11 de janeiro de 2016

Kingmaker – Uma Jornada no Inverno, de Toby Clements [Resenha #238]

Uma Jornada no Inverno


Sinopse: Primeiro de uma série épica assinada pelo britânico Toby Clements, Uma jornada no inverno é um hino à coragem e à resistência humanas urdido com rigor e paixão. Ambientado durante a sangrenta Guerra das Rosas, o livro mescla uma precisa reconstrução histórica com o ritmo ágil dos melhores romances, ao acompanhar os desdobramentos da brutal disputa de poder entre duas famílias pela perspectiva de pessoas comuns, homens e mulheres tentando sobreviver numa Inglaterra dominada pelo medo e pela violência. Um romance histórico vívido e brilhante, perfeito para fãs de clássicos como Os pilares da Terra, de relatos históricos e de séries como Game of Thrones.


Livro de estreia do autor – e crítico literário – Toby Stevens, “Uma Jornada no Inverno” abre a série de romance histórico “Kingmaker”, que vem a contar os fatos ocorridos na conhecida Guerra das Rosas, onde duas casas, os Lancasters e os Yorks lutavam pelo direito ao trono britânico, embasados em tratados de herdades e laços da casamentos complicadíssimos, que permitiam a um ou outro lado julgar como de seu pleno direito a posse do trono.

Uma das cosias que mais me agradaram no livro – e que, por sinal, faz com que ele se desvie dos demais romances históricos – é que o autor opta por utilizar como personagens principais não pessoas célebres como o Duque de York ou o Conde Warwick, mas duas pessoas do povo, que, graças ao acaso e por estarem “no lugar errado na pior hora possível”, veêm suas vidas transformadas para sempre.

Thomas é um clérigo que passa seus dias dedicando-se à manutenção das regras monásticas e a confecção de seu saltério, à mão, com delicadas ilustrações e arremates em gesso e ouro, e do qual ele muito se orgulha, consciente da delicadeza e da importância de seu trabalho. Já Katherine, é uma irmã que entrara no priorado muito cedo, tendo sido aceita como oblata, e, assim como Thomas, vive uma vida simples e dura, especialmente no inverno, sob o crivo rígido da madre superiora. Apesar de as duas instituições dividirem a mesma parede, irmãos e irmãs jamais se encontram, reclusos cada qual em seu território, até uma manhã.

Enquanto estão fora das paredes do priorado executando atividades diárias, são “emboscados” por alguns cavaleiros de Sir Giles Riven, e não pude deixar de ficar surpreso pelo desrespeito que os cavaleiros demonstram com os membros da igreja, de tal forma que Thomas sabe que, se o pegam será morto; e Katherine que, antes de matá-la, ainda lhe farão algo pior.

É preciso notar que Thomas e Katherine são totalmente alheios às causas exteriores ao priorado. Sabem muito pouco, e, apesar de deverem obediência à figura do Rei, claro, tem muito pouco conhecimento sobre as batalhas que vem sendo tratadas desde que o Rei, mentalmente frágil, vem sendo comandado por sua rainha, uma francesa. Assim, não tomam partido, não tem lados definidos, porque então merecem serem abatidos como animais?

Em um momento de desespero, Thomas e as irmãs decidem reagir e ferem gravemente o filho de Sir Giles Riven. Isso marca seu destino.

Os desdobramentos ao ataque ao filho de um Sir são drásticos e os acompanhei com a respiração suspensa. Aqui o autor nos brinda com uma narrativa de batalha primorosa pela qual já é bem reconhecido mesmo em seu romance de estreia, cheia de detalhes e nuances de movimentos, desenhando toda a ação de forma que a imaginamos sem muita dificuldade, e, por mais que sejam óbvios os desfechos, é impossível não fiar surpreso.

O que posso dizer é que Thomas e Katherine se veem em um bote, remando por suas vidas ao mesmo tempo que deixam para trás toda a vida que conhecem.

Com sua história se passando no século XV e em um momento dos mais conturbados, o livro é um prato cheio para quem gosta de romances históricos. É interessante acompanhar os costumes e ver uma sociedade que, ao mesmo tempo em que é fortemente embasada na religião, é capaz de demonstrações de puro desrespeito e cureldade.

Assim, quando Thomas e Katherine, perdidos, famintos, e temerosos de serem pegos e entregues a Sir Giles ou mandados de volta ao priorado, recebem ajuda de um homem, vendedor de indulgências para a Igreja, a gente sente um alívio tremendo. Este homem, por sinal, será o responsável por um dos maiores segredos da série até aqui: a posse de um livro onde estão anotadas as presenças de diversas tropas na guerra contra a França. É óbvio que se trata de um objeto de valor, mas Thomas neste volume ainda não tem uma ideia concreta do que se trata.

O outro segredo em si é o que me deixou mais curioso e envolve Khaterine. Ele não se lembra de quem a levara ao priorado, porém, em meio à Guerra é reconhecida. O autor deixa o assunto morto sem fornecer explicações minimamente convincentes – espertinho! – e, espero, será tratado mais a frente, em um futuro volume da série.

Existem batalhas belamente descritas – a despeito de todo o sangue e horror – personagens carismáticos por quem nos apegamos facilmente, como Sir John Fakenhan, e seu filho, Richard, mas as melhores partes do livro se baseiam na relação entre Thomas e Katherine. Enclausurados no priorado, cada qual com seus irmão de ordem, não estão acostumados à visão ou contato com o sexo oposto, então quando Katherine tem de se vestir como um garoto para que possam se mover com mais facilidade, e se camuflarem na multidão (seus eprseguidores esperam encontrar um casal, não dois homens) isso implica em um alto número de questionamentos e reprimendas que ambos fazem a si mesmos.

É, sem dúvida, um começo de série muito bom. Sinceramente, espero que o autor pare um pouco de praticar arco e flecha e passe a se dedicar integralmente ao livro. Precido do próximo volume urgentemente.

Uma Jornada no Inverno - Dados

Uma Jornada no Inverno: Kingmaker Livro 1, de Toby Clements (Kingmaker: Winter Pilgrims, 2014 Tradução de Geni Hirata, 2015) – 576 páginas, ISBN 9788532529824, Editora Rocco.

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4 comentários:

  1. É um livrão né? Eu vi ele na livraria e confesso que o medo me deu um medinho.

    Mas agora até me deu uma coragem... Vai pra lista.

    Bjksssss

    Lelê

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    1. Lelê, eu li ele em e-book, mas pela quantidade de páginas imagino que seja um livrão mesmo, rsrsrs!

      Dois abraços!

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  2. Oie,
    Uau que capa bonita, pelo enredo parece que eu me aventuraria facilmente por essas páginas e leria com tanto prazer quanto o que teve, gosto quando eles retratam a obra por visões de pessoas mais simples. Fiquei super curiosa...espero ter a oportunidade de ler.
    E meu desejo é que o autor logo realize seu pedido.

    Beijos
    http://amagiareal.blogspot.com.br/

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    1. Elis, vale muito a pena ler, se você curte romances históricos então é uma leitura obrigatória ;)

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