1 de outubro de 2015

Zac & Mia, de A. J. Betts [Resenha #234]

Zac e Mia


Sinopse: A última pessoa que Zac esperava encontrar em seu quarto de hospital era uma garota como Mia - bonita, irritante, mal-humorada e com um gosto musical duvidoso.

No mundo real, ele nunca poderia ser amigo de uma pessoa como ela.

Mas no hospital as regras são diferentes. Uma batida na parede do seu quarto se transforma em uma amizade surpreendente.

Será que Mia precisa de Zac? Será que Zac precisa de Mia? Será que eles precisam tanto um do outro?

Contada sob a perspectiva de ambos, Zac e Mia é a história tocante de dois adolescentes comuns em circunstâncias extraordinárias.


Por mais incrível – e um tanto maluco – que pareça, em um momento onde estou lendo muito pouco, e no qual quase tudo que tenho começado a ler tem ficado pelo caminho, um sick-lit me fez querer virar a madrugada e saber logo onde tudo aquilo iria terminar.

Sempre achei interessante a forma apaixonada pela qual leitores se sentem atraídos por sick-lit, e fico me perguntando o quanto disso é interesse informativo ou só curiosidade mórbida mesmo, já que a gente – como leitor – acaba se aventurando pelas páginas mesmo sabendo que, invariavelmente, e de acordo com graus que estão intimamente ligados com a finesse do autor, nos farão sofrer.

Em “Zac & Mia”, título australiano publicado por aqui pela Editora Novo Conceito, conhecemos Zac, um adolescente que está em tratamento contra leucemia, e enfrentando tudo de forma bastante positiva – apesar das pesquisas que ele faz sem que sua mãe saiba, buscando por relatos de sobreviventes, testemunhos de outras pessoas que passam pela mesma situação que ele, e por estatísticas  que mostrem quais são suas chances de cura.

Ele é um garoto fácil de se gostar, por sua atitude pro-ativa, por não ficar choramingando, então, como leitor, acaba-se torcendo por ele, e é parte importante de um livro do gênero que o leitor se identifique com o personagem principal. E nisto ele é o completo oposto de Mia, que não consegue lidar com a descoberta da doença e dá muito trabalho, inclusive tentando manter uma aparência de a “garota mais popular do colégio” e futilidades afins, em uma imagem típica da adolescente vendida por nove em cada dez títulos com adolescentes.

Agora, um aviso. Se você for fã da Lady Gaga, se prepare para ter um colapso nervoso a cada menção não-honrosa que ela recebe no começo do livro, quase como se a autora estivesse de marcação e tivesse algo contra a moça – e minha mãe monstro – e não entendesse muito do que ela diz, e apenas se baseasse em suas atitudes. Feio, dona A. J. Betts.

Voltando ao livro, o ambiente claustrofóbico de um quarto de hospital é muito bem representado e potencia a surpresa e alívio que sentimos quando Zac sai em campo aberto, em um texto muito bem construído pela autora, e a impressão que temos é que estávamos lendo o livro com a respiração presa até que Zac vai para casa e se vê em meio à natureza. Ponto para  autora.

Agora, algo que achei que poderia ser mais trabalhado foi a narrativa sob os pontos de vistas dos dois personagens. Os pontos de vista em primeira pessoa até que funcionam, mas a autora demora demais em alterná-los, capítulos e mais capítulos se seguem sem que saibamos o outro lado da história e tudo o que recebemos são achismos de: a) um garoto tímido como Zac; e, b) uma menina descolada e maluca, como Mia.

Assim fica difícil que algo possa acontecer que não desencontros! E, por falar nisso, acho que a história orbita ao redor deles em uma elipse, sendo que o relacionamento entre eles – e seja qual for, de amigos ou de dois jovens doentes com perspectivas diferentes sobre o futuro – fica localizado bem mais no perigeu.

No mais, são um tanto previsíveis os embates e mudanças que Zac e Mia tem capacidade de proporcionar um ao outro, mas nem por isso elas perdem sua razão de ser. Se ele encara sua doença de uma forma bastante positiva, é esperado que ele vá tentar fazê-la enxergar a coisa toda de uma forma diferente, agora, a pergunta que vale um milhão de reais é: ela quer ajuda?

Não sei se o livro convence do começo ao fim – as mudanças acontecem de forma muito rápida – mas ele é honesto, e instigante, taí as razões pelas quais não consegui largá-lo. A autora tem um ponto de vista sobre a questão e o que ela fez foi compartilhá-lo. De diversas formas, fico agradecido e até tocado pelas cores através das quais ela vê tudo.

 

Zac & Mia, de A. J. Betts (Zac and Mia, 2013 Tradução de Sylvio Monteiro Deutsch, 2015) – 288 páginas, ISBN 9788581637716, Editora Novo Conceito.

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{B-}

Parceiro 2015

5 comentários:

  1. Não tem explicação. Como eu mudo de gosto toda semana, fica mais difícil ainda explicar porque gosto.
    Mesmo com esses pontos negativos que você citou, quando estou numa febre de ler Sick-lit, não consigo ver nada de ruim no livro, rsrs.

    Aquele momento emo-gótico que eu não escapo.

    Adorei a resenha!! Quando eu ler, eu te conto ;)

    Bjkssssss

    Lelê

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  2. Oie,
    Agora to em cima do muro, você não apreciou tanto, mesmo tendo atravessado a noite com a leitura. Uma outra blogueira que acompanho elogio de uma maneira que me fez pensar, porque eu não li ainda. Então cheguei no ponto onde terei de ler para descobrir por mim mesma. Espero que a mim ele convença do início ao fim...shausha.

    Gostei da resenha bem elaborada. beijos elis!!!

    http://amagiareal.blogspot.com.br/

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  3. Eu gosto de livros honestos, independente do tema que abordam... Nem sempre estou com clima para sick-lit, mas de vez em quando me sinto precisando de uma catarse, ai tenho que encontrar algum livro que me balance, envolva e me faça descarregar toda a frustração em forma de lágrimas.

    "Zac & Mia" vai para a listinha de livros para esse tipo de momento!

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  4. Oii, já ouvi falar desse livro, mas ainda não tive tempo pra dar uma conferida, adorei o blog, estou te seguindo. Bjos.

    http://yuugracindo.blogspot.com.br/

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  5. Eu não solicitei esse livro e somente li a degustação que foi enviada. Com tantas leituras na fila declinei ler Zac & Mia.
    Pela sua resenha vejo que é uma leitura que prende e chega a um fim "honesto e instigante" , mas não estou em um bom momento para embarcar neste gênero.
    Beijos
    Saleta de Leitura

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Oscar