3 de dezembro de 2012

Sonhos – The Soul Seekers – Livro 1 [Resenha #088]

Sonhos - Texto


Sinopse: Daire Santos é uma adolescente de 16 anos, filha de uma maquiadora de Hollywood, que namora estrelas de cinema e viaja com a mãe por todo o mundo. Até que coisas estranhas começam a acontecer com ela: visões com corvos e pessoas brilhantes, o tempo que para de andar, sonhos com um belo menino de olhos azuis-gelo.

Os médicos acham que se trata de um caso psiquiátrico. Sua avó, curandeira respeitada na pequena cidade de Encantamento, Novo México, afirma que pode curá-la com suas ervas e poções. Sem alternativa, Daire vai para uma cidade perdida no meio do nada, longe da mãe, e com a avó que até então não conhecia.

O que parecia ser o fim, no entanto, revela-se o início de uma grande aventura: guiada pela avó, Daire descobre ser uma Buscadora de Almas, descendente de uma linhagem poderosa que, através dos tempos, vem garantindo o equilíbrio entre o bem e o mal tanto no nosso mundo quanto em outros mundos e outras dimensões.


Por mais que a curiosidade tenha se insinuado, mesmo que de forma um tanto sutil, não consegui acompanhar a série Imortais, da autora amplamente alardeada como best seller Alyson Noël. Pelas resenhas que li, as reações iam do tradicional amor ao ódio, o que só fazia aumentar minha curiosidade. Agora, tenho a oportunidade de a ler em sua nova série, The Soul Seekers, e trago esta resenha no dia de seu aniversário ;)

Daire tem dezesseis anos e é uma garota comum. Este começo, batido, é o que costumeiramente encontramos em livros do gênero, e, ao menos para mim, é como um chave para um mundo mágico desde que Harry Potter – um tanto mais cedo, garoto precoce! – começou a receber cartas de um lugar estranho enquanto morava na Rua dos Alfeneiros. Muitas coisas acontecem com estes garotos e garotas normais depois que sua vida de aparente normalidade é interrompida por um aniversário.

E não, não estou reclamando.

Para ela, sua família sempre se resumiu a sua mãe, a quem chama pelo nome, Jennika, pois possuem idades próximas – Jennika fora mãe na adolescência – e ficaram sempre muito ligadas, enquanto rodavam o mundo acompanhando o trabalho da mãe, uma reconhecida maquiadora de Hollywood que, Daire não deixa de observar, é um tanto quanto errôneo, pois elas passam a maior parte do tempo em locações que não ficam em Hollywood.

Daire sabe pouco sobre seu pai, e a mãe dele sumira sem deixar rastros, então vivia bem com Jennika até que começa a ter alucinações, e a avó desaparecida faz contato, dizendo saber exatamente o que está acontecendo, e ter não a cura, mas meios de fazer com que Daire lide com as estranhas visões.

Aqui eu preciso parar para explicar que Daire e Jennika formam uma dupla que, em grande parte baseado nas desilusões da mãe, não se conectam bem com outras pessoas ou lugares: não possuem residência fixa, a mãe não tem namoros de longa data e a filha cursa uma escola por correspondência. É como se Jennika recusasse a se permitir ter uma ligação mais forte com algo ou alguém, tudo para evitar o trauma do rompimento, como o que acontecera com ela quando Django – belo nome, eu sei – pai de Daire, faleceu em um acidente. É uma maneira um tanto imatura de lidar com o mundo e o que ele nos dá, mas é a que Jennika escolhe.

Voltando ao enredo do livro, se você tem alucinações e as revela a um médico, está a um passo de ser taxado de louco. É isso que acontece com Daire – pra piorar a adolescência é um celeiro natural e extremamente fértil de diversas doenças de ordem neurológica – que passa a ser medicada, e, claro, os remédios não funcionam, os médicos dobram as doses, e ainda nada.

É tomada pelo desespero que ela e Jennika decidem aceitar a oferta de Paloma, avó de Daire, mãe de Django, que vive em uma cidadezinha do Novo México, e Daire vai morar um tempo com ela, numa busca desesperada por uma solução.

Se passando no Novo México, o livro tem uma forte influência latina, desde na nomenclatura de locais e pessoas até nas datas comemorativas – como o Dia de Los Muertos – e até indígena, na presença de xamãs e espíritos guias. É um aspecto que me agradou, a autora investir em criar um universo que se passe em um ambiente que é menosprezado como nicho de uma minoria. Não é tão simples se encantar pelas paisagens estéreis do oeste americano, e a cidadezinha de Encantamento também não ajuda, mas quando a conexão é feita não pode ser quebrada tão facilmente.

Paloma é uma mulher sábia, paciente, e estranhei a descrição que a autora dá e depois diz que ela tem cinquenta anos – pela descrição diria que tinha, não sei, uns setenta – mas os fatos narrados no livro vem pra esclarecer isso, então tudo bem.

Como primeiro livro de uma série, é obrigatório que ele seja uma introdução ao universo a ser retratado, uma apresentação de personagens e situações, a autora não gasta tanto tempo com isso quanto se imaginaria, e em seu texto rápido quase não sentimos a história se desenrolar. Isso é ótimo, pois nem ficamos amarrados a um texto explicativo nem soltos ao léu sem sabermos que está acontecendo.

As transformações pelas quais Daire e seu modo de vida passa são grandes mas não explicam o vai-e-vém de emoções que ela apresenta, e os altos e baixos são constantes no inicio, até que me lembrei de que ela é uma adolescente e essas variações são típicas da idade; mas lembrando o que ela foi fazer em Encantamento, nos parece ainda assim irreal. É como se ela preferisse viver em uma cidade grande mesmo rodeada de visões de morte e destruição. Qual é moça, se decide. Sei que é estranho descobrir que você é uma Buscadora, que domina a telecinese de uma forma que deixaria Obi-Wan orgulhoso, e ainda pode “possuir” animais, mas há coisas piores.

E, em se tratando de uma personagem adolescente, temos o ambiente escolar, e a figura do mocinho e do vilão, que aqui são gêmeos!, mas estou vacinado contra primeiras impressões em livros, então me permiti não fazer juízo de valor tão cedo, com relação a nenhum dos dois, e acho que não me enganei quanto a isso.

Só esperava um pouco mais das cenas de ação. A rapidez do livro é bem vinda, os capítulos voam e você, leitor, os segue feliz, mas gostaria de um detalhamento maior nas cenas de ação, assim como na descrição do Mundo Inferior, uma espécie de mundo paralelo que os Buscadores como Daire podem visitar.

Por fim, Alyson Noel se mostrou uma leitura agradável. O texto é rápido, não há espaço para firulas, e a mescla de cultura indígena com latina é muito bem vinda e trabalhada. Certamente é um bom começo de série, e, como sempre, me deixou ansioso.

No site oficial da série há muito material, como perfil dos personagens, dos mundos visitados pelos buscadores e até mesmo uma história extra. Vale muito a pena visitá-lo.

Ah, e Feliz Aniversário, dona Alyson. Até a próxima.

 

Sonhos - The Soul Seekers – Livro 1, de Alyson Noel (Fated, 2012Tradução de Marcia Blasques, 2012) 320 páginas, ISBN 9788580445756 Editora LeYa. [Comprar no Submarino]

{A-}

13 comentários:

  1. Como disse a Aleska em relação a Seleção vou dizer aqui também, to ficando com preguiça dessas séries. putz ninguém mais termina uma história em um volume?!?!? Mas será possível!!! Aff... São muitas séries Luciano, a gente fica doido com isso.

    Agora vc deu um A - Que é sempre mais que um B, então o livro tem mérito e deve prestar, mas estou prestes a adotar uma linha do tipo: "Só começo uma nova série quando terminar as atuais." Ou seja, a próxima série só depois de ler o ultimo volume do "Os olimpianos" do Riordan e da "Trilogia do Mago Negro". #Revolta

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    1. É, o povo tá querendo cada vez mais capitalizar em cima dos livros e nada melhor que uma série. Também acho que muita coisa poderia ser definida em um volume só, mas a gente acaba se apegando aos personagens, então melhor que tenhamos a oportunidade de conhecê-los melhor e por mais tempo.

      agora acho que estou em uma fase boa, o último livro levou um A, este também, e o próximo tem tudo para ser o melhor do ano. Quero crer que fo coincidência, e não eu que estou perdendo a "chatice", rs.

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    2. O pior é isso Luciano a gente cria empatia com os personagens, se envolve e acaba indo para o próximo volume, por isso tenho evitado séries.

      E sim, se vc diz que presta então o livro presta!!! E a suave chatice continua firme, creio eu!

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  2. Ainda estava na dúvida se ia, realmente, começar a ler esta série ou não, agora fiquei convencida. A questão das séries me incomoda um pouco, porque os autores precisam de muito assunto para conseguir segurar a trama. Mas eu acho que algumas editoras estão sendo meio burras, por exemplo: eu comecei a ler a série A Lenda dos Guardiões, que tem DEZESSEIS livros, é uma série mais infantil. Aqui no Brasil, tá no 8º, mas lá fora já acabou, fora que cada livro tem, aprox. 250 páginas.

    Ou seja, custava diminuir o número de volumes e/ou publicar mais de um por ano? Nesse ritmo, a série vai acabar quando eu completar meus 30 anos, e não sei se até lá ainda vou me interessar pela história. Já a Rocco fez muito bem com Jogos Vorazes, por exemplo, publicou tudo logo e ainda ganha dinheiro com isso. Vai entender...

    Ah, heheheh bela resenha! Vou ler esse livro, com certeza!

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    1. acho que exagerei nas 250 páginas... acho que 200 e olhe lá...

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  3. Fiquei curiosa, principalmente, por causa da mistura de culturas. Comecei a ler a série Imortais, mas desisti quando a leitura do primeiro livro não se desenrolou como eu gostaria, depois de um tempo pensei em tentar novamente, mas todas as resenhas que lia eram sobre o desapontamento que os fãs tiveram com a falta de amadurecimento da autora.

    Quase comprei esse livro na Bienal, mas desisti de última hora, agora me arrependo.

    Tudo Tem Refrão

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  4. Estou cheio de séries começadas e não terminadas. Esses autores mergulharam na modinha de séries com 4,5 ou 6 livros. Por outro lado é bom, porque se temos empatia com os personagens é ótimo.

    Sonhos é outro livro que tenho vontade de ler, porém mais na frente. Bela resenha!

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  5. É uma capa bastante bonita, que, além de um enredo interessante, tem isso da cultura dos personagens - acho muito legal quando um autor explora o universo de uma minoria. Rick Riordan está com o ótimo hábito de fazer isso em Os heróis do olimpo e em um país como o dele, isso é bastante importante.
    Ah, tô quase no final de Os irmãos Karamazov e estou entendendo porque você gosta tanto dos russos. Esse e os contos de Tchecov tem uma aura mágica, meio que uma identidade própria, sabe? Vou ler mais autores de lá de agora em diante.
    Boa semana!
    Isabel
    http://distopicamente.blogspot.com.br

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  6. Oi Luciano!
    Eu li até o volume 3 de Os Imortais e pra mim foi cheia de altos e baixos, mas eu gostei da história e da narrativa.
    Pela sua resenha, Sonhos parece ser ainda melhor. Só achei engraçado o nome do personagem Django, vai sair um filme do Tarantino com esse nome e lembrei dele enquanto lia a resenha.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  7. Ola Luciano, tudo bem?
    Já tinha lido algumas resenha com relação a esse livro, mas nenhuma delas fez com que eu ficasse morrendo e vontade de ler, mas com a sua confesso que essa vontade aumentou. Confesso que tenho uma queda pela cultura indígena e latina, e quando ela é retratada nos livros fico encantada. Vou anotar a dica e assim que possível vou adquirir o livro e tirar minhas conclusões.
    Abraços,
    Amanda Almeida

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  8. Desde o lançamento desse livro no Brasil, estou curiosa pra ler. Achei a capa muito bonita, a sinopse me agradou e gostei do primeiro volume de Os Imortais (mas não prossegui com a leitura dos outros, por fata de oportunidade mesmo). Enfim, gostei da sua resenha e parece se um bom livro, apesar dessa falta de ação...

    Beijinhos!

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  9. Fiquei com muita vontade de ler, mas fico sempre na dúvida de ficar presa a mais uma série... Acho que estou pegando a preguição da Pandora rs.
    Também não li a série Imortais da Alyson Noël.
    Cheguei a participar da promoção de aniversário no twitter, mas não fui feliz.
    Excelente resenha e vou no site oficial da série para saber mais um pouco.

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  10. Luciano, que resenha! o.Õ
    Óh, deus, eu preciso ler este livro agora!
    Eu gosto muito de livros que se passem nas costumeiras Londres, Nova York (e todas as variações americanas, ma sé que normalmente é NY mesmo) só que de vez em quando, pra mudar um pouco, é bom ler algo em uma cultura diferente, até pra conhecer mesmo.
    Tenho uma relação de amor e ódio com a Aly, amo de paixão o primeiro livro de Os Imortais mas do segundo em diante a série apenas desanda, de verdade. Mas Sonhos?! Desde que eu vi a capa achei incrível e me deu a impressão de que a Aly estava pronta para lavar a sua alma depois de tantas críticas em cima da sua primeira série. *-*

    Gislaine,
    atualizado, comenta?
    Jeito Inédito

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Oscar