21 de dezembro de 2012

Gelo Negro – O Jovem Sherlock Holmes Livro 3 [Resenha #093]

O Jovem Sherlock Holmes Livro 3 Gelo Negro

 

 

 

 

Sinopse: Quando o irmão de Sherlock é surpreendido com uma faca nas mãos, debruçado sobre um cadáver, todas as evidências indicam que se trata de um assassinato. Mas o garoto não acredita nisso, e sua natureza inquieta não o permitirá deixar de lado a oportunidade de investigar o caso a fundo — especialmente porque dessa vez não é apenas a solução de um mistério que está em jogo. Caso a verdade não venha à tona, Mycroft será condenado à forca. Em uma eletrizante busca por provas, Sherlock irá mais longe do que jamais foi, até a distante Moscou. Para salvar Mycroft, ele precisa deduzir a identidade do verdadeiro criminoso, mas as dúvidas são muitas. E os perigos também.

Nada como um livro leve pra me “desintoxicar” da leitura de “No Meu Peito Não Cabem Pássaros”. E Gelo Negro é um livro perfeito para isso. Parte da série “O Jovem Sherlock Holmes”, aqui acompanhamos o futuro detetive me mais uma grande aventura.

Já peguei a série no terceiro volume, com o bonde andando, mas não há dificuldade alguma em se acompanhar a história, pois, apesar de sequenciais, os mistérios retratados em cada livro são independentes entre si. O que perdemos ao ler fora de ordem é “ o de sempre”: desenvolvimento de personagens e desconhecimento de alguns rostos amigos – e inimigos.

Pelo que pude entender, na série, Holmes é um garoto cujos pais estão trabalhando nas Índias Orientais, por isso vive com os tios. Tem um irmão, Mycroft, que mora em Londres e trabalha para o governo; e um tutor, Amyus Crowe, um americano grandalhão que o está iniciando nas artes que tornaram-no o detetive memorável nas aventuras originais, escritas por Sir Arthur Conan Doyle: observação, dedução e uma sagacidade incrível.

Em Gelo Negro, Holmes e seu tutor, Crowe, são convidados por Mycroft para almoçarem com ele em Londres. Chegando lá, encontram o irmão de Holmes trancado em uma sala com um homem morto. Não culpo a polícia por optarem pela lógica: dois homens em uma sala cuja única saída está trancada, um deles está morto e o outro tem uma faca nas mãos. Quem é o assassino?

Mas nem tudo é tão simples e Holmes e Crowe partem para investigarem o que está acontecendo, visando tirar Mycroft da cadeia, e descobrem uma rede de intrigas de proporções internacionais.

Para quem é fã do Holmes original, que tem Watson como companheiro de aventura, uma boa alternativa é fazer como eu fiz: ler sem dar tanta importância a quem Holmes virá a ser. Muitas pessoas podem achar oportunismo um autor pegar um personagem consagrado, desconstruí-lo e, baseado no impacto que ele tem na literatura, publicar uma série de aventuras suas. Por isso Agatha Christie matou Poirot. Confesso que não me agrada tanto, mas o resultado aqui é bom, e o livro tem tudo para agradar, principalmente os mais jovens – o tio aqui já tem vinte e seis.

Mas sempre existe um mas, e o daqui é o seguinte: fiquei muito interessado em saber se, em um livro futuro desta série, em algum momento, Holmes encontrará Watson. Já imaginaram isso? Seria cósmico!

Andrew Lane é um bom escritor, consegue construir boas cenas de ação e o mistério em relação à trama deste livro é complexo o suficiente: nem tão ingênua que vá irritar os mais velhos, nem complicada demais para os mais novos se perderem.

Além do que, ele construiu um Holmes possível: como um garoto que é, ele não é superpoderoso ou onisciente. O jovem Holmes ainda está desenvolvendo suas habilidades, tem medo, é cheio de dúvidas, deixa passar algumas coisas, e outros pequenos fatos que o colocam a anos-luz de distância do ser fodástico que virá a se tornar. E que bom que é assim, eu detestaria encontrar aqui um garoto do tipo “eu-sei-posso-e-faço-coloca-na-minha-conta-por-favor”.

Para quem quer começar a ler a série, recomendo que o faça do primeiro livro. É sempre melhor assim. Em minha jornada lendo “Gelo Negro” – que chega à Rússia, tão amada e fria, cheia de mistérios – encontrei menção a alguns personagens e fatos que certamente foram retratados nos dois livros anteriores, Nuvem da Morte e Parasita Vermelho. Isto não causa danos ao andamento deste livro em específico, mas o leitor se sente – ou melhor, eu me senti – menos cúmplice do que estava acontecendo. Vão pela ordem, então.

 


Gelo Negro - O Jovem Sherlock Holmes Livro 3
, de Andrew Lane (Black Ice, 2011 Tradução de Débora Isidoro, 2012) 256 páginas, ISBN 978-85-8057-272-8,  Editora Intrínseca. [Comprar no Submarino]

{B+}

17 comentários:

  1. Eu entendo que esse autor pode ter talento e ter criado um enredo bom, amarrado e digno do personagem. Eu entendo que existem poucos livros do Sherlock Holmes e o desejo de todo fã seria descobrir um carregamento de 500 novas histórias inéditas escritas por Conan Doyle, mas eu não consigo aceitar o que fazem com Sherlock Holmes, por melhores que sejam as intenções.

    Conan Doyle criou o personagem, e até sofreu muito dele, não acredito que uma "boa intenção" justifique se apropriar de algo de outra pessoa, mesmo que em domínio público, para ganhar dinheiro. Se o autor é capaz de criar um bom enredo, deveria ser capaz de criar os próprios personagens.

    Por melhor que seja a série, tenho certeza que Conan Doyle se sentiria afrontado e desrespeitado, por isso, não vou ler esses livros.

    Grande abraço e ótima resenha!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lu, é um assunto polêmico, muita gente gosta e outros não. Eu vejo com certa reserva. No caso do Andrew Lane, por exemplo, acho que ele tinha todas as condições para criar um universo todo seu, sem precisar se apoiar em um personagem já reconhecido. Mas, apesar disso, o livro é bom, quem conseguir ignorar o fato de que o personagem é um Holmes jovem vai se dar bem.

      Excluir
  2. Acho que assisti a um filme baseado nessa série ou algo nesse estilo, pois mostrava o jovem Holmes. Assim como a Lu aí em cima, sempre fico com um pé atrás com quem adapta coisas de domínio público, apesar de saber que podem sair boas coisas - aquela série que colocou elementos fantásticos nos clássicos (Orgulho, preconceito e zumbis etc) pode despertar a vontade de lê-los em muitos, mas tenho minhas dúvidas quanto a outros projetos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isabel, e este pé atrás é muito necessário! E também acho que isto pode despertar o interesse em outras pessoas lerem os originais.Quem sabe né.

      Abraços ;)

      Excluir
  3. Você gosta mesmo do exercício de ler tramas policiais ein?!?! Deus conserve!!! Eu já tenho problemas em enfrentar o clássico, imagine as versões?!? Em 2013 pretendo ler mais alguma coisa de Christie e de Doyle, mas não me encanta essas versões deles, embora reconheça que um fã sempre quer um pouco mais de seus ícones néh?!?!

    Cheros Luciano, é sempre bom ler suas resenhas, mesmo quando não trata de um livro cuja temática me encante ;)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah, mas o próximo que eu vou ler é um clássicão de um mestre dos policiais! Gosto muito!

      E obrigado por tudo ;) Sempre.

      Excluir
  4. Apesar do que todos falam, nunca me interessei por Sherlok Holmes, talvez porque o gênero policial não é um dos meus favoritos. :/
    Beijo,
    Vinícius - Livros e Rabiscos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vinícius, as aventuras originais, escritas por Conan Doyle, são excelentes. Vale a pena ler ;)

      Excluir
  5. Oi Luciano!
    Eu gostava das histórias originais do Holmes e fiquei interessada em ler esse livro. Não sei se vou gostar, pois com certeza irei compará-lo ao Holmes original, mas ainda assim ele me pareceu ser divertido.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sora, as comparações são inevitáveis, mas até que consegui abstrair e curtir o livro. Vale apena ;)

      Beijos.

      Excluir
  6. Que o Natal seja mais um momento em que todas as pessoas acreditem que vale a pena viver um Ano Novo. Boas festas, abraços de muita luz e paz! :)

    ResponderExcluir
  7. É bem interessante o livro e é estranho mesmo uma pessoa publicar um livro com o cara mais famoso de todos os tempos. Mas que bom que deu um pouco certo.

    Bjs
    http://turnthepag.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  8. Eu tava meio por fora do que os outros tinham achado desse livro, mas não achei que tinha sido essa polêmica toda de meio-a-meio. Fui ingênuo, admito. Eu li os dois primeiros livros e já tinha lido todos os romances e quase todos os contos do Conan Doyle.

    Eu não vi isso como uma afronta. Eu sempre quis saber como poderia ser o Jovem Sherlock Holmes e o Andrew Lane só matou minha vontade. (DIGNO!!) E eu acho que o autor respeitou demais Sherlock Holmes e o Conan Doyle desde a primeira história.

    Eu, coincidentemente, terminei ontem de ler ontem Parasita Vermelho e achei digna a dedicação que o autor se propôs a ter nessa obra, por causa da nota que ele escreveu no final citando as referências e blábláblá. Eu vi com a cabeça aberta e não me decepcionei com nenhum dos dois livros que eu li até agora. A coisa só foi ficando mais grandiosa e melhor.

    E o Andrew Lane dá sentido para um monte das características icônicas do Sherlock. As abelhas, as tatuagens, a América e isso foi só o que eu consegui lembrar. E a gente tem que lembrar que esse é o Jovem Sherlock Holmes, como o Luciano mesmo disse no texto não adianta querer colocar ele fodelástico porque isso sim seria uma verdadeira bo***, hehe! Parabéns, Luciano. Curti muito sua resenha e vou acompanhar seu blog a partir de agora. '-'b

    ResponderExcluir
  9. Até agora eu não entendi por que eles foram para Russia mesmo lendo o livro eu não entendi

    ResponderExcluir

Olá, seu comentário é muito importante para nós.

Nenhum comentário aqui publicado sofre qualquer tipo de edição e/ou manipulação, porém o autor do blog se reserva o direito de excluir todo e qualquer comentário que apresente temática ofensiva, palavras de baixo calão, e qualquer tipo de preconceito e/ou discriminação racial, estando assim em desconformidade com nossa Política de Privacidade.

Oscar