4 de julho de 2012

Smash – 1ª Temporada [Séries]

Smash

Nunca gostei de musicais, nem mesmo dos clássicos, como Grease ou o premiado Oliver Twist, tampouco achei Hairspray bonitinho – na verdade nem cheguei a terminar de assistir. O gênero em si nunca me atraiu e enquanto todo o mundo se abanava com os adolescentes de High School Musical e, mais recentemente, Glee, passei longe das modinhas. Mas resolvi dar uma chance para Smash, pois tinha a produção do Spielberg, a Anjelica Huston estava no projeto e o formato me lembrava o de Som & Fúria, que teve vida curta na Globo.

 

Criada por Theresa Rebeck, a série se propõe a narrar os bastidores de um musical, abordando todas as suas etapas de produção: concepção do tema, criação do roteiro, composição das músicas, escolha dos atores, diretores e arrecadação de verbas de financiamento, entre outras, e os desafios e dificuldades implícitas em cada uma delas.  Nesta primeira temporada, o tema foi um musical sobre Marilyn Monroe.

Falando sobre o meio artístico, não poderiam deixar de estar presentes os personagens arquétipos dele, como a bonitona má que quer o papel principal, a mocinha do interior que busca uma chance na cidade grande, o diretor zangado que explode sem aviso prévio, o assistente que sonha em ser produtor e não mede esforços para conseguí-lo e o compositor que se envolve com um dos dançarinos. Não estou sendo preconceituoso, mas é que fica parecendo que, em todos os trabalhos do gênero, vamos encontrar sempre os mesmo tipos de personagens, e você fica um pouco frustrado quando percebe que estava certo.

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Em Smash isso também acontece: Ivy (Megan Hilty) é a bonitona que quer ser a Marilyn e não mede esforços para isso, usando todos os seus dotes para conseguí-lo, apesar de ter talento de sobra e uma certa carreira fazendo musicais. Já Karen (Katharine McPhee) é a mocinha do interior que parte para a cidade grande em busca do sonho. É tida como “tolinha” pelo restante do grupo, pois ainda tem o jeitinho de moça de cidade pequena, não possui vícios e não usa de seu corpo para conseguir um bom papel. Justamente por isso, logo nos primeiros minutos somos levados a gostar e torcer por ela. Ao menos eu não encontrei muitos #teamivy por aí…

Mas Ivy não é de todo mal. Retifico; ela é, mas há uma explicação até aceitável para isso: sua mãe é uma conhecida e premiada atriz de musicais, que sempre forçara a filha a dar o melhor de si, fazendo questão de humilhá-la sempre que ela não consegue. Isso torna Ivy bastante insegura. Sendo assim, a alternativa que ela tem para não se deixar vencer pelos outros é também jogar psicologicamente com eles, assim como sua mãe faz com ela.

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Nos primeiros episódios Ivy e Karen disputam o papel de Marylin, e a tensão da indecisão sobre quem ficará com ele mantém o interesse na narrativa, mas ele cai assim que os produtores tomam uma decisão, e o telespectador pode se decepcionar com ela. Claro que Ivy não perde tempo e faz de tudo para tirar Karen de seu caminho, pois mesmo a outra sendo inexperiente, ela a considera como uma rival perigosa. Elas ficam nessa de “inimigas” até que uma inusitada amizade – ou seria cumplicidade? – surge entre as duas, mas, aprendemos logo, no mundo do entretenimento as coisas acontecem de modo diferente, e nem sempre são o que são!

A série é salva desse marasmo com a chegada de Rebecca Duval, ninguém menos que Uma Thurman (#todoomeuamor) que interpreta uma estrela de cinema que é convocada para a peça com a finalidade de: a) os produtores conseguirem dinheiro para financia o musical, apoiando a produção na figura de uma atriz conhecida pelo público; e, b) Rebecca conseguir alguma notoriedade como uma atriz de verdade, e deixar de ser apenas mais uma estrela do cinema fabricada pela mídia.

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Claro que Rebecca não sabe cantar – na verdade ela tem uma voz sofrível – tem alguns ataques de estrelismo, e milhões de sugestões para a produção, pois estranha o andamento do musical, acostumadas com o modus operandi do cinema. É o melhor momento da série, trás um novo ar, novas perspectivas, tirando o foco da batalha velada entra Karen e Ivy, assim como, ironicamente, a figura de Thurman acaba tendo a mesma finalidade para a série que seu personagem, Rebecca, para a produção do musical: agregar valor com a presença de um nome conhecido.

Mas não posso deixar de citar Anjelica Huston (#todoomeuamor pra ela também) sempre impecável, quase um oásis em meio ao deserto de mesmice no qual a série se coloca em algumas situações; e também a trilha sonora, com algumas músicas realmente boas, como History Is Made At Night e Mr. & Mrs. Smith, além de um cover bacana de Shake It Out. Vale a pena procurar pela trilha sonora.

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Contando os bastidores de uma produção, claro que os dramas familiares também teriam de ser narrados. Os relacionamentos e o dia-a-dia de cada personagem não atrapalha o andamento da série até mais ou menos a metade da temporada, quando Theresa Rebeck se perde e tudo vira um dramalhão só: temos um filho rebelde e drogado, uma mãe adúltera que faz este filho ficar ainda mais revoltado, uma separação, ciúmes, mimimis e tanta coisa que não deveria dizer respeito à história ou que não foi bem utilizada que a série perde o rumo, tornando-se mais sobre a vida dos personagens que sobre a produção do musical em si; e fez Theresa perder o cargo de frontwoman para a segunda temporada, já confirmada.

Espero que estes pequenos problemas sejam corrigidos. Apesar de não atrapalharem de forma efetiva ou irreparável, gostaria que na próxima temporada o foco fosse direcionado para a produção. É interessante, e nos ajuda a perceber e valorizar tudo o que se produz culturalmente. Nada é de graça ou vem ao público sem esforço. Vale assistir.

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Créditos da série aqui.

3 comentários:

  1. Admiro quem consegue ir até o fim assistindo uma coisa que não gosta muito! #Fato

    Eu sempre fui uma nerd mais focada na leitura ou em animes, então voo quando o assunto é cinema, música e séries de tv, claro gosto de ler a respeito dessas coisas a titulo de agregar conhecimento, mas confesso que para que eu acompanhe uma série ela precisa me cativar muito.

    Cheros Luciano.

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    Respostas
    1. Pandora, mas eu gostei de Smash ;) é que às vezes critico bem mais o que gostei do que o que eu não gostei, rsrs.

      Eu sou fã de séries, me mantém ocupado nas madrugadas.

      Beijos ;)

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  2. Eu tentei começar a ver a série, mas sou tão enrolada que perdi todos os horários e, quando vi, a temporada já estava no fim. Sou uma desgraça! Queria ver porque gosto de musicais, e precisava matar a saudade da minha musa Angelica Houston. O fato de Spielberg estar envolvido também me chamou atenção. Não curto a Uma Thurman (como alguém se chama UMA? O.o), mas a série parece ótima!

    Abraços

    Lu Tazinazzo
    http://aceitaumleite.blogspot.com.br

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