com livros tão perto. Passeando certa vez entre as estantes, um livro me chamou a atenção. Peguei-o e, para minha surpresa, havia muitos, mas muitos desenhos, quase todos em páginas duplas, que, pelo que pude perceber naquele dia, ajudavam o autor a contar a história. O trabalho realizado pela Edições SM, totalmente desconhecida para mim até aquele momento, me encantou, mas acabei trocando-o por  “Um Conto de Duas Cidades”, de Dickens.

Agora, quase dois anos depois, o filme do Scorsese é um sucesso, emocionou meio mundo, me lembrei do livro, e parti em sua busca. Pra começo de conversa, com o livro em mãos, passei por suas mais de 500 páginas em dois finais de tarde. Selznick escreve muito bem, sabe contar uma história de uma forma maravilhosa, e não consigo descrever o quanto as ilustrações são importantes nesse processo todo: em Hugo Cabret, elas não acessórias à história, tampouco complementares. Elas são a história, ditam seu ritmo, seu sentimento.

Logo no início um dos personagens nos pede para encarar um livro como se fosse um filme; que começássemos sua leitura imaginando que estamos no escuro do cinema, poucos segundos antes de o filme começar. Com o desenrolar dos acontecimentos, entendemos de forma mais clara o por que deste pedido, e que assistiu ao filme bem o sabe: é uma grande homenagem a arte de se contar histórias, e Selznick soube muito bem como fazê-la.

Utilizando de pouco texto – comparativamente ao tamanho do livro, são 533 páginas – e muitas ilustrações, ele consegue nos atingir direto no peito, nos deixa sem ar e sem defesas frente a atração que a história do pobre menino nos exerce. Tenho um fraco por personagens órfãos, eles costumam me impressionar mais que o normal, principalmente quando lutam pelo que querem, e não ficam resignados, encostados em um canto reclamando de sua má sorte.

Hugo é dos que lutam, e a cada página, a cada nova informação sobre ele somos impelidos a admirá-lo ainda mais, e a torcer convictamente pelo sucesso de sua empreitada. Não são poucas as mudanças pelas quais passa, mas sempre teve em seu íntimo um fio de esperança, que o manteve seguindo em frente.

Não vou falar dos outros personagens, já está sendo difícil não soltar um spoiler, basta dizer que existem os que atrapalham e os que ajudam, além daqueles que nos surpreendem, e muito. Acredito, a leitura de “A Invenção de Hugo Cabret” será única para cada pessoa, dependendo, fundamentalmente, da forma como ela absorverá a mescla de texto e ilustrações.

Quem puder ler, leia, Se puder comprar ainda melhor, é um livro para se ter na estante, e, de vez em quando, admirar suas páginas para se lembrar de como contar uma história pode ser um ato tão sublimemente executado.

Sabe, as máquinas nunca têm peças sobrando. Elas têm o número e o tipo exato de peças que precisam. Então, eu imagino que, se o mundo inteiro é uma grande máquina, eu devo estar aqui por algum motivo.

- Página 378

A Invenção de Hugo Cabret (The Invention of Hugo Cabret, 2007Tradução de Marcos Bagno) Brian Selznick – 533 páginas, ISBN 9788576752035, Edições SM.

{A+}

15 comentários:

  1. Ah esse está na minha lista, adorei tua resenha ;)
    Tem toda uma comoção agora que o livro está no cinema, mas nem vou ir ver antes de ler hehehehehe...
    estrelinhas coloridas...

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    1. Mi, agora que li o livro me sinto mais à vontade para assistir ao filme, o inverso me incomoda e quase sempre me decepciona, rs; então agora estou bem ansioso para ver como ficou ;)

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  2. Ah, vou ser bem sincera: só conheci esse livro quando o filme foi lançado e não me chamou atenção. Agora com essa tua resenha eu até que fiquei mais animada pra procurar lá na biblioteca da escola!!


    Ah, se quiser conhecer (e seguir) meu cantinho: jeito-inedito.blogspot.com
    Um beijo,
    Gislaine
    P.S: Já estou seguindo aqui!

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    1. Olá Gislaine, o livro é muito bom, vale a pena ler ;) Indo conhecer teu cantinho,rs. :)

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  3. Luciano, só fiquei sabendo da existência do livro por causa do filme. Fugindo um pouquinho da ideia central do post; não foi coincidência que os dois filmes mais premiados do Oscar fazem homenagem ao início do cinema. A tecnologia quando usada em excesso, cansa!
    Li os 3 primeiros capítulos (1, 2 e 3) e encomendei o livro.
    Bom fim de semana! Beijus,

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    1. Luma, concordo com você, filmes "normais", com uma boa história, sem efeitos mirabolantes, costumam chamar bem mais minha atenção. Espero que goste do livro, pra mim ele foi muito especial ;)

      Beijos.

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  4. Dei uma olhada nesse livro na Saraiva e simplesmente me apaixonei! Está na minha lista de leitura sem dúvidas!

    Beijão

    Lu Tazinazzo
    http://aceitaumleite.blogspot.com

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    1. Lu, quero muito comprar um exemplar dele para ter na estante, é um livro maravilhoso, estou certo de que vai gostar dele ;)

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  5. Que legal que uma biblioteca pública tinha um livro novo desses! Na minha cidade isso não acontecia NUNCA! rs
    Eu também não conhecia essa editora SM, mas a Nanie (do blog Nanie's World) me disse que é um selo da Larousse.
    A sua resenha e na dela tem um ponto em comum, vocês dizem que as ilustrações fazem parte da história. Deve ser legal ler um livro assim.
    E a sua predileção por órfãos não seria pelo fato de ler Dickens demais, seria?! rs
    Adorei a citação, é daquelas frases que mais parecem um provérbio.

    =)

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    1. Joelma, a biblio daqui é bem servida de lançamentos, fato que também me surpreende, rs. Então, sou grande fã de Dickens, e ele sabia muito bem como narrar a história de órfãos, talves seja mesmo por este motivo que eles me toquem tanto.

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  6. Li o livro em duas horas é uma estória apaixonante, daquelas que a gente não consegue para de ler e quando termina quer ler de novo e de novo... Vou assistir o filme, mas nada supera o livro... Leiam vale a pena...
    Tete

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    1. Também quero muito ver o filme, mas não tenho a ilusão de que conseguirá superar o livro. O livro é perfeito, todos deveriam ler!

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  7. quem é o antagonista e personagens secundarios

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  8. Alguém tem esse livro para me vender ? Meu filho esta precisando para a escola.
    Obrigada.

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Oscar