20 de novembro de 2013

Metamorfose? – O Protetorado da Sombrinha: O Segundo Livro [Resenha #151]

Metamorfose - Texto


Sinopse: Nesta deliciosa e maldita sequência da série iniciada com ALMA?, Alexia Tarabotti se encontra envolvida, só pra variar, em um mistério sobrenatural. Alexia Maccon, a esposa do Conde de Woolsey, é arrancada do sono cedo demais, no meio da tarde, porque o marido, que deveria estar dormindo como qualquer lobisomem normal, está aos berros. Dali a pouco, ele desaperece – deixando a cargo dela um regimento de soldados sobrenaturais acampados no jardim, vários fantasmas exorcizados e uma Rainha Vitória indignada. Mas Lady Maccon conta com sua fiel sombrinha, seus artigos da última moda e seu arsenal de respostas mordazes. Mesmo quando suas investigações a levam à Escócia, o cafundó do Judas onde abundam abomináveis coletes, ela está preparada e acaba provocando uma verdadeira reviravolta na dinâmica da alcateia, como só uma preternatural é capaz de fazer. Talvez até encontre tempo para procurar seu imprevisível marido. Mas apenas se... lhe der vontade. A série de STEAMPUNK mais cultuada do mundo!


Existe uma classe rara de personagens: a daqueles pelos quais você sente uma empatia sem fim e acaba gostando ou aprovando tudo o que ele faz. Não é lá muito sensato, mas acontece, e, como leitor, me sinto extremamente recompensado com isso. Alexia é esse tipo de personagem, então foi com muita ansiedade que esperei pela continuação do muito bem sucedido “Alma?”.

Pequeno parêntese: essa resenha não contém spoilers do primeiro livro da série.

Primeiro acho sensato desfazer uma possível confusão causada pela sinopse: nela, Alexia é apresenta tanto o sobrenome “Tarabotti” quanto o “Maccon”. É fácil de se entender: mulheres trocam de sobrenome quando se casam, e não, não acho isso um spoiler, a resenha já deu elementos suficientes para que se some 1+1. Ok?

Sendo uma preternatural, Alexia não possui alma e, como bônus, é capaz de anular os poderes sobrenaturais de vampiros e lobisomens através do contato físico. Se ela toca um ser sobrenatural, ele passa a ser mortal enquanto esse contato perdurar. O fator “alma” é importante por, na época em que o livro se passa, o período vitoriano, os seres sobrenaturais não serem mais encarados como monstros: sua existência é conhecida da sociedade e possuem direitos e deveres como todo cidadão; um tipo de “agência reguladora”, o DAS, com uma regulamentação bastante rigorosa no quesito de se alimentar ou transformar um ser humano em um sobrenatural: este tem de querer, e mais importante, ter alma suficiente para enfrentar o processo. Mas, principalmente, sua aceitação se deve ao fato de o império britânico ser extremamente dependente deles: enquanto lobisomens são hábeis soldados, os vampiros são conselheiros valorosos.

Neste volume, um estranho acontecimento faz com que os sobrenaturais percam seus poderes e voltem a ser seres humanos enquanto permanecem em determinada área de Londres, ficando bastante suscetíveis e expostos, podendo ser mortos por qualquer pessoa. Como preternatural, Alexia é logo vista como suspeita, e tem de investigar o que está acontecendo, seguindo o rastro do surto de “humanização” pela qual os seres estão passando, numa jornada que a leva, de dirigível, até a Escócia.

Admiro a forma como a autora, Gail Carriger, consegue inserir em seu texto – narrativa rápida e extremamente bem humorada, agradável como poucas – elementos tão diversos quanto o humor, o suspense e a cultura inútil. Mesmo enquanto Alexia reclama da falta de atenção e de bons modos de uns e outros, ela mesma faz questão de comer ruidosamente quando acha que está sendo observada. Além do fato de que sua interação com os outros personagens, como sua amiga, Srta Ivy e a misteriosa Madame Lefoux, uma inventora francesa, serem os pontos altos da narrativa e, consequentemente, as ocasiões onde ela pode, sempre dona de si e sem se importar tanto com a etiqueta, pontuar suas crenças e pensamentos marcando seu território. Acredito que o leitor mais chato – como eu – não vai se importar com os comentários sobre moda, etiqueta, tom de pele e tamanho de nariz que sempre veem a tona: fazem parte da brincadeira, dão o tom da narrativa, e a deixam muito mais agradável. Raramente personagens implicantes são tão bem vindos e cumprem seu papel sem serem completamente irritantes.

Outro fator positivo é a naturalidade com que o leitor é reinserido na trama pela autora: para quem já leu o primeiro volume da série – recomendo fortemente que o façam, muitos personagens emblemáticos do primeiro livro estão de volta – não há estranheza nenhuma ao se deparar novamente com a Inglaterra vitoriana – e steampunk – de Alexia, e vamos reconhecendo as passagens com bastante facilidade.

Gostei bastante também de o mistério ser tratado de forma mais pungente, ele é onipresente, rodeia a todos os personagens e pede que seja solucionado o quanto antes, ao mesmo tempo em que a autora lidou com o texto de uma forma que existe espaço para outros temas, inclusive para o romance, o deboche e para se jogar um balde de água fria nos tabus que temos até hoje: não há um assunto espinhoso que Gail Carriger não saiba tratar com bom humor.

É muito bom!, e, de quebra, trás um final inesperado que me deixou um espinho na garganta que anseio por tirar logo. Sei que existe uma infinidade de séries sendo lançadas no mercado, mas, dentre todas, “O Protetorado da Sombrinha” é uma que vale realmente a pena.

 


+da série: Alma? - O Protetorado da Sombrinha: Livro 1

 

Metamorfose? - O Protetorado da Sombrinha: o Segundo Livro, de Gail Carriger(Changeless, 2010 Tradução de Flávia Carneiro Anderson, 2013) – 320 páginas, ISBN 9788565859165, Editora Valentina. [Comprar no Submarino]

{A+}

11 comentários:

  1. Eu quero começar essa série, mas os livros são tão caros! Eu acho que, para um livro curto, Alma? tem um preço absurdo - já vi por 45,00 em livrarias, e tipo, nem os volumes de As Crônicas de Gelo e Fogo, separadamente, custam isso. Mas vou ler daqui há um tempo, quando o preço baixar. Quero muito me iniciar no Steampunk, e vou começar com A Corte do Ar, da Saída de Emergência.

    Abraços!!!

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    1. Ah, eles valem o preço! Acredito que, conforme a série for popularizando o preço tende a cair...mas olha, foi minha primeira investida no steampunk e gostei muito.

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  2. Estou louco por esse lançamento, já que adorei "Alma?", simplesmente por ser um steampunk agradável, interessante, bem humorado, e um texto ágil. A escrita de Gail é ótima, e é difícil alguém não gostar - até quando beira o "ridiculo", mas que de ridiculo não tem nada, pois é ai que mora o humor da Alexis, haha!. Bem, vou ver se compro agora em dezembro, mas como a Lu disse acima, os preços estão caros mesmo.

    Abraços!
    - pensamentosdojoshua.blogspot.com

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    1. Joshua, exatamente! São justamente os momentos "ridículos" que deixam o livro tão divertido de se ler. Tenho certeza de que vai gostar da sequência ;)

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  3. esta nas minhas listas de que eu quero ler
    livro-azul.blogspot.com.br

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  4. Eu naõ sei o que é steampunk

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    1. Olha, na resenha anteior, eu defini "steampunk" assim:

      "É preciso explicar a sociedade na qual Alexia vive. Sendo um livro do subgênero steampunk, isso quer dizer, à grosso modo, que a autora escreve uma história no tempo passado onde se tem a presença de elementos tecnológicos posteriores à esta época, porém desenvolvidos com a “tecnologia” presente nela. Como o livro é ambientado no século dezenove, vemos chaleiras automatizadas movidas à vapor, elevadores à manivela e etc."

      mas veja mais sobre na Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Steampunk

      Abraços.

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  5. Cadê meu comentário que foi deixado aqui?!?!? Ah blogger, vc me trolou?!?!? Aii...Bem, eu sofro do mal da Luciana, quero começar a série, mas os livros estão caros, eu já meti o pé na jaca em outubro e tem o volume 2 da edição definitiva de Sandman que vai me levar a vender um rim... Mas a cada resenha sua "O protetorado da sombrinha" me seduz e seduz e eu sou uma leitora muito seduzível poxa!!! O consumismo literário é meu mal, mas os amigos ajudam muito quando ficam recomendando livros com entusiasmo como o seu a cada A+ #GolpeBaixoLuciano

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  6. Achei criativo. E, só pela sinopse, deu pra perceber que o livro é bem humorado ~ao menos, foi a impressão que tive. Só não sei se acompanharia.. Tô naquela dúvida em comprar títulos atuais...

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  7. Oi, Luciano!
    Vi que a série é grandinha e não sei se quero me envolver de uma forma que fique ansiosa para o próximo lançamento. O pessoal anda reclamando do preço, mas já baixou um pouco. Vou esperar a publicação de mais livros para então começar. Só tenho lido elogios!
    Bom fim de semana!!
    Beijus,

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Oscar