5 de novembro de 2012

Tudo o que Ela Sempre Quis [Resenha #081]

Tudo o Que Ela Sempre Quis

Sinopse: Ela era a melhor amiga deles, ou assim eles pensavam — até anos mais tarde, quando seus segredos os levam a uma perigosa busca pela verdade sobre quem ela realmente fora... e por que morrera... Dez anos atrás, em uma festa louca, a linda e estonteante Emily caminhava para sua morte, deixando seus três melhores amigos e suas "irmãs" — Natalie, Laura e Madison — devastados. Nenhum deles esquecera aquela noite — ou o papel que cada um teve na morte de Emily, a culpa que os persegue e a perda que ainda sofrem. Agora, um escritor desconhecido entra na lista dos livros mais vendidos com um romance similar à história deles. Quem é ele? Como ele sabe os detalhes íntimos de suas vidas? E por que ele está acusando um deles como assassino? Quando eles começam a desvendar a verdade sobre a amiga em comum, irão redescobrir um amor que ela perdeu há muito tempo e descobrir segredos que vão mudar sua vida para sempre...

 

Naturalmente tenho a curiosidade de conhecer o autor. Raramente leio sinopses, às vezes elas entregam muito e estragam algumas surpresas importantes, mas sempre faço questão de ler a bio do autor e ver sua foto. Tenho um pouco de saudades dos livros que traziam informação detalhada sobre o escritor, hoje em dia elas se limitam à orelha. Bom, mas esta introdução é só para contar que me surpreendi quando vi a foto da Barbara Freethy: ela se parece muito com a minha mãe! Juro! Mas vamos ao livro.

Em Tudo o que Ela Sempre Quis, um grupo de amigas que moraram na mesma fraternidade enquanto cursavam a faculdade acabam se reencontrando quando um misterioso autor lança um livro que – apenas disfarçando os nomes – tornava público um acidente que elas lutaram para deixar pra trás e continuarem com suas vidas.

Nos tempos de faculdade, Emily e Natalie, Laura e Madison eram vizinhas de quarto e tornaram-se amigas desde o primeiro momento, se auto-intitulando “As Quatro Fantásticas”.  Sempre juntas, o laço não demorou a se fortalecer, apesar de serem tão diferentes: Emily era filha da família mais influente da cidade, e sempre vivera reclusa graças a problemas de saúde, vendo na faculdade uma oportunidade de viver a vida por si só, sem ter a constante superproteção dos pais por perto; Laura era insegura por sua família fazer questão de deixar claro que não possuía o charme e a inteligência das irmãs; Madison era o oposto de Laura, consciente da atração que exercia nos homens, não perdia oportunidade de fazer uso dela. Já Natalie estava simplesmente fugindo de seu passado, querendo um futuro diferente daquele que acabara por encontrar com sua mãe, alcoólatra com uma vasta coleção de namorados. Tudo ia bem até que em uma festa Emily morre, e Natalie diz não se lembrar de nada por estar embriagada. As quatro fantásticas se separam, tomando cada qual um rumo, vindo a se encontrar dez anos depois, graças ao misterioso autor e seu livro.

Com essa introdução dá para entender bem qual é a do livro. A morte de Emily é o elemento central de toda a história. Tida como acidental, o assunto fica esquecido até que o autor entra em cena com seu best-seller e as personagens começam a ser reconhecidas, o que ameaça as carreiras que começaram a construir além de lançar dúvidas sobre se realmente se conheciam tão bem na época da faculdade. Em busca de saber de onde o autor desenterrara aquela história, Cole, irmão de Emily e por quem Natalie fora apaixonada, parte em busca de descobrir sua identidade, e todos acabam se reencontrando.

Optando por seguir cada personagem durante o decorrer da narrativa, a autora conseguiu um feito admirável: nenhum deles sabe de tudo, e o leitor é informado dos fatos homeopaticamente, conforme cada um se permite relembrar um acontecimento que venha a acrescentar para o desenvolvimento do enredo. Tudo vem fragmentado, e juntar estes cacos e formar seu panorama da história é um ponto interessante, pois todos tem algo a esconder, e você só vai descobrindo isso ligando os fatos.  Assim, ao mesmo tempo em que comemoram o reencontro depois de tantos anos, cada um deles tem sua dose de reserva em relação ao outro, pois até o final não é possível saber qual deles vazara a história de Emily para o tal escritor, e, mesmo, se sua morte fora um acidente.

O argumento do livro pode não ser o mais original: amizades aparentemente perfeitas – mas nunca se sabe –, uma desilusão amorosa, uma morte suspeita e um certo alguém que sabe demais e que pode ser qualquer um; mas a autora soube trabalhar bem algumas situações, e os motivos que levam a todos se reencontrarem são até plausíveis, pois a morte de Emily, ao contrário do que pensam, não encerrou uma fase de suas vidas, apenas a interrompeu, deixando em aberto diversas situações mal resolvidas.

Mas se digo “algumas situações” é por nem tudo ter me convencido. Durante todo o livro os personagens ficam naquele joguinho do “não quero já querendo”, do tipo que criança envergonhada faz ao recusar algo que deseja. Natalie não quer voltar com Cole – e vice-versa, Laura não quer uma vida melhor, Madison não quer um amor verdadeiro. Ninguém quer nada….querendo. Esta ambiguidade torna algumas cenas difíceis de engolir, e você se questiona feito um louco o fato de a autora sempre preferir o amor ao mistério. Sério, este tinha tudo para ser um bom livro policial, mas Freethy faz dele um romance. Mais tempo é gasto em olhares, beijos e aproximações do que na busca pelo tal escritor e pela verdade sobre o que aconteceu com Emily, como se resolver os desentendimentos do passado fosse mais importante que descobrir a verdade sobre quem está por trás do livro. Chamo isso de prioridades, e queria que a autora as tivesse revisto.

O final também me deixou insatisfeito. A autora despista muito bem durante todo o livro, mas no momento do desfecho pisa em falso: sabe quando você tem de um a quatro mas acaba  optando pelo cinco e gasta um bom tempo se justificando? Isso acontece. Se um livro precisa de um assassino, então que tenha um verdadeiramente mal, que fique na memória do leitor, que provoque nele uma expressão de desaprovação.

É isso: Freethy é bem mais romance que mistério. Tudo que Ela Sempre Quis é bom? É. O problema é que, algumas vezes, me guiou por situações que insinuavam certas tomadas de rumo, mas a autora tomava o rumo oposto. Quem busca um romance leve, bem escrito e fluído se dará muito bem.

 

Tudo o que Ela Sempre Quis (All she ever wanted, 2012Tradução de Maysa Monção, 2012) Barbara Freethy – 320 páginas, ISBN 9788581630205,  Editora Novo Conceito. [ Compre no Submarino ]

{ B }

37 comentários:

  1. Acho que esse é o tipo de romance que pode até dar certo pela sinopse, mas possui a capa toda errada. Toda errada mesmo, porque passa uma ideia totalmente diferente da mensagem do livro.

    Dos últimos romances mais açucarados lançados, acho que esse é um dos que mais se destacam pela originalidade, foi a sinopse que mais me interessou.

    Grande abraço.

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    1. Lu, o livro é bem escrito, se a autora tivesse optado por uma "pegada" mais de romance policial teria sido perfeito pra mim, mas é um água com açúcar diferente, melhor que a média - na verdade BEM melhor quem a média.

      Ah, a capa é nada a ver mesmo, rs. Abraços.

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  2. Olá, Luciano
    Vc sempre apresentando algo de valor para os seus leitores...
    Abraços fraternos de paz

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  3. Oi Luciano!
    Eu ri com você contando da foto da autora! :D
    Pelo que você contou, a história me lembrou a série Pretty Little Liars, que eu assisti a 1ª temporada.
    Pena que a resolução do mistério foi decepcionante, mas ainda assim, me parece ser um bom livro.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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    1. Sora, minha mãe também riu muito, não resisti e mostrei a ela, rs.

      Eu só assisti ao primeiro episódio de PLL, na tv, mas parece um sistema parecido mesmo.

      E sim, esperava por um desfecho mais emocionante, mas o livro é bom, que gosta de romances vai se dar muito bem.

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  4. Oi Luciano!
    Eu concordo plenamente com a Lu,a capa não representa a temática do livro,está errada.
    Apesar desse detalhe eu leria por ter gostado da sinopse.
    Abraço!

    Bruno
    http://oexploradorcultural.blogspot.com

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    1. bruno, são bem diferentes mesmo capa e história, o que, espero, não afaste potenciais leitores, pois o livro é bem interessante.

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  5. "você se questiona feito um louco o fato de a autora sempre preferir o amor ao mistério. Sério, este tinha tudo para ser um bom livro policial, mas Freethy faz dele um romance. Mais tempo é gasto em olhares, beijos e aproximações do que na busca pelo tal escritor e pela verdade sobre o que aconteceu com Emily, como se resolver os desentendimentos do passado fosse mais importante que descobrir a verdade sobre quem está por trás do livro. Chamo isso de prioridades, e queria que a autora as tivesse revisto." Isso resume toda a minha opinião sobre o livro. E você não sabe como estou feliz de ver alguém que mostrou uma opinião diferente! Ahhhhhh, eu não sou anormal! haha

    Só mudaria uma coisa: não achei bem escrito. É um livro "lugar comum", cheio de clichês e previsibilidades chatas... não me convenceu em momento algum. Se tivesse foco somente no suspense, nossa, teria sido ótimo!

    Beijos ;*

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    1. Janaína, concordamos nisso então: ele daria um livro de mistério de primeira!

      Eu o achei bem escrito por ser rápido, sem trazer grandes dificuldades para o leitor, mas certamente tem alguns problemas.

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  6. Concordo com voc~e que é mais romance que mistério, mas é um a história light e gostosa de ler. No meio de tantas leituras é sempre bom dar um relax.

    Uma boa semana

    Beijos

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    1. Irene, com certeza, e este livro é perfeito para desestressar ;)

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  7. Gosto desse tipo de livro, com um mistério doloroso por trás. Amei ler a série Pretty Little Liars, por exemplo. É chato isso do quero-não-quero-quero. É algo meio infantil, que não se espera de personagens que já são adultos...
    [Poxa, a capa não se parece nada com que o livro propõe HDUASHD]

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    1. Isabel, até que a autora trabalha bem o mistério no começo, mas depois vem o amor - ah!, o amor - e ele se sobressai. E sim, a capa engana, muito!

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  8. Sabe que eu detesto mistério ou suspense no meio de meus romances, já larguei romance no meio porque a autora colocou mistério na mistura. Mas como a Irene disse, esse livro tem cara de coisa leve, as vezes é bom no meio de leituras densas!

    Gostei da resenha, como sempre você se supera Luciano. E sim, a lembrança da sua mãe me fez pensar que é muito fofa a relação dos filhos homens com a mãe... Acho que é por isso que sempre quero ter filhos e não sou muito chegada em meninas.

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    1. Ah, eu adoro mistério, sempre me dou bem ;) mas te entendo, detesto quando metem romance nos meus mistérios, rsrs.

      Ah, filho se dá - geralmente - melhor com mãe. Normal, eu acho.

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  9. Oi Anjo,

    Realmente uma pena o livro não ser tudo que você esperava, mas se é bom e é romance com certeza irei devorá-lo......adorei a resenha....beijokas elis

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  10. Olá Luciano.
    Quando vi o livro pela primeira vez, achei que tratava de outro assunto. De acordo que fui lendo as resenhas despertei interesse em ler e agora com sua resenha é que preciso ler mesmo!

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    1. Lucas, ele dá uma enganada pela capa, mas é bem melhor, e nos surpreende, o que é muito bom ;)

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  11. Esse livro eu estava desmiolada (rsrs) para ler e acabei conseguindo ele numa troca, ainda não li mas estou ansiosa, amei a sinopse que já tinha lido e sua resenha reforçou os motivos pelos quais eu queria ler, fiquei bem curiosa com relação ao ''poréns'', não vejo a hora de ler e entender ^^

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    1. Daniele, leia - fico curioso pela sua resenha ;) - eu o achei bom mas, se seguisse por outros caminhos - e que eu, egoísta, gostaria que seguisse - seria ainda melhor ;)

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  12. Esse livro me interessa demais, lendo a sua resenha, senti uma pegada meio Pretty Little Liars, mas enfim... bem original e diferente. Graças as péssimas escolhas de capa da Novo Conceito, eu sempre confundo este livro com um outro, acho que é o Bem Mais Perto, se não me engano, as capas são diferentes, mas na minha visão tem o mesmo estilo. Mas agora estou marcando na cabeça que quero porque quero o "Tudo o que ela sempre quis". Essa frase ficou estranha. UAHSUAUHSUAHSU

    Tudo Tem Refrão

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    1. Ágata, as capas são bem parecidas mesmo! Mas este é melhor que o Bem Mais Perto, ao menos pra mim, a autora tem um estilo mais desenvolvido, maduro, e sabe trabalhar muito bem com seus personagens - mesmo que algumas decisões dela não tenham me agradado tanto. Vale a pena ler, com certeza!

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  13. Não sei porque, mas sempre confundo o título e a capa com o Um Lugar Para Ficar... hahaha
    Pela sua resenha me parece ser bom, quem sabe um dia ele não apareça nas minhas mãos, nunca se sabe né? haha

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  14. Quando vi a capa pela primeira vez, pensei se tratar de um romance açucarado, mas o tema é bem outro. Não acho que seja a capa adequada para o livro, mas quem sou eu? Apenas uma simples leitora, que antes de comprar um livro, sempre lê algumas resenhas para saber do que se trata. Se fosse comprar apenas pela capa, certamente esse livro eu não compraria.

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  15. suas resenhas são ótimas! esse livro parece ser ótimo, adoro esse tipo de romance.

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  16. Confesso que não é o meu tipo de leitura preferida, mas como um bom leitor (na verdade um viciado rsrs) não deixarei de ir atras desse livro, se alguém quiser me dar de presente eu aceito rsrs.

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  17. esse livro é tudo o que eu sempre quis

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  18. Acho a capa desse livro de uma liberdade é linda, lendo seu post fiquei curiosa sobre a história senti que seria uma coisa mais policial, mas vc diz no final q a autora mudou o foco para o romance, mas mesmo assim fiquei curiosa em saber os detalhes desse livro.

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  19. Eu li esse livro e até gostei, mas preferia que fosse mais focado na parte do mistério, o romance não me interessou tanto e concordo com você, ela inventou um final com um assassino que não tinha nem sido mencionado durante a história, serve mais como distração sem maiores compromissos.

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  20. Quando vi o livro pela primeira vez, achei que tratava de outro assunto. De acordo que fui lendo as resenhas despertei interesse em ler e agora com sua resenha é que preciso ler mesmo!

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  21. Ele é pouco diferente dos livros que estou acostumada, o que me interessou foi o mistério contido no mesmo.

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  22. Estoou querendo muito ler esse livro, ja me dizzeram que ele é bom, agora preciso realmente pra tirar a prova!

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  23. Amo romance e amo ainda mais investigação, quero ler , por que parece uma investigação interessante, e quero descobrir o que causou a morte de Emily.

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Oscar