5 de junho de 2015

Empire – Primeira Temporada [Séries]

Empire

Foi com certa desconfiança que comecei a assistir Empire, série criada por Danny Strong, Lee Daniels e Brian Grazer e que teve dez episódios em sua primeira temporada. Nela, conhecemos os Lyons, uma família que ficara rica através do trabalho do pai, o lendário rapper Lucious Lyon, que conseguira expandir seus negócios, imprimindo a marca de sua gravadora, a Empire, em diversos outros produtos, de espumantes à uma linha de roupas. É ele quem toca a empresa ao lado de sua namorada, Anica, e seu filho mais velho, Dre, mas tem sua vida virada de cabeça pra baixo de uma forma inesperada.

Antes de fazer sucesso, Lucious fora casado com Cookie, com quem tivera três filhos, mas logo no início de sua carreira ela é presa por tráfico de drogas, então promete segurar as pontas lá dentro enquanto ele trabalha aqui fora para dar boas condições de vida para seus filhos. Lucious atinge o estrelato, fica milionário e não aparece uma vez sequer para visitar Cookie na prisão. Aqui já dá para notar o tipo de cara que ele é: tão bandido quanto Cookie, ela bem podia tê-lo entregado para a justiça, mas assumiu toda a culpa sozinha, e ficara mofando na cadeia, enquanto ele se tornava cada vez mais rico e famoso, desfilando com uma namorada anos mais nova do que ela.

Empire

A série se passa no momento em que, ao mesmo tempo, Cookie sai da prisão disposta a tomar posse de tudo o que ela acha ter direito – ou seja, 50% da Empire Records – e com isso infernizar a vida de seu ex e sua nova namorada; e Lucious descobre ser portador de Esclerose Lateral Amiotrófica, ELA – a doença do desafio do balde de gelo – o que faz com que ele anuncie aos filhos que um deles será o herdeiro da Empire, e comandará a empresa quando ele morrer.

Acontece que ninguém pode saber que Lucious está doente, pois como ele planeja lançar ações da empresa na bolsa de valores para salvá-la do fim que parece inevitável para todas as gravadoras, os investidores não podem suspeitar da fragilidade do presidente e maior símbolo da companhia; então a família tem de ficar unida, e isso é uma coisa que eles não são.

Lucious e Cookie tiveram três filhos e todos eles apresentam defeitos que incomodam o rapper: Dre, sem talento musical algum, portador de Distúrbio Bipolar e casado com uma mulher branca; Jamal, o mais talentoso entre eles, mas gay, então há todo aquele preconceito do mercado de música negra, que não o  respeitaria e sua simples existência já o envergonha; e Hakeem, que era muito novo quando a mãe fora presa, a culpa por tudo e vai curar seus complexos nos braços da Naomi Campbell.

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O ponto alto da série é Cookie. Taraji P. Henson tem um timing para a comédia que é sensacional, sem contar que fiquei comovido com a história de mãe traficante que vai pra cadeia para garantir que o marido fique rico e sustente os filhos, e o melhor de tudo, ela não faz o papel da pobre mulher traída, ao contrário, demonstra muita personalidade ao infernizar Lucious e Anica.

Agora, Empire é uma série que gira em torno do mercado musical, então temos músicas e elas não me convenceram – apesar de terem vendido muito, segundo a Billboard, e contarem com a tutela do Timbaland. As composições são cantadas pelos irmãos, com Jamal seguindo uma vertente mais R’n’B e Hakeen um hip-hop mais nervoso. Não é o tipo de música que costumo ouvir, então quando cantavam era um pouco penoso pra mim.

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Sem contar que os roteiristas falham miseravelmente em passar a ideia de que tanto Hakeen, quanto Jamal, e até mesmo Lucious Lyon, são talentosos. Nós, que acompanhamos a série, sabemos que eles são talentosos porque a todo momento algum dos personagens solta algo como “ele é maravilhoso”, ou “isso vai se tornar viral”, ou, ainda “você é o futuro da música”, enquanto o elenco de apoio semicerra os olhos fazendo cara de êxtase, balançando o corpo ao som da música. Ah, fala sério!

Assim como falham em passar a imagem de Lucious Lyon o fodão do mundo das celebridades. Praticamente em todo episódio há uma cena em que ele fala com “Adele”, pelo telefone, ou então com o presidente americano, tratando-o por “Barack”. Não dá né, não cola, fica parecendo artificial demais e a série – e seus personagens – passariam melhor sem este recurso.

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A narrativa da série tem mudanças sutis ao longo dos episódios – como no relacionamento de Cookie com seus filhos e marido, que tem que ser reconstruído após tantos anos de ausência – e na segunda metade da temporada alguns conflitos vão se mostrando de forma mais nítida, ganhando destaque o tão falado rival da Empire, a Creedmore. E tenho que admitir, a rivalidade entre os irmãos é bem desenhada, quem nunca brigou com um irmão e dali a quinze minutos já estava rindo com ele?, achei isso bastante real, e funcionou bem como ponto de conflito.

No fim, acho que, mesmo com as cenas idiotas e as músicas que não me agradam, continuei assistindo Empire até o final por ela mostrar um conflito familiar que pode facilmente ser dimensionado para a vida real – sem o complexo de Itu – e por os personagens viverem dramas que fazem deles reais, como o filho gay que só quer ser aceito pelo pai; o filho inseguro que deseja reconhecimento, e até mesmo o músico talentoso embora mal caráter que se vê encurralado tendo de enfrentar uma doença implacável e sabendo que, se fizer um balanço da sua vida, não conseguirá um saldo positivo.

Para quem se animar em assistir, destaque especial para a participação da Courtney Love como uma estrela decadente do jazz. E uma boa notícia: Empire foi renovada para a segunda temporada.

Empire (Empire – USA, Season 1: 2015) Criada por Danny Strong, Lee Daniels e Brian Grazer. Com Taraji P. Henson, Terrence Howard, Bryshere Y. Gray, Jussie Smollett e Trai Byers. Fox. Créditos completos aqui.

{C+}

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Um comentário:

  1. A série parece boa por alguns aspectos mas eu duvido muito que fosse assistir...realmente não curto rap e hip-hop e imagino que para mim seria muito penoso também ter que ouvir as músicas.

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Oscar