7 de outubro de 2013

A Menina que Semeava, de Lou Aronica [Resenha #146]

A Menina que SemeavaSinopse: Chris Astor é um homem de seus quarenta e poucos anos que está passando pelo mais difícil trecho de sua vida. Ele tem uma filha, Becky, de 14 anos, que já passou imensas dificuldades até chegar a se tornar uma moça vibrante e alegre, mas que parece que terá que enfrentar mais um grande problema em sua vida. Quando Becky era pequena e teve câncer, Chris e ela inventaram um conto de fadas, uma fantasia infantil que adquiriu vida e tornou-se um terrível, provavelmente fatal, problema. Agora, Chris, Becky e Miea (a jovem rainha da fantasia criada por pai e filha) terão que desvendar um segredo: o segredo de por que seus mundos de fantasia e realidade se juntaram neste momento. O segredo para o propósito disso tudo. O segredo para o futuro. É um segredo que, se descoberto, irá redefinir a mente de todos eles.A menina que semeava é um romance de esforço e esperança, invenção e redescoberta. Ele pode muito bem levá-lo a algum lugar que você nunca imaginou que existisse. Uma fantasia que trabalha assuntos densos como a separação dos pais, oncologia infantil, separação de filha e pai, adolescência. A menina que semeava não é um livro sobre adolescentes comuns. É sobre uma que se deparou prematuramente com a ameaça do fim e teve de tentar aprender a lidar com ele.

Quando surgiram as primeiras informações sobre “A Menina que Semeava” elas me encheram de curiosidade e vontade para ler o livro. Meninas e meninos que fazem alguma coisa são sempre interessantes e tem algo pra contar, e eu sempre concordei com isso – na verdade, há uns quatro cinco anos eu estava escrevendo um livro sobre um menino que podia andar para sempre, e adivinhem qual seria o nome do livro?, pois é. Bom, meu livro degringolou, como tudo que eu já tentei escrever, e a leitura da menina que semeava não correu conforme eu esperava.

Becky é filha de pais separados, e está passando por uma fase difícil que se soma ao período em que vive, a adolescência, temendo a cada momento que um pesadelo do passado ressurgisse. Quando criança, tivera câncer, e uma das coisas que a ajudaram a melhorar fora a dedicação de seu pai, que para a entreter e fazer com que pensasse em outras coisas, inventara um reino mágico e contava a ela histórias sobre este reino, chamado Tamarisk, seu povo e seres fantásticos. Ao final, Becky sobrevivera à doença, já o casamento de seus pais não.

Agora, no hoje, este reino se mostrava presente novamente, enquanto ela temia que a doença ressurgisse e não tinha uma convivência muito positiva com seu pai. Ok, vamos lá.

O autor, Lou Aronica, optou por narrar a história em trechos alternados, ora nos apresentando o que se passa com Becky, seu pai, Chris, ou outra pessoa do mundo real; ora nos contando sobre o que se passa no reino de Tamarisk. Aí eu me irritei. Eu até achei a estrutura buscada pelo autor interessante, e elas têm funcionado comigo nos últimos tempos, mas aqui a coisa toda foi prejudicada por eu, desde as primeiras páginas, não ter conseguido me identificar com a menina, Becky, com seu pai, com sua mãe, com o reino de Tamarisk e sua rainha amargurada.

Quando você lê um livro e não sente empatia por nenhum dos personagens, fica difícil prosseguir com a leitura e tirar um bom proveito dela. Li resenhas bastante positivas sobre o livro, então isso acentua ainda mais o fator identificação como o principal motivo de eu não ter gostado dele. Reconheço que o paralelo que o autor traça entre o reino e Becky é bastante interessante – quando ela está doente, o reino também adoece – mas no meu caso ele não foi capaz de sustentar, sozinho, minha leitura. Eu senti falta de alguma coisa. Na verdade, acho que buscava algo, e não encontrei lá. Essa é a parte ruim de se ter expectativas.

Pra terminar, o livro tem uma edição muito bonita, a capa tem a aura de Tamarisk, e isso é um ponto positivo. No kit que a editora enviou aos parceiros, junto com o livro, vinha um frasco com borrifador muito parecido com aqueles de própolis, mel e afins que se vende nas farmácias, e ele tinha um cheiro realmente bom. Eu deveria ter desconfiado do nome “Essência de Tamarisk”, mas não o fiz, e o ponto é que borrifei o líquido duas vezes na minha boca. NÃO FAÇAM ISSO! Fiquei com uma secura incrível na garganta e uma salivação horrorosa na ponta da língua – como se fosse possível essas duas coisas acontecerem ao mesmo tempo – e hoje estou convencido de que aquilo não é pra consumo, então, #ficadica.

 

A Menina que Semeava, de Lou Aronica (Blue, 2010 Tradução de Maria Angela Amorim de Paschoal, 2013) – 416 páginas, ISBN 9788581632407, Editora Novo Conceito.

{C+}

13 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Ai eu ri com o final da resenha!!! A descrição dos seus sintomas foi ótima!!!! Bichinho quase foi envenenado por Essência de Tamarisk hahaha

    Luciano, já li fragmentos de coisas que você escreveu e sei que você é um bom narrado, por favor não mate o livro no titulo!!!

    E sim, você já sabe minha opinião sobre esse livros cujos titulos começam com "A menina que...", hoje só os compro depois de ler uma resenha de um leitor que eu considere honesto.

    E sim, estou cumprindo minha tradição de segunda, mas to com preguiça de deslogar e logar, então vou deixar o comentário assim mesmo.

    Cheros Pandora.

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    1. Hahahaha! Foi um momento e tanto na minha vida de curioso negligente! É assim que se aprende, né? Meu livro voltou pra minha cabeça, tenho que pensar nele de outra forma. Esse "A Menina" não me agradou tanto não, é uma pena.

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  2. =O
    AHAMMM, foi esse o susto que dei na minha yorkshare agora a pouco ao ler que você borrifou na boca 2X o tamarisk, nossa fiquei preocupada. Eu ia pra cama e deixar para vir comentar amanhã, mas depois disso não pude esperar. Espero que tenha sido bemmm passageiro esses sintomas. Creio que eles devam começar a colocar avisos preciosos nas embalagens para não acontecer coisas assim.

    Eu gosto muito dos seus pontos de vista e por isso quando vi que a resenha chegou no meu e-mail, primeiro como de praxe fui olhar sua nota, e vi um C+ e pensei, então ele não é tão ruim assim, mas lendo suas palavras você deveria ter dado um F- , credo ainda não li uma resenha que falasse bem desse livro. E o pior é que estou com umas leituras na frente e acabei colocando ele num concurso. Ai meus sais...é por isso que não tenho participação. Bem que coloquei outro no ar e também não tive nenhuma participação.

    Essa coisa de concurso não vai ser fácil, pensando em em conversar com os autores e dizer que só analisarei as obras e não farei concurso. Sinto que a página no facebook doa-se um livro é o melhor caminho para os novos autores. Consigo comentários em outros posts, mas em concurso nekas....nossa vim só comentar do livro e fiquei falando...desculpa ai...é que faz tempo que não apareço e sabe mulher fala de uma coisa e quando vê tem assunto para várias linhas, pois um puxa o outro.

    Obrigado pela resenha e você sabe que adoro seu espaço....bjus elis

    http://amagiareal.blogspot.com.br/

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    1. Outra pessoa que vai direto na nota \o/ - Não sou a única!!!

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    2. Elis, eu esperava muito desse livro e ele acabou me decepcionando, acho que é o que está acontecendo com outros leitores, o que é uma pena, de primeira, não deveríamos ser levados pelas expectativas...

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  3. Oi Luciano, tudo bem?
    Sei bem como é não se identificar com os personagens. Terminei uma leitura a poucos dias que também não me agradou tanto. Mas acontece. Estou com esse livro na cabeceira pra iniciar a leitura, depois de sua resenha acredito que vou iniciar de uma forma mais sem expectativas.
    Amanda Almeida
    Você é o que lê

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    1. Amanda, quando não há identificação a coisa complica e muito, fica difícil se "entender" com o livro. Acho que o melhor mesmo é encarar o livro numa boa, sem esperar tanto dele....

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  4. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA Sair enfiando goela abaixo líquidos suspeitos: tão eu! Hahahaha devo ter acabado com a minha reputação com este comentário, mas entenda como quiser, paciência. =D

    Mas quanto ao livro, acredito que aconteceu com você exatamente o que aconteceu comigo na leitura de A Menina Que Fazia Nevar. Impressão minha ou são livros que podemos chamar de semelhantes? Pelo menos, começando pelo título...

    Mas concordo que a capa é bonita.

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    1. Hahahaha! Pois é, como não viver perigosamente??

      Ficou difícil manter uma relação com o livro quando nada daquilo me convencia ou atraía, e a leitura foi se arrastando indefinidamente.... é triste, mas quando isso acontece não tem jeito.

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  5. Não conhecia o livro.Gostei da sinopse e achei interessante sua resenha,entendo isso de não se identificar com os personagens,normalmente isso não acontece comigo com livros, mas sim com filmes.

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  6. Luciano, há quanto tempo!

    Morri de rir com o fim da resenha também, HAHAHA

    Eu acho esses "brindes literários" bizarros, ainda mais pra borrifar na boca,
    tome cuidado! rs

    Abraço! ;]

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  7. Oi Luciano!
    Que pena que você não curtiu o livro... Eu adorei essa história!
    Sobre o brinde, até hoje não entendi o que era o negócio. Devia ter vindo com um bilhete explicativo! Tem cheiro de essência de baunilha, mas pelo seu relato já sei que não é de comer. :P

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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Oscar