23 de julho de 2012

Branca de Neve e o Caçador [Resenha #060]

Branca de Neve e o Caçador 

 

 

 

Sinopse: Há dez anos, a vingativa Rainha Ravenna assassinou o rei na mesma noite em que se casara com ele. No entanto, dominar o reino tornou-se um sofrimento para a Rainha. Para salvar seus poderes, ela deve devorar um coração puro, e Branca de Neve é a única pessoa com esse coração. A fimd e capturá-la, Ravenna recorre ao Caçador, o único homem que já se aventurou pela Floresta Sombria e sobreviveu. Branca de Neve será morta pelo Caçador? Ou será treinada por ele e se tornará a  melhor guerreira que o reino já conheceu?

Primeiro tenho que corrigir um fato que me causou estranhamento. Neste post, dizia ter ficado surpreso por Branca de Neve e o Caçador possuir quatro autores. Mas isto não é bem verdade: o livro foi escrito por Lily Blake, baseado no roteiro do filme escrito por John Lee Hancock, Hossein Amini e Evan Daugherty, que por sua vez surgiu de uma história de Evan Daugherty. Continuamos com um bando de gente envolvida na história, mas o que se vê no livro foi escrito apenas por Lily. E o livro nasceu do filme, e não o contrário.

Branca de Neve e o Caçador reconta a história popularizada pelos Irmãos Grimm: uma rainha bela e má, que seduz e engana o rei – que sempre me parece bobo e fraco, mas é assim que o amor costuma nos deixar – e, enciumada pela beleza despretensiosa da enteada, ordena que um caçador a leve para um bosque e a mate. Depois temos os anões, a maçã, o príncipe e o beijo que não faz do príncipe um sapo, mas que salva a Branca de Neve. E o felizes para sempre.

No livro as coisas acontecem de forma um pouco diferente. Aqui a Rainha, Ravenna, é encontrada pelo rei sendo feita de prisioneira por estranhas criaturas de sombras. Resgatada por ele, que, viúvo, tem os olhos abertos novamente para o amor ante a beleza da prisioneira, é levada para o castelo, conquista a confiança dele e de todos – inclusive de Branca de Neve – até que, na noite de núpcias, mata o rei e abre os portões do castelo para seu irmão, que aguardava o momento ansioso.

E eis a diferença: no livro, Ravenna está em busca não somente de poder, mas sim de vingança. É claro que ela se deixa seduzir por tudo que o poder lhe trará, mas a vingança é o motivador principal de tudo que ela faz. Quando criança, o rei e seus cavaleiros atacaram seu povoado e mataram a todos, que eram ciganos, porém sua mãe conseguira conjurar um feitiço que lhe concedeu poderes mágicos, e ela pôde fugir com o irmão. Assim, fazer o rei pagar na mesma moeda por tudo o que lhe fez, todo o sofrimento trazido, é sua motivação; e no livro não somos informados se o ato do rei fora justificado ou não, o que deixa uma certa margem para fazer do rei bondoso um cara dado aos preconceitos raciais.

Mas nesta versão, assim como na clássica, o caçador também tem uma crise de consciência. Viúvo, desolado pela perda da esposa, que fora assassinada, ele é recrutado pela Rainha para partir em busca de Branca de Neve. A princípio ele se nega, mas a Rainha oferece a ele algo que pode fazer com que seu sofrimento termine. Indo em busca dela na Floresta Sombria, acaba mudando de lado nos quarenta e cinco do segundo tempo e passa a ajudar Branca de Neve a fugir da ira de Ravenna.

Gostei do fato de a Rainha ter de consumir força vital para continuar jovem e poderosa. Sei que isto já foi usado por um incontável número de filmes e livros, mas trás um elemento interessante ao livro, além de quantificar o poder de Ravenna, que, sendo assim não é infinito, e dá margem para o sucesso dos rebeldes em caso de revolta. Rebeldes esses que deverão ser liderados por Branca de Neve, a única que pode vencer a Rainha. Clichês, eu sei. E a linha de aprendizado que faz de Branca de Neve uma guerreira é curta demais, fazendo a transformação parecer um tanto forçada e artificial. Ainda bem que é um conto de fadas.

Senti falta de uma descrição mais detalhada da Floresta – e, mais à frente, também das batalhas. Sendo um livro de fantasia, bem que a autora poderia ter se dedicado mais à composição dos cenários, assim como de uma forma que tornasse menos abruptas as transições entre os acontecimentos, tirando a impressão que se tem de que, na tela do cinema, também ocorreu uma passagem de cena. E, ainda, trabalhado melhor a relação entre Branca de Neve e o Caçador, que flutua bastante em poucas páginas. Talvez este seja o preço de se ter um livro baseado num filme, mas ele não é tão alto assim.

Apesar de curto – é um livro para ser lido em uma tarde – bons momentos são passados com ele. É uma versão interessante, bem menos colorida, por motivos óbvios, que a popularizada pela Disney; com uma atmosfera cinzenta e desoladora. Em alguns momentos parece Branca de Neve na Gothan de Christopher Nolan. Assistirei ao filme em breve. Veremos como ele se sai. A resenha demorou de sair e acontece que já assisti ao filme. E, bem, se tiverem que optar entre o filme e o livro recomendo o livro veementemente. O filme é confuso e dormi no final. Se tivesse amigos piores teriam me largado no cinema, no terceiro sono.

 

Branca de Neve e o Caçador (Whitesnow and the Huntisman, 2012Tradução de Ronaldo Luis da Silva, 2012) Lily Blake – 272 páginas, ISBN 9788581630113,  Editora Novo Conceito. [Comprar no Submarino]

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23 comentários:

  1. Opinião Franca: Pelo o que vc disse o livro é uma edição feita para lucrar mais ainda em cima da história. Eu até estava com vontade de ler, mas passou.

    Mas o filme, esse sim quando sai em dvd eu vou assisti, é questão de curiosidade!!!

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    1. Resposta franca: na mosca ;) mas o interessante é que achei o livro bem melhor que o filme. A Stewart não me convence ;)

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  2. Oi Luciano!
    Eu não sabia o porquê de ter tantos nomes na capa... agora entendi!
    Bom, ainda assim, eu não tenho vontade de ler esse livro. Tenho um certo preconceito contra livros baseados em filmes, nunca li um que deu certo...

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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    1. Sora, também fiquei confuso com os nomes na capa, pensava "não é possível! quatro autores para um livro tão fininho!". achei o livro melhor que o filme, mas talvez seja exceção, acabo sempre achando melhor a obra original, mas este não foi o caso ;)

      Beijos.

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  3. Dormir no cinema é ótimo kkkkk

    Bom o livro é muito interessante estou realmente gostando dessa versão sombria dos contos de fadas espero que não influência as crianças também.

    http://enfimshakespeare.blogspot.com.br/

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    1. Ah, eu acho chato, rsrs, paguei pelo ingresso, o filme deveria ao menos me manter acordado! Mas o livro é outra história, e gostei também!

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  4. Eu ri agora com você rindo no cinema. Depois de ter lido tantas opiniões eu achava que o filme era melhor do que o livro! Fiquei surpresa agora. Mas não posso dizer nada sem ter visto o filme nem lido o livro, né?
    Muita gente já falou dessa falta de descrição. Acho que esse é um efeito dessa adaptação do filme em livro, já que no filme esses detalhes são puramente visuais, sem precisar de uma descrição detalhada demais.
    E eu pensava que todos os nomes da capa tinham escrito esse livro. Gostei da sua explicação.

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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    1. Luara, também achei a falta de descrição uma "incapacidade" ou "deficiência" da autora em transpor os cenários para o livro. E fez falta, a ambientação fica comprometida se o autor não lhe dá um empurrão. Se pudesse sugerir: mesmo assim leia o livro.

      Beijos.

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  5. A resenha está linda.
    Porem o livro nao chama nada minha atenção.

    Bacio, Selene Blanchard
    MODA E Eu
    Modaeeu.blogspot.com
    Espero sua visita

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  6. Li o que algumas pessoas disseram a respeito do tamanho do livro, e realmente fiquei com a impressão de ser uma história com potencial, mas que poderia ser mais desenvolvida. Afinal, se você já vai produzir um livro desse caráter, acho que valia o investimento. Nem pretendo assistir ao filme, vou me poupar de olhar para a cara da Kristen Stewart.

    Abraços

    Lu Tazinazzo
    http://aceitaumleite.blogspot.com.br

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    1. Lu, poupe-se, ela está como em todos os filmes: fria e sem sal. O livro poderia ter sido bem melhor trabalhado, com mais detalhes na narrativa, mas a impressão que temos é que tudo foi feito na correria. Não custava caprichar.

      Abraços ;)

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  7. Já tinha lido alguns comentários com mrelação a este livro, mas não que mencionae com relação ao filme.
    Normalmente gosto de ler o livro para depois ver o filme, mas acho que uma grande maioria fez o inver até por ter sido um livro originado do filme.
    Como não vou ler o livro agora, pois vou passar para a Pandora (acho que ela não vai resistir rs) só me resta ver o filme.
    Uma resenha muito bem narrada e agregada a informações sobre a obra em seu todo que é muito bom sabermos.

    Beijos

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    1. Irene, eu li primeiro o livro e gostei muito mais dele que do filme. O fato de ser curto incomoda por dar para perceber que havia muito potencial para a história. É pena que foi subaproveitada.

      Beijos.

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  8. Quando vi que o livro ia ser lançado meu primeiro pensamento foi: é um caça-níqueis para ganhar mais com o filme, mas li várias resenhas positivas sobre o livro e pelo que vi a Novo Conceito fez um belo trabalho com a edição, por isso acho que o livro vale a pena. O filme eu não assisti, talvez quando passar na TV a cabo.

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    1. Cris, a edição é mesmo muito bonita, caprichada. Gostei bem mais do livro, a Stewart não ajuda muito estrelando o filme. Enfim, se fosse escolher, escolheria o livro.

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  9. Olá, Luciano!
    Acabei de ver o filme, e fora a sem-sal-sem-açúcar da K. Stewart, até que gostei. A Rainha estava perfeita, má até a raiz dos cabelos, bonitona (nem se compara com a enteada), o Caçador é charmoso e os Anões, engraçados (apesar das caras de bandidos). No todo, o filme foi legal, uma fantasia dark para adultos, alguns efeitos interessantes e um enredo bom, apesar de ser já bem conhecido. O que detestei, detestei, foi o desenlace romântico da Princesa com o Caçador, que no final das contas, acabou relegado ao esquecimento. Pelo menos, é que se deduz, quando ela foi coroada e o pobre heroi (que a despertou da morte) aparece rapidamente, em trajes plebeus e ar triste.
    Um final bem sem graça mesmo.

    Não sei se vale a pena ler o livro, mas quem sabe? Talvez esses pontos nebulosos da estória sejam esclarecidos no livro.

    Essa onda de recontar contos de fadas me lembrou o primeiro 'filme' baseado nessa obra infantil, "Branca de Neve os Três Patetas", que assisti na infância. Muito engraçado!

    http://cinebelasartesnanet.blogspot.com.br/2011/11/branca-de-neve-e-os-tres-patetas-1961.html

    Boa resenha.
    ;)

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    1. Jossi, eu não consegui me conectar ao filme, não deu, e a Stewart não ajuda muito.

      Também estranhei o fato de o romance dela com o caçador não ter sido melhor trabalhado. É uma pena, o livro é melhor.

      ;)

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  10. amei isso me ajudou bastante tive q fazer uma prova na escola do livro e o filme li o livro e vi o filme e li isso me ajudou a ver pontos do livro qeu n tinha notado e msm do filme gostei d++ tenho sertesa q vou fazer uma boa prova obg!!!!!!!!

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  11. eu gostei do filme e o livro quem falar q o filme é estar mentindo isso me ajudou o ver pontos do livro e o filme q eu n tinha preserbido obg!!!!!!!!!!!!!!!

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  12. tenho uma prova sobre ele

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  13. Eu tenho uma séra "repulsa" pela Kristen, acho ela uma péssima atriz. O filme, em si, é bem dirigido, fotografia é muito boa. Mas tenho um defeito: não posso assistir o filme antes de elr o livro, porque gravo os personagens como os atores e travo minha imaginação. Aí o livro acaba perdendo um pouco a graça.
    De toda forma, gosto de releituras, acho que os grandes clássicos atingiram um nível tão elevado que permitem isso.
    bjs

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Oscar