30 de setembro de 2013

O Amor Mora Ao Lado, de Debbie Macomber [Resenha #145]

O Amor Mora ao Lado

 

 

 

Sinopse: Lacey Lancaster sempre quis ser esposa e mãe. No entanto, depois de um divórcio bastante doloroso, ela decide que é hora de dar um tempo em seus sonhos e seguir sozinha mesmo. Mas não tão sozinha: sua gatinha abissínia, Cléo, torna-se sua companhia de todas as horas. Até é uma vida boa — um pouco aguada, é verdade — a de Lacey. A não ser por seu escandaloso vizinho, Jack Walker. Quando Jack não está discutindo, sempre em voz muito alta, com sua namorada — com quem insiste em morar junto — está perseguindo seu gato, chamado Cão, pelos corredores do prédio. E Cão está determinado a conseguir que a gatinha Cléo sucumba aos seus avanços felinos. Jack e Cão são realmente muito irritantes. Mas acontece que a primeira impressão nem sempre é a que fica...

Estava começando a leitura de “A Pousada Rose Harbor”, da autora Debbie Macomber, quando recebi da Editora Novo Conceito um exemplar de “O Amor Mora ao Lado”. Como não conhecia a autora, achei que seria bom começar por uma leitura menor, por isso parei onde estava na leitura da “Pousada” e passei para o “Amor”.

Primeiro tenho que dizer que senti uma boa diferença entre os dois – mesmo tendo lido bem pouco da “Pousada” (umas cem páginas). Lá, a autora tem uma preocupação maior com traçar um perfil psicológico e dar um histórico aos seus personagens, o que aqui é feito de forma mais superficial: sabemos que Lacey fora casada e abandonada por seu marido, que ficara com a amante loura, linda e alguns anos mais nova; e agora luta para se recuperar do choque da traição+separação; mas a autora não gasta muito vocabulário com isso, ela se atém mais nas ações do dia-a-dia e em resolver pequenos problemas ou situações que surjam.

De uma maneira geral, é um livro formatado para ser rápido e, como consequência direta, é simples. O que, de modo algum, quer dizer que seja ruim, ou menor que um livro qualquer.

E isso por a autora possuir um talento pra narrativa, em cadenciar os fatos e prender o leitor. Tudo bem que algumas sequências parecem soltas em meio ao texto, e não via lá muita lógica naquilo se acontecesse na vida real, além do fato de – e minhas leitoras feministas me aplaudirão – não ter gostado de ela deixar implícito a todo momento, e com direito a algumas afirmações diretas, de que a personagem precisava de um companheiro para ser feliz.

Eu discordo, não acho que ninguém precise de ninguém para ser feliz. Ao afirmar isto me vem a cabeça a voz de meu professor de sociologia da faculdade afirmando que o homem é um ser social, e que não fora feito para viver isolado. Tudo bem, mas o isolamento não tem de, necessariamente, representar infelicidade; assim como, e numa medida muito maior, estar rodeado por zilhões de pessoas não garante a felicidade de ninguém.

Além do que, no livro, o “estar acompanhado” geralmente significa “alguém para amar, com desdobramentos sexuais”. Se fosse apenas pela companhia, Lacey, a protagonista molenga que mesmo sendo fraca não me irritou, teria ficado satisfeita e feliz quando comprou uma gata caríssima e passou a dividir com ela sua rotina no apartamento. Mas não, mesmo com Cleo, a gata, ela se sentia incompleta, até se interessar pelo vizinho bonitão por quem nutria uma aversão gratuita.

O que me faz lembrar que o livro possui alguns clichés: o vizinho bonitão com fama de pegador que a pessoa odeia mas adoraria pegar também, os animais de estimação como ponto de aproximação – alô Nicholas Sparks, tudo bem com você? E como vão os cachorros? – e o familiar de uma das partes com problemas pessoais a serem resolvidos. Nada que te faça querer morrer, mas trás sempre a sensação de já ter visto aquilo antes.

Vale ler o livro para que se conheça a autora, mas tenham a consciência de que ela é capaz de mais, de te envolver com personagens melhor construídos e, por isso, mais interessantes. É um livro “ok”, leitura para uma tarde, sem compromisso. Não vai muito além disso não, mas o acabamento caprichado que a editora deu à edição é um ponto positivo.

 

O Amor Mora ao Lado, de Debbie Macomber (Fammily Affair, 2011 –  Tradução de Paula Gentile Bitondi, 2013) – 160 páginas, ISBN 9788581630526, Editora Novo Conceito.

{C+}

15 comentários:

  1. Um clássico da Novo Conceito, aparentemente. Acho que não conseguiria digerir essa leitura, me lembra um pouco o argumento de Melancia. Realmente, sou daquelas que não prioriza quantidade sobre qualidade, embora não possa afirmar que sou isolada. Mas entendo seu raciocínio, quantas vezes não me sentir mais feliz e tranquila sozinha... Acho que Debbie e eu teríamos grandes discussões antropológicas na minha mente hahahaha

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    1. Lu, então, não gostei da linha de raciocínio que a autora imprimiu à personagem, demorei a me identificar e quando isso ocorreu foi muito pouco e eu já discordava demais de tudo. Mas é bem escrito, muitas pessoas gostarão da leitura.

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  2. Eu concordo com o professor de sociologia, nós somos sociáveis, precisamos de pessoas por perto, mas o conceito de "perto" varia de pessoa para pessoa e definitivamente não é sinônimo de precisa de uma pessoa para dividir a cama e derivativos e consequentemente adorei sua reflexão.

    Ainda não li a Debbie, mas sou fã desse tipo de leitura rápida que não te acrescenta muita coisa e parece existir apenas para que você possa esquecer um pouco da vida real e ri como um bom filme de sessão da tarde.

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    1. Exato, tem pessoas que não necessitam/gostam de tamanha proximidade, mas eu impliquei com a autora ter banalizado isso, não acho que foi um bom ponto.

      Se curte leituras rápidas, bom, acho que tem tudo pra se dar bem com esse livro ;)

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    2. Aaaah mais eu curto leituras rápidas, quando estou muito ressacada literariamente Luciano eu tenho necessidade existencial de leituras assim!!!

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  3. Oie,
    Nossa esse é o próximo livro que vou ler, e agora fiquei meio preocupada com a leitura, pois o primeiro livro da autora que li foi A Pousada Rose Harbor e como sabe me apaixonei pela história. Mas saber que a personagem principal pensa e age como se fosse preciso alguém para torná-la feliz me deixou um pouco chocada mesmo. Depois dessa somente eu lendo e fazendo minha própria crítica. Essa diferença que informou entre as leituras me fez pensar que quando um autor/a tenta mudar os estilo, nem sempre ele/a é feliz..sahushau...está gostando da Pousada?
    Beijokas Elis - http://amagiareal.blogspot.com.br/

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    1. Elis, apesar de tudo eu ainda to ansioso pra ler "A Pousada", acho que ele é bem melhor que o "O Amor" ;) tomara que goste ;)

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  4. Concordo com seu professor plenamente.
    Adorei sua resenha, mas vou confessar que gostei do livro. É despretensioso e divertido.
    Bom para se ler numa tarde chuvosa, como sei que será hoje, rs.

    Bjkas

    Lelê Tapias
    http://topensandoemler.blogspot.com.br/

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    1. Lelê, ele é bem escrito, mas eu impliquei com algumas coisas....só que não desisti da autora, vou ler "A Pousada" ;)

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  5. Oi Luciano!
    Eu quero ler esse livro porque amei A Pousada Rose Harbor...
    Apesar de você não ter curtido muito, adorei a sua análise... Também acho que ninguém precisa de ninguém pra ser feliz. Pelo contrário, se a gente buscar a nossa felicidade em outra pessoa, e não for correspondido, irá sofrer demais.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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    1. Sora eu ainda vou ler "A Pousada", estava lendo-o antes de pegar este e gostando até o ponto em que li. Acho que vale a pena continuar ;)

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  6. Oi Luciano, tudo bem?
    Assim que vi esse livro da primeira vez, sabia que ele não tinha muito propósito. É um livro para passar o tempo, só isso.
    Realmente, sobre seus comentários da autora ter estereotipado a personagem, me parece ser bem o estilo de todas as comédias românticas comerciais. Todos os livros e filmes nesse estilo são assim, o que é bem chato, mas vende. É a mais pura verdade.

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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    1. Luara, pois é, e foi aí que ela me irritou pra caramba... eu já tô velhinho nesse mundo, espero coisas que me surpreendam, não que tragam mais do mesmo, o que é uma pena, pois a autora se mostra bem mais competente na "Pousada"...

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  7. Oi Luciano, tudo bem? Estou de volta, por aqui o/
    Então, não li "A Pousada Rose Harbor", mas ele é um dos livros que está na minha lista de desejados, gosto de livros que se passam em hotéis. Quanto a esse livro, confesso que ele não me despertou nenhuma vontade e agora lendo sua resenha, acabo por ter que devo passar longe. Possa ser que venho a ler futuramente, mas não é o que procuro no momento. Abraços!

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    1. Oi Lucas, tudo bem sim, e você?

      Também me interessei pelo "Pousada" por ele se passar em um hotel, fiquei curioso para ver a foram como a autora o desenvolveria, espero voltar a lê-lo em breve. Este "O Amor" é um livro para um dia, simples, sem compromissos...

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Oscar