12 de agosto de 2013

A Caçada, de Clive Cussler [Resenha #139] + Promoção

A CaçadaSinopse: Por décadas, Clive Cussler vem deleitando leitores com romances repletos de suspense, ação e pura audácia. Agora, ele faz isso novamente, em um dos mais loucos e estimulantes thrillers de época dos últimos anos. O governo norte-americano contrata a renomada Agência de Detetives Van Dorn e seu agente igualmente renomado, Isaac Bell, para capturar um lendário ladrão de bancos conhecido como Assaltante Açougueiro.

Este assassinara homens, mulheres e crianças, sem deixar nenhuma pista nem testemunhas. O detetive Bell lidera a busca e finalmente descobre a verdadeira identidade do Assaltante Açougueiro. E nesse momento inicia-se a verdadeira caçada.

Com um enredo intrincado, dois vilões extraordinários e a assinatura de Cussler em reviravoltas surpreendentes, A Caçada é o trabalho de um mestre no auge de seu talento.

Quando li “O Espião”, primeiro livro de Clive Cussler que tive em mãos, adorei o enredo intrincado e imaginativo do autor – daquela vez tendo como parceiro de escrita o autor Justin Scott – mas fiquei um pouco frustrado por ele não ser, cronologicamente, a primeira aventura publicada pelo autor do detetive Isaac Bell, uma figura que já entrou metendo o pé na porta em meu seleto rol de detetives favoritos.

Isso por, como sabemos, os livros policiais terem uma tendência que é quase regra, de se desenvolver os personagens, e, em especial, o principal, o detetive/investigador/policial ou a figura que estiver encarregada, naquele momento, de pôr ordem ao caos trazido pelo cometimento do crime e que, invariavelmente determina o início da aventura. Senti não poder ter acompanhado Bell logo em sua primeira aventura, queria ter chegado ao livro já familiarizado com ele, um ricaço louro, charmoso, com uma índole impecável e que renunciara a uma vida de luxos como banqueiro trabalhando na instituição de sua família para se empregar na Van Dorn, uma quase mítica agência de detetives, com uma influência admirável por todos os Estados Unidos; mas que, nem por isso, não se permite prazeres como bons vinhos e passeios nos mais modernos e velozes automóveis.

Bom, a Editora Novo Conceito felizmente está revendo o fato e trouxe ao mercado a primeira aventura de Bell, “A Caçada” – o que me faz especular as razões por não tê-lo lançado de início: contratuais, talvez? – que o coloca como encarregado de capturar o bandido conhecido como Assaltante Açougueiro, um ladrão de bancos que ganhara fama por não deixar nenhuma testemunha em seus roubos, matando todos os presentes – não importando se mulheres ou crianças – para que nenhuma de suas características sejam repassadas à polícia durante às investigações, o que se prova uma estratégia fundamental para que não se tenha nenhuma descrição do mesmo, que, inclusive, se utiliza de disfarces.

Aqui cabe um parêntese: a ação do livro se passa nos anos 1900, então nada de celulares, câmeras de vigilância, rastreamento via satélite ou afins. No livro, o suprassumo da tecnologia é o telégrafo, com o telefone surgindo como uma alternativa nada confiável e vista com olhos não muito favoráveis. Os trens são os principais meios de transporte para longas distâncias, lentamente suplantando as diligências, e os automóveis ainda são raros em muitas cidades – ou bastante arcaicos, com poucos cavalos de potência. Assim, ainda vemos a figura do menino de recados que chega esbaforido aos escritórios dos detetives com alguma informação importante, o que aproxima o livro mais de Sherlock Holmes que de Elvis Cole – ou de Myron Bolitar, pra não citar uma fonte obscura demais.

Com muito pouco em que se apoiar para levar à frente sua investigação, Bell e seus assistentes decidem não ignorar nenhum indício, mesmo o mais insignificante, para que possam construir um caso, e é recompensador ver como o livro se sustenta em pequenos fatos que, somados, levam a algo maior, graças à capacidade de raciocínio de Bell, que – aqui eu aplaudo o autor de pé – é impressionante mas não extraterrena: o personagem não se sai com alternativas mirabolantes ou pensamentos concatenados de forma a deixar o leitor pra trás com cara de paisagem, e esse cuidado do autor com o enredo é um dos elementos que fazem com que o livro seja tão bom.

E uma das características que encontrei nos livros de Cussler – tanto neste quanto em “O Espião” e no excelente “O Reino”, com o casal Fargo – é que o nêmeses do detetive é tão genial quanto o próprio detetive, numa verdadeira batalha de intelectos. Aqui, no “A Caçada”, em especial, o enredo se destaca por trazer um inimigo com uma mente extremamente sagaz e brilhante, com a vantagem adicional de não ter nenhuma reserva moral na qual embasar seus atos, estando livre então para fazer o que quiser e for necessário para sair livre dos mais variados problemas, sem pensar nas consequências; enquanto Bell fica retido em seus preceitos morais.

A narrativa é bastante rápida e Cussler se mostra novamente um habilidoso narrador de cenas de ação: seja a bordo de um automóvel cortando paisagens inóspitas ou em um trem quebrando recordes de velocidade, ele sabe como prender o leitor e fazê-lo sentir aquilo que está narrando, intimando-o a fazer parte e não ser apenas mero espectador.

Soma-se a isso o cuidado histórico e descritivo com que ele compõe os cenários e as máquinas das quais parece gostar tanto: armas, carros, motos, locomotivas; o autor as reveste com detalhes que não extrapolam a boa vontade do leitor mais afoito, nos entregando-as na medida, sem deixar que o texto fique truncado.

E poucas vezes um título caiu tão bem para um livro: a saga de Bell em busca da captura do Assaltante Açougueiro é uma verdadeira caçada, com todos os ingredientes que são necessários para que o leitor acompanhe e seja cúmplice do que vai sendo desenrolado com o passar das páginas.

Uma das poucas coisas que me incomodaram foi o uso de algumas frases de efeito que ficaram meio deslocadas, do tipo “pegue o bandido, detetive, e o faça pagar por todos os crimes que cometeu”, e que em nada somaram à narrativa – e que, felizmente, não me lembro de tê-las visto em “O Espião”, então, sim, as coisas evoluem!

Por outro lado, a ambientação da narrativa durante uma tragédia, o Sismo de São Francisco de 1906 foi muito bem – e lucidamente – trabalhada por Cussler, acrescentando e muito ao livro mesmo sem ter uma relação direta com o enredo principal, que, de quebra, nos brinda com a aparição de um autor de quem gosto muito, e que li bastante durante a adolescência.

No fim, continuo fã de Bell, e especialmente, do autor, Clive Cussler. “A Caçada” é o tipo de livro que tem tudo para agradar mesmo aqueles que não se sentem muito empolgados com as tramas policiais; e, para os que gostam, é um prato cheio.

 

A Caçada, de Clive Cussler (The Chase, 2007 Tradução de Camila Fernandes, 2013) – 384 páginas, ISBN 9788581632193, Editora Novo Conceito. [Comprar no Submarino]

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PROMOÇÃO


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O blog não se responsabiliza por encomendas extraviadas e/ou por objetos retornados por não ter encontrado quem o recebesse no endereço fornecido pelo ganhador.

Em caso de dúvidas, deixe-as nos comentários ou entre em contato comigo através do e-mail lucianoassantos@gmail.com .

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Boa sorte ;)

 

27 comentários:

  1. O espião pra mim foi uma surpresa muito boa. Não esperava nada do livro quando peguei pra ler e adorei. Não conseguia largar. Só não gostei da editora ter lançados os livros foram de ordem. É muito ruim mesmo "pegar o bonde andando", mesmo as histórias tendo começo, meio e fim. Pela sua resenha, sinto que vou gostar desse também.

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    1. Sil, pra mim também! Gostei bastante de "O Espião", bem mais do imaginava que fosse gostar. Também fiquei incomodado com a ordem aleat´roa, mas que bom que reviram isso ;)

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  2. Oi, Luciano!!
    Que capa linda tem esse livro!! Não sei porque a editora está lançando a obra, mas imagino que seja por conta do 40º aniversário da publicação da primeira obra de Clive Cussler "Mediterrâneo, Saída de Emergência" que li quando ainda morava em Portugal. Não sei se aqui no Brasil foi publicado ou que título foi usado, mas o autor é um fenômeno editorial com mais de 50 livros de sucesso e uma vida particular bastante interessante que se mistura um pouco com a que conta em seus livros. Por exemplo, ele é fundador de uma organização que libera a descoberta de mais de 75 navios perdidos, incluindo o navio confederado Hunley que aparece em um dos seus livros. Ele foi homenageado por seu trabalho em arqueologia marinha na semana passada em Nova Iorque.
    Depois volto para me inscrever no sorteio!
    Boa semana!!
    Beijus,

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    1. Luma, eu gosto bastante do padrão de capas dos livros do Cussler por aqui, o trabalho é muito bem feito. Não sabia desses detalhe,s pra mim o autor se tornou ainda mais interessante ;)

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  3. Se eu disser que nem assim fico tentada a gastar minhas moedinhas com esse livro tu se chateia nego??? rsrs... Mas vou te confessar, se o Bell fosse tudo isso e fosse negro ou asiático eu topava e comprava, porque haveria algo de novo a formula, mas pelo o que você descreveu o livro é bem executado, mas a formula é a mesma que já conhecemos.

    Mas, de toda forma vou tentar o sorteio, quem sabe eu ganhe, assim vou ser obrigada a dar uma chance a narrativa e posso até curtir. Quem sabe?!?!?

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    1. Ah, mas tem de dar uma chance aos policiais! Agora, o "novo" no Bell, pra mim, é ele ser podre de rico, em contraste com os paupérrimos detetives do noir ;)

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  4. Nunca li nada do autor e ao ler a resenha, que foi muito bem realizada, não me animei muito na leitura. Nem a capa não foi das minhas preferidas. Mas, vou participar da promoção e quem sabe se eu ganhar possa ler e mudar a minha impressão inicial do autor.

    Estou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
    Abraços

    http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/

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  5. Eu li o o espião e curti pra caramba.. quero ler esse agora.

    leandro quirino

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  6. Sabe que eu cheguei a ter O Reino em mãos, de uma troca, mas desencanei do livro? Não sei, mas perdi a vontade, então ele está lá, guardado em algum lugar. Eu queria muito me iniciar na leitura desse autor, mas não sei o que aconteceu, ou perdi o big time ou a vontade... ou ambos hehehehe

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    1. Ih, isso acontece mesmo, tenho livro aqui que queria ler muito, mas daí a vontade foi passando, agora eles esperam a vez, pacientemente, na prateleira.

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  7. Eu simplesmente adoro Clive Cussler... e olha que só li o Espião! rsrs
    Mas ainda não tive a oportunidade de ler a Caçada.... e depois dessa resenha perfeita, estou ainda mais com vontade.... adoro este estilo de livro, é o máximo!
    bjos

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    1. Luiza, também sou super fã do autor, e a cada obra ele me surpreende.

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  8. Desde, quando o primeiro livro do autor foi lançado aqui, que eu sinto vontade ler algo do livro. Simplesmente, por ser do gênero policial, que são os meus favoritos. E agora, acompanhando suas resenhas dos livros dele, é que não posso deixar de ler. Uma cena de ação bem escrita é tudo e aliado a uma narrativa rápida melhor ainda. Abs,

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  9. Ainda não conheço a escrita do autor, mas curto tramas policiais e ainda mais se forem assim bem detalhadas.

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    1. Gladys, quem já é fã de policiais tem tudo pra gostar ainda mais dos livros de Cussler ;)

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  10. Oi, Luciano!
    Fiz a minha inscrição! No outro dia não estava em meu computador!!
    Bom fim de semana!!
    Beijus,

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  11. Luciano
    Para quem já gostou de Bel no Espião fico feliz em saber que em A Caçada vamos aplaudir de pé.
    Realmente será um prato cheio e ainda mais que se passa em uma época que para ser detetive tem que se apegar em pequenos detalhes.
    Clive Cussler ganhou fãs na sua forma brilhante como narrador.
    Comoesempre gosto muito de suas resenhas. Estava sentindo saudades de estar aqui e poder aprecia as suas leituras.

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  12. Resenha bem escrita, abordando o conteúdo de forma inteligente, nos dando uma boa noção sobre o enredo, vale a pena conferir.

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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  14. Estou assim, com uma vontade tremenda de ler este livro! Adoro histórias detetivescas. E ainda mais histórias detetivescas das antigas. Ao estilo Poirot ou Holmes, ou até um tipo boêmio como Marlowe... aqueles que tem que provar na raça que é bom. Sem ter a tecnologia como bengala. Além de tudo com vilões no mesmo patamar de inteligência... Neste momento estou louca pra saber mais sobre o livro, e agora, não é somente pela capa. :)

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  15. Eu acho que mesmo quando a história é independente é importante ler na ordem. Chato isso dde lançarem um livro mais recente antes do mais antigo. Eu também gosto das capas desses livros do Clive Cussler mas acho que deveria haver uma diferença quando os personagens são outros, porque quando peguei O reino, achei que tivesse algum tipo dde relação com O espião e na verdade eles não tem nada a ver. Eu não vou participar da promoção porque já tenho esse livro. Devo lê-lo em breve e espero gostar.

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  16. ótimo livro para quem gosta de histórias policiais, meu amigo já leu e recomendou muito. A capa é muito massa.

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  17. Essa série está sendo muito bem falada por aí e sua resenha não foge à regra. Parabéns pela resenha e pelo blog. Estão ótimos.

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  18. Uh, cheio de ação, não é muito meu gênero, porém, livros assim me instigam. Ótima resenha!

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Oscar