19 de junho de 2014

Banshee – 1ª e 2ª Temporadas

Banshee

Minha admiração pelo trabalho do Alan Ball começou com o Beleza Americana, que tirou de mim um sonoro “mas que porra foi essa?” quando terminei de assistí-lo. Se eu fosse parar para fazer uma lista dos filmes que me causaram uma forte impressão, daquelas que beiram o choque, com certeza ele estaria no Top 3. Algum tempo depois, adolescente insone que eu era, vi a chamada para a estreia do “A Sete Palmos” nas madrugadas do SBT, e gostei do que vi: uma família vestindo ternos escuros, que tocavam um negócio inusitado, uma casa funerária. Me ganhou. Nos créditos de abertura, uma grata surpresa: a série era uma criação de ninguém menos que o Alan Ball.

Eu vou pular o capítulo em que contaria que não me dei bem com o True Blood, até porque eu não desisti completamente dela. Vim aqui hoje para falar no mais recente projeto do cara, a série Banshee, que ele não é o criador, mas atua como produtor.

Banshee se passa em uma pequena cidade fictícia do interior da Pensilvânia, chamada Banshee, olha que surresa!, onde convivem nazistas, traficantes, cidadãos de bem, índios e uma comunidade amish. Na cidade impera o crime organizado, comandado pela figura onipresente de Kai Proctor, um dissidente amish inteligente e perigoso o bastante para se manter à margem da culpa: todos sabem quem ele é o que faz, mas daí a  provar algo contra ele é uma outra história. E, claro, ele já corrompeu dois terços da cidade.

Até que um jovem prefeito é eleito – vou ficar devendo, mas se não me engano Kai fora o responsável pela morte de alguém da família dele – e decide colocar as coisas nos eixos. Assim, ao invés de fazer uma eleição para se escolher um novo xerife – que inevitavelmente seria comprado por Kai – ele contrata um forasteiro, um estranho que, ele acredita, Kai não poderá corromper. Seu nome é Lucas Hood.

Lucas Hood

Mas entra na jogada o figuraça do Anthony Starr – um neozelandês com um nome nem um pouco humilde, concordo, mas excelente ator – que interpreta um cara que acabou de deixar a prisão após passar um longo período preso. Ele participara de um grande golpe que dera errado, e, para salvar a pele da mulher que amava, Anastasia, sua companheira de cama e de crime, serviu de boi de piranha, se entregando para que ela pudesse escapar.

Mas o mundo é injusto e cruel, e em produções com a grife Alan Ball isso não é diferente.

Quando é finalmente solto, ele se encontra sozinho. Anastasia, a mulher que ele amava e que se sacrificou para salvar? Sumiu. Perseguido por seu antigo empregador, Rabbit, – ele recebera um trabalho e não o completara, no mundo do crime isso resulta em…. pois é! – ele decide procurar Job, um experiente hacker e amigo das antigas, que consegue localizar Ana, vivendo em Banshee, e ele decide fazer uma visita, já que ela ficara com os diamantes conseguidos no golpe.

Nem tudo sai como esperado, e ele entra no bar de Suggar, um velho lutador de boxe que tenta levar a vida enquanto se equilibra na tênue linha entre uma vida honesta e a amizade com Kai. E, numa cena digna de Quentin Tarantino, sai de lá xerife, encarnando a figura de Lucas Hood.

Lucas não é um cara bem resolvido. Ele ainda ama Anastasia, a mulher que salvara, mas ela o abandonou e ele a reencontra, anos depois, em uma pequena cidade, casada com um promotor local, e mãe de dois filhos, utilizando o nome de Carrie, vivendo uma vida de dona de casa respeitável. Ao mesmo tempo em que ele diz que permanece em Banshee para reaver sua parte no golpe, ele ainda a ama, e não consegue se desvencilhar desse sentimento.

Carrie Hopewell - Anastasia

Assim como ela ainda nutre sentimentos por ele, mas ela é o que se pode chamar de sobrevivente. Escapara de um pai abusivo, que, ela tem certeza, não deixaria barato a “traição” que cometera, e agora, livre, tem uma família para cuidar. O reaparecimento de Lucas coloca tudo isso em xeque. É muito mais fácil se rastrear dois alvos quando eles estão juntos, e ela teme que sejam encontrados por Rabbit.

Sem contar que se disfarçar como um xerife não é exatamente o ideal para se passar despercebido. Mesmo com o suporte de Job, que altera os dados do Lucas Hodd original nas bases de dados do governo, existem muitas pontas soltas, há muita publicidade no trabalho, e milhares de formas pelas quais ele pode ser reconhecido como o impostor que é.

Mas ainda assim ele permanece em Banshee. E, isento de toda a legalidade que um xerife de verdade observa em suas ações, Hood passa a cuidar das chamadas do escritório do xerife do seu jeito, o que espanta seus assistentes, mas tem lá sua eficácia.

A série é muito bem produzida. Banshee é o tipo de cidade misteriosa que atrai nossa atenção, e os roteiristas criaram uma quadra de personagens que volta e meia se unem para cometerem pequenos golpes. Além de Hood e Carrie, eventualmente Suggar participa dessas ações, e faz o papel de cara sábio com um dedo no foda-se. E, claro, temos Job. E ele merece um parágrafo só dele.

Job

Job é um homossexual de ascendência asiática, com um senso de moda afiadíssimo, e altas habilidades como hacker e também como lutador. Assim como uma língua rápida em observações sarcásticas e insultos homéricos. Mexer com ele é sempre um problema. Além do que ele deve ter batido todos os recordes do uso da expressão “foda-se” na tv americana. Não há uma frase que ele diga que não venha adornada com ela. Como uma Lady Gaga do crime, sua aparição é sempre comemorada.

As duas primeiras temporadas são alicerçadas pela tentativa de Hood e Carrie se manterem fora do radar de Rabbit enquanto tentam acertar todas as questões pendentes que já traziam consigo e que o reencontro inesperado reavivam. Enquanto na primeira o relacionamento entre Kai e Hood é cheio de mordidas e assopros, com ameaças veladas e sorrisos tortos, na segunda temporada a animosidade aumenta, dando a clara impressão de que, nas vindouras, é o que ditará o andamento da narrativa.

Banshee é plural demais para que possa descrever as ações dos personagens, contra o que lutam e em que as ações que tomam influenciam. Partindo do dissidente amish ao chefe tribal, passa-se por alguns agentes federais que farejam no ar toda a bagunça sobre a qual a cidade está instalada. E, no campo amoroso,tudo é igualmente conturbado.

A série foi renovada para a terceira temporada, com estreia prevista para o primeiro semestre de 2015.

 

Banshee (Banshee – USA, Primeira Temporada: 2013; Segunda Temporada: 2014) Criada por Jonathan Tropper e David Schickler. Com Anthony Starr, Ivana Milicevic, Ulrich Thomsen, Frank Faison, Hoon Lee. Cinemax. Créditos completos aqui.

Primeira Temporada { A }
Segunda Temporada {A+}

 

Rodapé Comentou? Participe da promoção Top Comentarista. CLIQUE AQUI para preencher o formulário com sua participação.

3 comentários:

  1. Eu serei sincera: odiei Beleza Americana. Senti até um pouco de vergonha alheia com esse filme, MÃS Six Feet Under É GENIAL! Comecei a assistir a série por causa do Michael C. Hall e me encantei. Eu adoro séries de gente estranhona, então Banshee pode ser uma boa pedida, vou pesquisar!

    Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ahhhhh! Eu adorei o filme - mas, sim, é bem estranho! Eu também gosto muito do A Sete Palmos, acho que o Ball sabe narrar interações familiares como ninguém. E, sim, vale a pena ver Banshee ;)

      Excluir
  2. Olá Luciano, tudo bem?
    Confesso que não acompanho muitas séries por ainda não ter net em casa, mas adorei conhecer esta e sua animação sobre ela me fez ficar bastante curiosa também...Dica anotada!!

    ResponderExcluir

Olá, seu comentário é muito importante para nós.

Nenhum comentário aqui publicado sofre qualquer tipo de edição e/ou manipulação, porém o autor do blog se reserva o direito de excluir todo e qualquer comentário que apresente temática ofensiva, palavras de baixo calão, e qualquer tipo de preconceito e/ou discriminação racial, estando assim em desconformidade com nossa Política de Privacidade.

Oscar