Sinopse: Alasca, 1920: um lugar especialmente difícil para os recém-chegados Jack e Mabel. Sem filhos, eles estão se afastando cada vez mais um do outro. Em um dos raros momentos juntos, durante a primeira nevasca da temporada, eles constroem uma criança feita de neve. Na manhã seguinte, a criança de neve some. Dias depois, eles avistam uma criança loira correndo por entre as árvores. Uma menina que parece não ser de verdade, acompanhada de uma raposa vermelha e que, de alguma formam consegue sobreviver sozinha no frio e rigoroso inverno do Alasca. Enquanto Jack e Mabel se esforçam para entender esta criança que parece saída das páginas de um conto de fadas, eles começam a amá-la como se fosse sua própria filha. No entanto, nesse lugar bonito e sombrio, as coisas raramente são como aparentam, e o que eles aprenderão sobre essa misteriosa menina irá transformar a vida de todos.
Comentei no Instagram e repito aqui que, quando o livro de estreia de um autor é indicado ao Pulitzer, a gente tem que ficar de olho nele. Com seu livro de estreia, “A Menina da Neve”, Eowyn Ivey conseguiu esta façanha, e nos entregou um belo livro.
Livros que têm o clima como um elemento presente, quase como um personagem, me atraem muito. Em grande parte vem daí minha admiração pelos russos, e todo o meu amor por “Adeus à Inocência”, da Drusilla Campbell e também publicado pela Novo Conceito. Em “A Menina da Neve”, ao invés do calor calcinante do deserto da Califórnia, entra em cena um dos lugares mais inóspitos e selvagens do planeta, o Alasca.
Quando a gente pensa no Alasca, vem logo a mente diversos filmes e documentários que provam que aquele é um lugar excelente para tomadas aéreas, com seus picos com neve o ano todo, e a natureza misteriosa abaixo. É em parte neste cenário que Eowyn Ivey introduz seus personagens.
No livro, Jack e Mabel não são mais tão jovens e comunicam-se o menos possível graças a uma barreira de gelo que se solidificara entre os dois, resultado de um aborto sofrido por ela e de mágoas e ressentimentos que ficaram muito entranhados na relação, sem que buscassem uma solução para tanto.
Após o trauma, e numa tentativa desesperada de reconstruírem suas vidas longe da influência da família – em especial da família dele, que enxerga ela como uma mulher frágil, sem talentos para o lide diário da vida e, além do mais, incapaz de gerar um filho que os ajude nas tarefas do campo – eles decidem atender ao chamado do governo do Alasca, que diziam que precisavam de pioneiros dispostos a desbravar o território e enfrentar os invernos longos e impiedosos.
Compram então um lote de terras no Alasca, e partem para lá.
No começo do livro dá para “cortar com uma faca” o clima entre Mabel e Jack, ela é uma mulher triste, calada, isolada em sua cabana; enquanto ele se ressente por não ser mais jovem e ter consciência de que será muito difícil para eles enfrentarem um novo inverno, quando já estão sem dinheiro e, ele também sabe, suas forças para lidar com a terra se esvaem a cada dia com o peso da idade.
As coisas melhoram um pouco quando eles conhecem alguns vizinhos, Esther e George, uma família numerosa e barulhenta que contrasta e muito com a vida calma, organizada e solitária dos dois, mas que se mostram de extrema utilidade ao lhes darem conselhos sobre como passar o inverno sem que passem fome: apesar de já ser um pouco tarde para isso, Jack tem que caçar um alce.
De volta a sua casa, em meio a uma nevasca, algo se acende na relação entre os dois, e, como crianças, brincam na neve e constroem um boneco de neve, uma menina.
Boa parte da mágica do livro reside em você acreditar que a menina da neve é real ou não. Não existem, em um primeiro momento, nada que possa servir de prova para sua existência que não os breves avistamentos por dois sujeitos cansados da dura vida no Alasca, e a gente, assim como seus vizinhos, se perguntam se não estão ficando malucos.
Gostei muito desse tom de mistérios em que a menina é envolta pela narradora – o livro, por sinal, é narrado em terceira pessoa – no quanto é irreal que uma garota possa, sozinha, sobreviver em condições adversas que, muito facilmente, mataria um homem, e, ao mesmo tempo, em toda a poesia que existe em sua existência.
Os desdobramentos da história são um tanto tristes, mas lógicos, e servem, em grande medida, para que Mabel e Jack tenha sua própria experiência do que é ser pais, de saborear tanto o amor incondicional de uma filha que, porque não, moldaram em neve e desejaram do fundo de seus corações.
A Menina da Neve, de Ewoyn Ivey (The Snow Child, 2012 – Tradução de Paulo Polzonoff Junior,2015) – 352 páginas, ISBN 9788581638010, Editora Novo Conceito.
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Ai, amei a resenha!
ResponderExcluirAinda não consegui nem começar a ler, mas é o que mais quero fazer no momento!
Lindo!!!
Bjksssss
OI Lu, pois é, eu tive um sentimento de amor e ódio porque no final do livro acontecem aquelas coisas que acho que poderiam ter sido diferentes e não posso citar aqui quais são, mas muito da coisa perde a pureza de tudo, entende? Acho que neste fato eu fiquei decepcionada, mas com o resto achei maravilhoso o livro. Lindo o cenário do Alasca e olha que eu jamais pensaria em um lugar assim.
ResponderExcluirBeijos,
Greice Negrini
Blogando Livros
www.amigasemulheres.com
Li este livro recentemente e adorei cada página. Achei magicamente triste o livro e isto foi perfeito, precisava mesmo de uma leitura com toques dramáticos.
ResponderExcluirBeijo, Vanessa Meiser - Retrô Books
http://balaiodelivros.blogspot.com.br/
Esse livro tá na minha lista!!!
ResponderExcluirEspero tê-lo logo!
Adorei a resenha!!
Beijinhos :*
Sankas Books
Eu sou do tipo que escolhe acreditar naquilo que torna a vida menos dura... Eu gostei desse livro pela capa, pela sinopse, a indicação a um prêmio importante me fez acreditar mais nele, sua resenha me deu um sentimento de urgência e necessidade de ler o livro.
ResponderExcluirComo sempre é muito bom está aqui Luciano. Vou ler sim "A menina da neve".
Li A Menina da Neve. Também gostei do livro, apesar de não ter adorado. A fábula é boa, alguns personagens são cativantes, outros não, acho que porque não consegui empatia com Faina, mas dá pra passar kkkk
ResponderExcluirAlexandre do blog Do Que Eu Leio
@_alexandremelo
zhengjx20160610
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