5 de abril de 2013

A Sabedoria do Condado [Resenha #118]

A Sabedoria do Condado

 

Sinopse: Um guia do Hobbit para a vida de milhões de fãs do J.R.R. Tolkien. Smith mostra que uma toca-hobbit é, na verdade, um estado de espírito e como até as menores pessoas podem ter o valor de um Cavaleiro de Rohan. Ele explora assuntos importantes para os hobbits, como cerveja, comida e amizade, mas também assuntos mais sérios, como coragem, vida em harmonia com a natureza e bem versus mal. Como prazeres simples como jardinagem, longas caminhadas e refeições deliciosas com amigos podem fazer você significativamente mais feliz? Por que o ato de dar presentes no seu aniversário em vez de recebê-los é uma ideia tão revolucionária? E como podemos carregar nosso próprio “anel mágico” sem sermos devorados por ele? "A Sabedoria do Condado" tem a resposta para essas perguntas.

Quem nunca passou alguns dias se aventurando pela Terra Média não sabe o que está perdendo. Belas paisagens, criaturas intrigantes e muitos perigos acompanham o viajante pelo mundo inventado pelo grande mestre J. R. R. Tolkien. Conheci o lugar quando tinha quinze/dezesseis anos e começava a fazer barulho a notícia de que a trilogia do autor seria adaptada para o cinema, o que fez com que, automaticamente, se reacendesse o interesse por sua obra. Mas, um tanto quanto desinformado, comecei pela Trilogia do Anel.

Apesar de o autor dar uma boa introduzida em quem são os hobbits – falem o que quiser, estas pequenas criaturas são as personagens principais em uma guerra que se mostra homérica – não é uma boa ideia começar por aqui. A Trilogia do Anel é bem mais madura e espinhosa que O Hobbit, onde ainda há um tom de muxoxo por parte de Bilbo Bolseiro, mas que representa o descontentamento dele frente ao que perdeu: o belo Condado e sua confortável toca, Bolsão.

Quando Frodo assume o posto de protagonista, na Trilogia, há um ar permanente do fim inevitável:  em certas passagens o autor deixa claro que, na Terceira Era, a Terra Média era só uma imagem já apagada dos tempos gloriosos de outrora – e um sinal claro disso é a debandada élfica, retornando à sua terra natal. Esta diferença pode ser sentida com facilidade e quem lê a trilogia acaba levando-a no coração, percebendo ainda mais a importância do portador do anel.

Por isso recomendo que comecem como se deve: pelo começo, com O Hobbit.

Mas já me desviei incrivelmente do que queria dizer nesta resenha, então vamos voltar.

Em “A Sabedoria do Condado”, o autor Noble Smith – gente boa até dizer chega! – não nos brinda com um livro de autoajuda pura. Me recuso a aceitar nisso após tê-lo lido e, confesso, ele ser categorizado assim foi o que me impediu de tê-lo lido antes. Em seu livro, ele nos brinda como uma obra de puro amor ao Condado e seus moradores, os gentis hobbits.

O livro trás, sim, ensinamentos retirados da obra de Tolkien e que podem ser utilizados em nossas vidas, por exemplo: como dar valor às pequenas coisas e saber quais delas são, realmente, valorosas; preservar as amizades, ter qualidade de vida e etc.; mas o que se sobressai, para mim, é a qualidade do autor – Noble – como um interpretador de histórias apaixonado pela Terra Média, quando ele fala do modo como as coisas se passaram nos livros de Tolkien e o quanto – e como – isso pode ser aplicado em nosso mundo.

“A ideia de ficar rico é tão sedutora que pode levar as pessoas a fazerem coisas cada vez mais loucas para atingirem esse objetivo. Mas quando o objetivo é atingido, pode ser que o peso da riqueza seja grande demais para suportar, ou que nem valha o trabalho que deu para consegui-lo. Muitas pessoas arruínam a saúde e os relacionamentos indo atrás de riqueza. E alguns, voluntariamente, quebram suas bússolas morais no começo da viagem, deixando de lado a ética e a empatia para perseguirem a prosperidade”.

Não recomendo sua leitura para quem ainda não leu ao “O Hobbit” ou a “Trilogia”. Existem spoilers gigantescos nas passagens que o autor fala sobre o que se passa na Terra Média quando os usa como exemplo. Então vão por mim, é bem melhor ler Tolkien antes. Para quem já o fez, não esperem o tanto que eu esperei para ler este livro. É leitura rápida, de um dia, prazerosa, recompensadora, que te trará uma experiência plena.

Apesar de se mostrar um tanto reacionário às vezes, Noble fala com tamanho carinho do Condado que é impossível não se emocionar também ao reconhecer as passagens, os personagens – ah!, a Senhora Galadriel! – e reviver mesmo que por alguns momentos as maiores aventuras que um grupo de Hobbits já viveu.

Ah, e segundo um teste presente no final do livro, eu sou um super-hobbit.

“O amor verdadeiro deve ser defendido bravamente, com a alma de um guerreiro, mas deve ser cuidado com a paciência de um jardineiro.”


A Sabedoria do Condado
, de Noble Smith (The Wisdom Shire: a Short guide to a Long and Happy Life, 2012Tradução de Cibele da Silva Costa, 2012) – 176 páginas, ISBN 9788581630618, Editora Novo Conceito. [Comprar no Submarino]

{A-}

10 comentários:

  1. Bom, eu tive esse livro em mãos e acabei dando ele pro meu namorado, já que eu não li Tolkien ainda. Vou ler, claro, mas não agora.

    Apesar de tudo, me surpreende o quanto os Hobbits são amados; tendo visto apenas os filmes, eu gosto dos personagens, mas não sou fascina pelo povo do Condado.

    Aliás, cof cof cof odeio o Frodo cof cof cof queria que o Frodo tivesse caído com o Gollum cof cof cof O Sam é o maioral cof cof cof

    Mas, em compensação, que linda a casa do Bilbo, eu sou mais fascinada pela casa dos Hobbits do que pelos hobbits em si hehehehe

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  2. Minha primeira aventura pela Terra Média foi através dos filmes; perdi a conta de quantas vezes assisti a trilogia. Em relação aos livros, comecei com o Hobbit, e gostei bastante, depois venho "A Sociedade do Anel", e ai pude sentir a diferença entre filme e livro - ainda que continue apreciando ambos. Por fim, me resta ler os dois últimos, tarefa que pretendo realizar logo.

    Mas, após esse desvio. Tenho que concordar, Noble propicia ao leitor uma revisitação muito interessante ao mundo de Tolkien, me vi novamente viajando passeando por passagens memoráveis de O Hobbit. A Sabedoria do Condado é um livro que ultrapassa a autoajuda.

    Abraços
    Juan - sempre-lendo.blogspot.com.br/

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  3. Noble é um romântico eu li o livro com um sorriso bobo na cara do início ao fim, tudo na escrita dele me inspira ternura.

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  4. Nunca li nada da autora. Que vergonha =S
    Mas se eu começasse a ler, com certeza iria ser pela Trilogia do Anel. Mas foi bom saber, agora posso ler o Hobbit, sem medo.
    E fiquei curioso por esse livro também. Ótima resenha!

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  5. Luciano, esse me parece ser um livro muito fofo, mesmo.

    Até pra mim, que já li essas duas obras principais de Tolkien e entendi perfeitamente as lições de vida embutidas nos hobbits, com os quais me identifico muito (até no tamanho, rs)!

    Abraço!

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  6. Oi Luciano!
    Eu li O Hobbit e O Senhor dos Aneis... Esse livro parece ser bem interessante. Meu sonho é viver num lugar como o Condado :)

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  7. Oi Lu,
    Que bom ter lido sua resenha, sabe que estava buscando informações se devia ler ou não Tolkien antes, depois de ler suas palavras aqui sei que primeiro tenho de conhecer os livros para depois ler esse.

    Sempre me dizem que é uma leitura massante, mas fico pensando será que é mesmo?

    Beijoaks elis

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  8. Eu sou louca pra ler as obras do J.R.R. Tolkien, mas com aquela minha promessa de terminar os meus livros da estante primeiro, já sei que vou demorar pra ler. Gostei da ideia do guia e com certeza vou comprá-lo depois que ler O Hobbit.

    Beijos. Tudo Tem Refrão

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  9. Ouvi muito bem desse livro e seu texto só deixou com mais vontade, ba, quero muito!

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  10. Que bacana a explanação dos conceitos de um livro tão bom e cheio de morais.

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