25 de outubro de 2012

O Escolhido – Legado [Resenha #078] [Booktour]

O Escolhido - LegadoSinopse: Depois de uma guerra, Avan, um mundo dominado pelos humanos mas que tem por lideres os fays, criaturas fantásticas que protegem a terra e os homens, seus inimigos, outrora amigos, chamados de os destruidores conseguem levar o mundo a ruína e ao medo por vários anos. Inocentes perdem suas vidas e sua fé. As esperanças são nulas até que algo inesperado como amor entre uma destruidora e um fay acontece e mostra ser mais forte que qualquer guerra. Mas existe um preço, aqueles que por amor morreram, não se livrarão das sombras do mal tão fácil. Anos depois o reino principal se vê novamente cara a cara com o mal, e teme que os destruidores não foram vencidos, e partem em busca de esperança, de um fay, o ultimo que sabem estar vivo para leva-los a esperança, e quem sabe encontrar o legado do fay e da destruidora. Surge na historia Ike e Neo dois jovens misteriosos que se juntam a causa de Avan, pois apenas eles conseguiram ficar cara a cara com a fera, o monstro que todos temem. Mas a sonhadora Ana seria a chave principal, com seu amor, sua esperança, e sua crença nos fays, mostrando que sonhar não é errado, e que devemos sempre sonhar, e provar que o amor é mais forte que o ódio. Com uma mistura de romance, aventura e mistério, O Escolhido não só prova que nossas escolhas são importantes, se nós lutarmos por um propósito maior que nós mesmos, jamais perderemos a batalha que travamos dentro de nós.

Este ano tenho tido boas surpresas com autores nacionais. Durante muito tempo negligenciei nossa literatura e lia somente a estrangeira. Tudo mudou quando conheci José Lins do Rego, que me mostrou que autores brasileiros podem sim ser bastante inventivos e cativantes. Mas de lá para cá, e pensando comparativamente, pouca coisa caiu em minhas mãos, e igualmente poucas me agradaram completamente.

Quando a Daniele, do O Gato Leitor, me convidou para participar deste booktour, pensei duas vezes, pois minhas lembranças do último não eram assim tão boas, e acabei com uma péssima impressão das editoras que vendem as publicações de livros. Mas porque não tentar?

E que bom que aceitei. O Escolhido – Legado, trás uma fantasia medieval que conta a história de um reino onde humanos conviviam com duas raças de seres fantásticos, os fays e os destruidores. Essas duas raças são o oposto uma da outra: compartilham a mesma fonte de poder, chamada de Nix, e enquanto os fays são bondosos e amigáveis, os destruidores se fortalecem com o medo e desespero humano. Uma guerra sobrevém, fays se aliam aos humanos e derrotam o rei dos destruidores, mas para isso o amado rei fay, Leon tem de sacrificar juntamente com sua esposa, uma destruidora que se redimiu. Os humanos remanescentes, além de terem de lidar com a morte do rei, sentem o peso da perda de seus filhos, que herdariam ao trono mas são perdidos durante a batalha final, e os outros fays deixam de habitar Avan.

A história é interessante e bem desenvolvida: existe uma lenda antiga, seres mágicos, uma profecia e um tanto de pessimismo no ar, em parte vindo do sentimento de perda que todos tem, seja por seus parentes e amigos mortos durante a guerra, seja pela tragédia do rei e seus filhos. A autora tem o mérito de ter criado uma ambientação competente, e, mais que isso, bastante possível considerando se tratar de uma fantasia. Sem contar com os personagens carismáticos, com histórias pessoais que constroem de forma completa cada um como indivíduo, sem que ninguém pareça perdido em meio aos acontecimentos.

Uma das coisas que mais me agradaram foi o início típico de um RPG: com a apresentação de cada personagem até que são unidos para um objetivo comum: Ike, Neo e Ana. Ike foi criado por uma trupe de ladrões, Neo por um pacífico fabricante de velas, e Ana, que fora criada pelo avô, Han, após a morte do pai. A formação deste grupo também remete aos jogos de tabuleiro, assim como a jornada a que terão de fazer. Está certo que este esquema não é novidade – O Hobbit, O Senhor dos Anéis, e, de uma forma inversa, mesmo Cães de Aluguel, do Tarantino, se utilizara do sistema, mas ele caiu bem aqui.

Não é preciso ir muito longe para saber quem são Ike e Neo – a sinopse já entrega fácil – mas o truque da autora é brincar com os personagens na medida em que você não os conhece completamente, ficando em dúvida sobre o que e quem realmente cada um deles realmente é.

Mas nem tudo são flores: algumas palavras estão grafadas erradas, mas nada que estrague a experiência. O que realmente trava um pouco leitura é a formulação das frases, que parece um pouco estranha principalmente no inicio, mas que melhora um pouco no decorrer da leitura, sem, no entanto, parecer natural.

Outro ponto é a repetição: cheguei a contar uma mesma palavra aparecendo quatro vezes em uma frase, isso quebra o ritmo e faz você se desconectar da história, e essas perdas de climas às vezes são difíceis de recuperar. Fica a impressão de que faltou uma lapidada no texto, alguns ajustes para que ele ficasse mais limpo, redondo, fácil de ler.

A autora, Juliana Walker, possui um enredo atraente, personagens cativantes, e um mundo de fantasia que muito pouco fica devendo a grandes títulos. O potencial é enorme, e com um cuidado maior de edição não tenho dúvidas de que Avan se tornará mais um belo mundo de fantasia para se visitar.

 


O Escolhido – Legado
, de Juliana Walker (2011) 302 páginas, ISBN 9788564469686 Editora Dracaena.

{B-}

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24 comentários:

  1. Creio que a sinopse do livro já mostra muita coisa: o enredo é interessante e diferente, mas faltam vírgulas e um refinamento que não faça com que o texto fique apenas um emaranhado de ideias. Dessa editora, só li Roque Neto, que amei! Mas entendo sua desconfiança com editora sob demanda.

    Outra coisa que me chamou atenção nesse livro é que a capa me lembra muito a série Millennium, e a Dracaena já foi apontada por plágio em algumas capas, por isso é bom sempre ficar de olho. Mas enfim...

    Abraço!!!

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    1. Lu, não tinha ligado as capas, mas é verdade, lembra mesmo.

      Minha outra experiência com livros sob demanda foi bem pior, mas muito ruim mesmo, mas não livra esta de problemas. Mesmo na sinopse já se pode perceber que o texto é um pouco estranho, enfim, rs, mas passando por cima disso - não sem algum esforço - há uma boa história lá.

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  2. Caramba, eu andava com esse pré-conceito também, mas depois que li Lagoena, descobri que os autores brasileiros tem um potencial e incrível e muitas vezes são subestimados. É difícil encontrar livros de fantasia nas estantes de livros brazucas, mas acho que quando encontramos um, tempos que agarrar a oportunidade de ler pois sempre nos surpreendemos. Nunca tinha ouvido falar desse livro, mas adorei conhecê-lo.

    Tudo Tem Refrão

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    1. Ágata, pois é, é preciso provar para saber o quanto são capazes nossos autores. O livro é bastante interessante, vale a pena ler ;)

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  3. Uau, amei a resenha... eu adorei o livro e concordo com cada uma das críticas construtivas, se bem lapidada a autora pode ser um grande talento da literatura brasileira, super potencial ela já tem ;)

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    1. Daniele, acho que se isto for feito o livro terá um excelente caminho pela frente. Obrigado pelo convite para participar do booktour.

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  4. Adorei a resenha, muito sincera, adoro isso, me ajuda muito!!
    E não sou mais autora da Dracaena, então, agora bola pra frente, que tenho muito a arrumar, e muito a escrever!!!
    beijos
    Juliana

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    1. Olá Juliana ;)

      Obrigado pelo comentário. Espero que tenha muito sucesso em sua caminhada, e já fico ansioso pelos próximos projetos.

      Beijos.

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  5. Oie,
    Que bom ver essa resenha por aqui, terminei de ler esse livro a pouco e saber que o leu me deixa feliz, e nem preciso dizer que concordo com cada palavra escrita.

    Beijokas Elis!!!!

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    1. Elis, vou lpa ver sua resenha ;) apesar dos problemas eu gostei do livro.

      Beijos.

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  6. Acho que boa parte dos leitores tem esse receio da literatura brasileira. Já me decepcionei com alguns, adorei outros. E assim vou levando. rs

    Uma história medieval. Bem legal. Tem bastante tempo que não leio leitura do gênero. Quem sabe este livro, não seja uma ótima pedida.

    Lendo os comentários, também achei a capa parecida com as de Millennium. Até pensei que era a resenha de algum livro da trilogia.

    Excelente resenha!

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    1. Lucas, infelizmente a gente ainda tem que manter uma certa reserva quanto ao tema, e muitas das vezes temos razão. Se conseguir deixar em segundo plano os problemas do livro, ao final terá uma obra muito interessante.

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  7. Luciano

    Que bom ver que ulrapassou essa barreira quanto a literatura Nacional e pela resenha apesar de alguns tropeços foi uma leitura que agradou. Vejo que muitos autores nacionais partem para escrever sobre fantasia.

    Fiquei muito curiosa e quem saber arrisco em ler quando o tempo estiver a meu favor.

    Òtima resenha e sabe que fã delas. Um aprendizado constante.

    Beijos
    Irene

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    1. Irene, com uma revisão mais aprofundada o livro desce bem, é uma história interessante, vale a pena ler.

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  8. Todos os problemas que você elencou Luciano, nós encontramos facilmente nos livros da Dracaena, não li, até hoje, uma resenha dos livros da editora nas quais esse tipo de problema não seja elencado. Me parece que eles não investem na revisão do texto. #ProntoEsculachei

    E sim, eu costumo ler autores nacionais, gosto muito desse tipo de experiencia de leitura. Nunca participei de booktour, acho que o primeiro vai ser o da Anna.

    E sim [2], como sempre uma resenha impecável.

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    1. Pandora, e pelo que me consta, revisão é um dos itens dos quais a editora se encarrega nestes casos, mas daí nos chega às mãos um livro ainda sem lapidar. Vai entender.

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  9. Eu também tenho um pé atrás com editoras que vendem a publicação de livros! Penso duas vezes antes de comprar um livro da Dracaena ou da Novo Século. Sei lá, sei que editoras nesse estilo ajudam muita gente a realizar um sonho, mas talvez isso possa gerar uma má impressão geral da literatura brasileira contemporânea, sabe?
    Falando do livro em específico, achei meio confusa a sinopse, mas vc deu uma ótima clareada na resenha. Gostei bastante, parece ser uma premissa e um mundo fantástico inovadores!

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    1. Isabel as vezes eu acho que a vida dos escritores seria bem facilitada se no pacote a editora incluísse a revisão do texto. Todo escritor carece disso.

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    2. Isabel, a sinopse não ajuda muito, mas o livro é melhor estruturado, o que pesa são as falhas que apontei.

      Acho que não há como não ter o pé atrás com estas editoras, se elas apresentassem um trabalho melhor isto não aconteceria.

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    3. E, Pandora, não sei sobre a Dracaena em específico, mas já questionei uma outra editora que atua nos mesmos moldes e eles me afirmaram que a revisão era incluída nos contratos. Agora adivinhe a qualidade dos livros deles que encontrei...

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  10. Eu adoro literatura nacional mas geralmente leio mais os autores clássicos mesmo, ainda assim tenho visto bons livros de novos autores o que me deixa muito feliz porque embora muitas pessoas tenham preconceito contra a literatura brasileira nós temos uma tradição e excelentes autores que precisam ser reconhecidos, eu sempre que posso recomendo um livro de autor brasileiro.

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    1. Cris, também me dou bem com os clássicos, muitos deles podem ser lidos com tranquilidade mesmo hoje, e até recomendados sem que fiquemos com o pé atrás. O problema é o trabalho de algumas editoras que vendem a publicação dos títulos e que entregam um produto de baixa qualidade, com pouca ou nenhuma revisão.

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  11. Oi Luciano, novamente, sinto tanto esses erros de revisão, e não quero dizer, esculachar, mas não foi só comigo, e devo dizer que quando lancei na euforia, não tive tanto suporte, como uma revisão para a sinopse, eu e o editor nem conversamos sobre o livro, o que me deixou chateada desde o início, mas aguas passadas, sei que eu posso melhorar tanto na revisão, quanto nas continuações, e ver que tantas pessoas entendem isso me anima, obrigada pela resenha
    beijos

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    1. Juliana, é mesmo chato, mas, agora de casa nova, a gente fica esperando um produto ainda melhor ;) Fico aqui ansioso pela continuação.

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Oscar