23 de junho de 2015

Vango: Entre o Céu e a Terra, de Timothée de Fombelle [Resenha #224]

Vango


Sinopse: Salvar a pele e, ao mesmo tempo, descobrir a própria identidade. Este é o grande desafio de Vango, o jovem herói do novo romance do escritor francês 'Timothée de Fombelle'. Ao ler esse thriller histórico, ambientado no conturbado período entre as duas grandes guerras mundiais, somos impelidos a fugir com Vango pelos cinco continentes, num clima de absoluto perigo e suspense. Este rapaz órfão de 19 anos desconhece sua origem assim como desconhece a motivação do franco atirador que, além da polícia, está em seu encalço. Deparamo-nos com Vango na solenidade em que ele e outros seminaristas seriam ordenados padres na suntuosa catedral de Notre-Dame, em Paris. O assassinato do padre Jean, seu protetor, desencadeia a perseguição ao rapaz, que empreende uma fuga espetacular ao escalar nada menos do que os famosos vitrais da catedral. Essa cena é apenas um exemplo do clima de perseguição e aventura de que é feita toda a narrativa, quando acompanharemos nosso protagonista em situações e lugares improváveis - como um intruso escondido num caça da SS, galopando nas Terras Altas da Escócia, dependurado num vulcão italiano ou sobrevoando o Brasil e vários outros lugares num zepelim. O fracasso em não ter sido ordenado padre deixa nosso herói arrasado, mas a jovem Ethel fica bem feliz. É ela quem vai ajudar Vango a provar sua inocência e descobrir sua identidade. Também fazem parte da saga outros personagens marcados por vidas cheias de segredos, como Mademoiselle, a Senhora Poliglota e sem memória com quem Vango é salvo do naufrágio na costa da Sicília aos três anos de idade e Hugo Eckner, personagem verídico, comandante alemão do Graf Zepelin, esse grande dirigível que fascinou o mundo nas primeiras décadas do século XX. Outras personalidades incorporadas à história são Joseph Stalin, sua filha Svetlana e Adolf Hitler.


Poucas vezes começo uma resenha com medo de não conseguir passar para vocês o que penso de um livro, como agora. Na grande maioria das vezes, isso acontece quando gosto muito de um livro e bate aquela insegurança em não conseguir me expressar adequadamente na resenha. Foi isso que aconteceu com “Vango”, por que sim, ele é muito bom!

Em “Vango – Entre o Céu e a Terra”, do escritor francês Timothée de Fombelle, conhecemos Vango aos dezenove anos, prestes a se tornar padre, prostrado no chão em frente à catedral de Notre-Dame, durante um dos ritos mais belos e emocionantes da Igreja Católica, quando de repente a polícia chega e ele sabe intimamente que é buscando por ele, além do que, nas sombras, um atirador misterioso também está empenhado em tirar a vida do rapaz.

Desde já deixo claro que Timothée de Fombelle é um construtor hábil: de personagens, de cenários, e situações. Tudo o que acompanhamos desde a primeira página, todo o mistério que vem com o nome de Vango – quase como se fosse possível desvincular uma coisa da outra – e as cenas de ação de tirar o fôlego, quando como ele escala as paredes da grande catedral, tão famosa e significativa, não somente para a religião, mas também para a literatura, faz do livro algo que flui de maneira impressionante, e que prende o leitor desde o primeiro momento.

E o mistério é uma constante na narrativa.

Vango é um personagem por quem é impossível não se apaixonar e torcer abertamente para que ele tenha sucesso em fugir do que (ou quem) quer que seja que está fugindo. E essa empatia só aumenta quando o autor começa a nos revelar sua história, através da narrativa não-linear muito bem conduzida, e nos apresenta a uma francesa, Mademoiselle, aparentemente naufragada em uma pequena ilha, que tudo o que diz é a localização do garoto de quem ela cuida – o pequeno Vango – que deixara escondido até que pudesse sondar em qual terreno estava pisando.

E ele, morando na ilha, tem uma infância rica em descobertas. Educado por Mademoiselle, fala diversos idiomas, mas é no contato com a natureza, na habilidade de escalar intuitivamente os paredões e rochedos, e na proximidade com as andorinhas que fazem com que Vango seja um personagem peculiar, no melhor sentido que esta expressão puder significar. Mas logo fica claro que um menino que se sente tão livre, logo procurará buscar pela verdade de quem realmente ele é.

E este é um livro de aventura, e elas não faltam.

A ambientação é simplesmente deliciosa. O autor teve a grande ideia de situar boa parte da história no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, então vemos o surgimento e aumento de poder de figuras como Hitler, além de questões sociopolíticas próprias do período, como a aproximação de Mussolini ao líder alemão, e dos voos do Graf Zepelin, o grande dirigível que cortou os céus de todo o mundo sob o comando de Hugo Eckner, só para citar alguns dos personagens históricos vistos ou mencionados no livro.

E, sim, todo grande livro de aventura deveria ter um dirigível.

E é isso que “Vango” é: um grande livro de aventura que em nada fica devendo a grandes medalhões que se vê por aí. Contando ainda com diversos personagens criados pelo autor e que no livro ganham vida própria – como não se apaixonar também por Ethel? – é muito natural a forma como acabamos sendo envolvidos, e no quanto nos sentimos intimamente recompensados quando vemos nosso país representado ali também.

Falando da edição, o trabalho gráfico é incrível. A diagramação, a escolha em publicar o livro com a fonte em uma cor que lembra tijolo, as diversas imagens presentes no interior, e a edição bastante criteriosa estão a altura do que nos é contado por Fombelle.

Caso ainda não se tenham convencido, leiam, vale muito a pena.

 

Vango – Entre o Céu e a Terra, de Timothée de Fombelle (Vango – entre Ciel et Terre – Tradução de Maria Alice Sampaio Dória, 2015) – 360 páginas, ISBN 9788506077481. Editora Melhoramentos.

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{A+}

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5 comentários:

  1. Nossa... Isso foi uma resenha entusiasmada! Adorei. Fiquei muito curiosa com Vango, ele foi citado por muitos blogs, e agora vejo que a história vale a pena, aventura de boa qualidade, personagens históricos e o entre-guerras, período sobre eu preciso urgentemente saber um pouco mais.

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  2. Gosto muito de aventura e o mistério em volta de Vango e do porque querem pegá-lo me anima muito a ler esse história.

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  3. Caramba!!! Tô embasbacada. Chocada mesmo com essa resenha.

    Eu já sei do que se trata o livro, mas ler sua empolgação teve outro significado. Acho que vai pular na fila já. Muito bom mesmo!!!

    Que resenha empolgada!! Fiquei também!! Adorei!!!

    Bjks

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  4. Conheço esse sentimento, esse certo desespero em querer passar na resenha exatamente o que você sentiu quando estava lendo. Sua resenha ficou espetacular, concordo com a Alessandra no comentário acima, foi empolgante... e o jeito como você escreveu, sério! Muito bom.

    Beijos. Tudo Tem Refrão

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  5. Oie,
    Simplesmente UAU, estou com ele na fila e começarei na próxima semana. Feliz demais por poder ler uma resenha sua falando tão bem de tal livro, espero apreciar tanto quanto você amigo. E olha a edição está simplesmente maravilhosa, a qualidade impecável mesmo. Só falta eu amar a história para tudo ser perfeito. Beijos Elis!!!

    http://amagiareal.blogspot.com.br/

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