16 de julho de 2010

Mundo Sem Fim [Resenha #002]

Ken Follett para mim era um nome conhecido, sempre vi livros seus em livrarias, revistas, nas mãos de outras pessoas, mas nunca havia lido nada dele. A oportunidade surgiu quando vi uma promoção ofertando o Mundo sem Fim (World Without End, 2007) por 1/3 do preço de tabela. Sei que não se deve fazer isso, mas um livro de mais de 900 páginas, de um escritor renomado, por esse preço é uma oferta tentadora, então comprei. É assim que se faz quando se junta a fome com a vontade de comer: queria ler um livro de Follett, estavam vendendo um a um preço mais que aceitável.

Mas vamos ao livro.

livro-mundo-sem-fim_thumb[1] Mundo sem Fim abrange um período de 34 anos: de 1º de novembro de 1327 à novembro de 1361, nas vidas de Caris Whooler, Merthin Fitzgerald, Ralph Fitzgerald e Gwenda Wighleigh – descendentes dos personagens do livro de maior sucesso do escritor, Os Pilares da Terra – que se conhecem durante a Feira do Velocino de 1327, e a partir de então têm suas vidas entrelaçadas depois de presenciarem uma perseguição a um cavaleiro. Os acontecimentos daquele ano, mais precisamente os ocorridos durante na Feira do Velocino, traça o futuro dos quatro, de forma trágica, tanto para a menina rica Caris Whooler, quanto para os filhos de um Lord em desgraça, Merthin e Ralph Fitzgerald.

O livro relata a vida em um dos maiores vilarejos da Inglaterra naquele tempo, Kingsbridge, em como a sociedade tinha de ser subserviente ao clero, aos nobres, assim como as mulheres aos homens. Não há justiça aparente, e quem se atreve a buscá-la sofre as consequências das duras sanções impostas por lordes rancorosos e padres sem escrúpulos.

Como sempre não entrarei em detalhes quanto à história, não quero fazer deste post um spoiler, o que comumente pode acontecer quando se fala de um livro ou de um filme. Passarei então a falar sobre o que achei do livro.

Não se pode negar que seja cativante, pois é. Acompanhar a vida dos quatro personagens principais e as transformações pelas quais passam ao longo da narrativa é fascinante, uma luta é desbravada a cada momento, e existem inimigos muitas vezes maiores que os próprios personagens, nas figuras mais improváveis, como o próprio orgulho, o medo, um pai, um tio ou as injustas leis. A vida não é fácil na Inglaterra do século XIV.

Por falar na narrativa, uma coisa que me incomodou um pouco foi o realismo, não sei se esse é o estilo de Follett, mas creio que nada se acrescenta num livro ao se descrever cenas de nudez ou sexo claramente e com um vocabulário um tanto quanto franco. Não era o que eu esperava encontrar num romance histórico, mas o fato me fez lembrar de um livro de Raymond Chandler– não me lembro o título no momento – onde Philip Marlowe (o tempo passou e não tenho mais nenhuma certeza de que se trate de um livro de Chandler, e, por mais que force a memória, não consigo me lembrar) cuidava de um escritor de romances históricos classificado por ele como baratos, daqueles com milhares de páginas, cenas de sexo explícito e vendidos a um preço baixo. Sinto muito Follett, seu livro se encaixa na descrição, apesar de eu ter gostado da obra como um todo.

Mundo sem fim me agradou no final das contas. Como já disse, acompanhar o desenrolar da vida dos personagens é agradável, apesar de as coisas nem sempre estarem agradáveis para eles, e as constantes reviravoltas trazem emoção à narrativa.

Gostei de Follett, mas não sinto ânsia para ler mais alguma coisa dele não

:: Compre Mundo Sem Fim, de Ken Follet.

Mundo Sem Fim (World Without End, 2007) Ken Follet, Editora Rocco.

3,5

 

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Este post foi publicado, com mínimas diferenças, no dia 3 de julho de 2009, em meu outro blog.

2 comentários:

  1. Sério que você se incomodou com as cenas de sexo do Mundo sem Fim? Eu não me incomodo não. Sexo faz parte da vida, se forem cenas interessantes, relevantes para construir a intimidade dos personagens, eu acho válido. E a parte "romance de formação" do livro, das meninas e meninos descobrindo o sexo, não tem como ficar de fora.

    "Capitães de areia" me vem a mente, tem cenas de sexo muito bem pensadas e importantes.

    Vale spoiler nos comentários? Um certo "flagra" que foi muito importante para a história, foi bem divertido.

    Cenas inúteis e gratuitas de sexo, só pra vender livro: o último volume da série Ayla, filha das Cavernas. Um horror.

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    1. Sharon, é que não esperava vê-las em tamanha quantidade, nem envolvendo quem envolvia. Na verdade, era um pouco bobinho ainda, rsrs. Ah, esse flagra foi ponto chave, rs.

      Bom livro, vale a pena ler ;)

      Excluir

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