8 de setembro de 2015

172 Horas na Lua, de Johan Harstad [Resenha #233]

172 Horas Na Lua


Sinopse: O ano é 2018. Quase cinco décadas desde que o homem pisou na Lua pela primeira vez. Três adolescentes comuns vencem um sorteio mundial promovido pela NASA. Eles vão passar uma semana na base lunar DARLAH 2 - um lugar que, até então, só era conhecido pelos altos funcionários do governo americano.

Mia, Midore e Antoine se consideram os jovens mais sortudos do mundo. Mal sabem eles que a NASA tinha motivos para não ter enviando mais ninguém à Lua.

Eventos inexplicáveis e experiências fora do comum começam a acontecer...

Prepara-se para a contagem regressiva.


Que sou fã de ficção científica quem acompanha o blog há algum tempo sabe, então foi com muitos bons olhos que vi o lançamento de 172 Horas na Lua, do autor Johan Harstad.

A premissa do livro é interessante: a NASA, carecendo de recursos que lhes permitam desenvolver seus projetos, e pegando carona no sentimento de nostalgia que muitas pessoas ainda mutrem quase cinquenta anos após a chegada do homem na Lua, decide retomar as viagens lunares, mas desta vez, atraindo a maior quantidade de atenção possível: promovendo um concurso mundial que levaria os três primeiros adolescentes da história em uma missão de 172 horas na Lua.

Mas desde o começo fica muito claro que há muito mais por trás desta história. Pra começo de conversa, a missão ocupará uma base lunar que ninguém sabia que existia, a DARLAH 2, construída nos anos 70 e que jamais fora utilizada, permanecendo em segredo até então. Segundo a NASA, apesar dos quase cinquenta anos desde que fora construída – o livro se passa em 2018 – ela é totalmente operacional e pode recebê-los sem problemas.

O autor nos apresenta então os três protagonistas, os adolenscentes que serão sorteados para a viagem: um francês, Antoine; uma japonesa, Midori; e uma norueguesa, Mia. O problema aqui é que os três são muito pouco carismáticos, e o autor opta por focar a narrativa – apesar de alternar entre eles – em Mia, que é claramente construída para agradar ao público do livro: ela é uma garota descolada, vocalista de uma banda, que vê na viagem uma oportunidade para conseguir atingir o sucesso.

Eu sinceramente preferiria que Midori fosse mais ativa nos acontecimentos, ela, entre os três, me pareceu bem mais genuína.

O livro é dividido em três partes, com a primeira introduzindo os personagens e a situação, além de mostrar os preparativos para a missão. Esta parte poderia ser bem mais maçante do que é, então ponto para o autor. Na segunda temos a viagem em si, e é aqui que a mágica acontece.

O autor tem um estilo que me pareceu roteirizado. Seu texto é sempre bem pontuado pelas ações a serem tomadas e as implicações que elas trarão ao enredo. Por exemplo: desde o começo sabemos que há um mistério na Lua e que a NASA desistira das missões Apolo por temer este segredo, e não pela justificativa oficial, de que, finda a Guerra Fria, o interesse do cidadão americano em conquistas espaciais diminuíra. Então o autor procura soluções que façam com que seja justificada uma nova missão. Ele é prático, e eu tendo a gostar disto.

Gostei muito do ambiente lunar que ele criou e da forma como conduz o leitor em meio ao mistério. Se a primeira parte do livro é um pouco devagar, já aviso que aqui as coisas acontecem de maneira rápida. Há tensão no ar e ela chega a ser palpável, o que só faz bem ao texto.

Mas, tenho ressalvas.

A ideia de uma trinca de adolescentes em uma missçao espacial não me agrada. O livro poderia ser muito mais atrativo para mim se, ao invés de uma porção de personagens sem qualquer experiência – e com dramas de vida um tanto fúteis pra falar a verdade – trouxesse especialistas que sabem do assunto. As surpresas, o mistério, tudo ficaria melhor assim.

Em Encontro Com Rama, por exemplo, a coisa toda flui muito bem porque pessoas bem treinadas se deparam com o desconhecido e, em um primeiro momento, não sabem como reagir. Se 172 Horas na Lua seguisse essa premissa sinto que teria embarcado muito mais na história.

Outro ponto é que, em favor da surpresa, o narrador, onipresente, solta a mão do leitor em diversos momentos durante a trama, deixando-o em suspenso e usando de artimanhas para explicar e reverter fatos que o leitor já dava por definitivos. E isto é o que mais me incomoda em uma leitura. Tudo bem que, em favor do mistério, estes artifícios tenham de ser empregados, mas eu sou sempre a favor da cumplicidade entre o leitor e o narrador. Em livros onde o suspense e o mistério são os pontos fortes, essa ligação tem de existir, e tem de ser sincera.

Mas, ainda assim, 172 Horas na Lua é um bom livro. Acredito que ele é uma excelente porta de entrada para que leitores que ainda não tiveram contato com ficção científica possam se interessar pelo gênero. Ele não é tão complicado que assuste os novatos, ao mesmo tempo em que apresenta bons argumentos que não fazem feio frente a titulos consagrados.

Destaque ainda para a edição, que é repleta de ilustrações e diagramas que são muito válidos e acrescentam bastante à experiência de leitura.

 

172 Horas na Lua, de Johan Harstad (Darlah-172 timer på månen, 2008 Tradução de Camila Fernandes, 2015) – 288 páginas, ISBN 9788581637099, Editora Novo Conceito.

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Parceiro 2015

4 comentários:

  1. Pois eu acho que vou gostar muito!! rsrsrs.
    Nem comecei a ler, mas curto essa ingenuidade, esse jeito iniciante de ser. Mas só lendo mesmo pra saber.

    Adorei o resenhão!!!

    Bjksssssss

    Lelê

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  2. Oie,
    Vim correndo ler sua resenha e o fato é que levo muita fé no que escreve. Mesmo sendo um livro bom, também percebo que ele poderia ser melhor. Sinceramente juntar adolescentes nem sempre é bom, ainda mais num enredo assim. Fiquei receosa de ler, mas irei conferir porque gosto do tema.

    Beijos Elis - http://amagiareal.blogspot.com.br/

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  3. Eu tenho lido muito mai romances que ficção cientifica no ultimo tempo, então nem olhei muito para "172 horas na Lua", mas lendo a resenha achei a ideia instigante e concordo com você, o livro ficaria melhor se os protagonistas não fossem adolescentes e sim astronautas, ou se ao menos a equipe fosse mesclada, acho que daria um grau maior de verossimilhança a história o que casa muito bem com ficção cientifica.

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  4. Não sou muito de ler ficão científica, mas 172 horas na Lua me pareceu interessante a história. O fato sobre os protagonistas adolescentes e sem experiência é bem válido, Quem vai ler para a Saleta este livro é a Renata do blog Escuta Essa e confesso que caso contrário não pediria. Tenho sido muito seletiva ultimamente.:) Ótima resenha como sempre.
    Beijos Beijos
    Saleta de Leitura

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