9 de maio de 2011

O Misterioso Caso de Styles, de Agatha Christie [Resenha #017]

stylesO Misterioso Caso de Styles trás a Rainha do Crime em seus primórdios. Primeiro livro escrito pela autora, publicado em 1920, quatro anos após ela tê-lo concluído, nele somos apresentados àquele que viria a ser seu maior personagem, Hercule Poirot, investigando a estranha morte de uma rica senhora, aparentemente por envenenamento. Arthur Hastings, que estava hospedado na mansão Styles para se recuperar de uma enfermidade  a convite do enteado da vítima, John Cavendish, é o narrador da história, contando-a com o intuito de elucidar os fatos e saciar a gana por boatos que normalmente tem a opinião pública.

Hastings, como dito, vai para a mansão Styles a fim de recuperar-se de uma enfermidade e sua estada corria bem, até que no meio da noite a Sra. Inglethorp, proprietária da mansão, é encontrada morta em sua cama. O intrigante é que as portas de seu quarto estavam trancadas por dentro, e um médico da família levanta a suspeita de que o que antes aparentava ser mero ataque cardíaco poderia, na verdade, se tratar de assassinato por envenenamento. Por acaso Hercule Poirot se encontrava na cidade – e isso sempre acontece – hospedado com outros cidadãos belgas, refugiados durante a guerra e acolhidos graças à benevolência da Sra. Inglethorp, então Hastings sugere a John Cavendish que este permita que Poirot investigue o caso, com o maior sigilo possível.

Poirot era um homem extremamente baixinho. Não deveria ter mais do que 1,60m, mas tinha seu orgulho próprio e andava de cabeça erguida. Sua cabeça tinha o exato formato de um ovo, mas ele nunca ligou para isso. Tinha um estilo militar; a limpeza de suas roupas era de invejar, acredito que causaria mais dor nele uma mancha de sujeira do que um tiro. Este homenzinho esquisito que mancava um pouco foi na sua época um dos melhores membros da polícia Belga. Como detetive tinha um talento extraordinário conseguindo resolver casos complexos e emaranhados.

A partir de então todos passam a ser suspeitos, e Poirot se utiliza de suas células cinzentas de forma engenhosa, buscando não somente elucidar o caso mas também corrigir alguns dos problemas dos envolvidos, muitas vezes tomando um caminho mais longo e inesperado que o óbvio – apesar de o óbvio nunca ser assim tão aparente nos livros da Rainha do Crime, exigindo do leitor bom uso de suas próprias células cinzentas – para que garanta seu sucesso na investigação, não deixando ao criminoso oportunidade de escapar impune.

O Misterioso Caso de Styles no Submarino me agradou bastante: a essência da futura Rainha do Crime já pode ser encontrada aqui: toda genialidade na construção e desenrolar da história, e também no despistar do leitor em busca do culpado pelo crime; porém em uma versão menos requintada que aquela que o tempo e a experiência tão bem moldaram, brindando-nos com grandes clássicos da literatura policial.  E, se em Styles o final era o previsto, ao menos a forma como se deu é bem diferente…essa é a Rainha do Crime!

O Misterioso Caso de Styles (The Mysterious Affair at Styles, 1920Tradução de A.B. Pinheiro de Lemos) Agatha Christie – 160 páginas, Editora Record.

 

3,5

 

.

8 comentários:

  1. Gostei da resenha!
    Gasto boa parte do meu salário com livros, sempre digo que vou comprar algo da Agatha Christie para conhecer... Nunca li nada dela, e todos que lêem seus livros dizem que são muito bons.

    Legal o projeto “50 livros em 2011”. Gosto de listas, me fazem cumprir o que a preguiça e o sono tentam destruir.

    Abraço, gostei do espaço!

    ResponderExcluir
  2. Olá Au,

    Vale muito a pena ler algo de Agatha, se gosta de romance policial vai se sentir bastante a vontade.
    Ah, eu também acho que nunca dormi o suficiente, então bem vindo ao clube!

    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  3. Luciano, bela resenha. Eu li este livro há tantos anos e como me lembro bem dele! Já não preciso mais dizer que sou fã dela. Vc sabe por acaso onde posso achar uma lista com todos os casos do Poirot, eu já li tantos , gostaria de saber se existe algum que eu não li :-).

    bjs

    ResponderExcluir
  4. Vanessa,

    Agatha é sempre uma boa pedida, já li muito dela, agora estou tentando ler seus livro cronologicamente, mas sem compromissos. Na página de Poirot na
    wikipédia, existe uma lista das obras protagonizadas por ele, e também uma com todas as obras da autora, listando inclusive os detetives da história, aqui.

    Abração.

    ResponderExcluir
  5. Postei o link dessa tua resenha no meu Tumblr (adoro esse livro, um dos meus prediletos dela, embora, como você mesmo apontou, por ser os primórdios, ainda não possui a sofisticação do desenrolar narrativo que seria a marca registrada de obras posteriores):

    http://jleberg.tumblr.com/post/5422137196/o-misterioso-caso-de-styles-agatha-christie-resenha

    Abração!

    ResponderExcluir
  6. Hey Jorge,

    Valeu mesmo por mais esta. Foi o que achei, "Christie" está lá e até se faz presente em alguns momentos, mas ainda não é "A Christie"!

    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  7. Saudade dessa história eu li ela a uns dois anos, eu sempre me surpreendo com a Agatha, e me sinto um pouco mais inteligente após terminar de ler uma obra sua.
    Adorei a resenha amigo....beijokas elis

    ResponderExcluir
  8. Elis,

    É sempre bom ler Agatha, e seguir pelas páginas através da condução majestosa dos fatos que somente ela sabe manter. Styles já demonstrava a grande autora que ela viria a ser.

    Beijo!

    ResponderExcluir

Olá, seu comentário é muito importante para nós.

Nenhum comentário aqui publicado sofre qualquer tipo de edição e/ou manipulação, porém o autor do blog se reserva o direito de excluir todo e qualquer comentário que apresente temática ofensiva, palavras de baixo calão, e qualquer tipo de preconceito e/ou discriminação racial, estando assim em desconformidade com nossa Política de Privacidade.

Oscar