16 de setembro de 2013

Top 10 Livros do Primeiro Semestre de 2013

TOP 10 2013 2

Finalmente saindo!

Um dos maiores problemas que vejo ao listar os melhores livros de certo período reside no tempo e na forma como ele faz com que enxerguemos sob diferente perspectiva um mesmo fato. À sombra do tempo, vejo de forma diferente algumas leituras que fiz, e me faz, senão questionar, mas ao menos considerar, que as avaliações que atribuo se referem ao calor do momento – daí que em algumas resenhas eu falo num tom mais alto que o comum, mas, raios, como gosto quando isso acontece – e não raramente ficam datadas algum tempo depois.

Não gosto de começar uma leitura sem ter resenhado o livro anterior. Acredito que alguma coisa se perde, uma vez que uma leitura iniciada apazigua os sentimentos que obtive com a outra, então, tão logo termino, escrevo, ou, ao menos, listo os pontos que quero tratar.

Também, pode ocorrer de um livro que recebeu como avaliação um { B } ficar numa posição melhor que um outro que recebeu um { A }. Se listas deveriam fazer sentido, faço questão de ignorar este fato.

Para hoje, trago um Top 10 com os melhores livros que li no primeiro semestre deste ano, o que facilitará – assim me engano – quando for elaborar a lista com os dez melhores livros do ano, que geralmente sai entre dezembro e janeiro.

Como não quero me complicar, listo esses dez livros em ordem alfabética, deixando para elencá-los devidamente no post de dezembro. Assim pretendo ser mais coerente.

 

Meus dez livros preferidos do primeiro semestre do ano, foram:

 

A Arte de Ouvir o Coração, de Jan-Philipp Sendker (The Art of Hearing Heartbeats Tradução de Carolina Caires Coelho, 2013).  256 páginas. Editora Paralela.

A Arte de Ouvir o CoraçãoA Arte de Ouvir o Coração” foi o primeiro livro no qual a mudança constante de pessoas da narrativa – ora na primeira, ora na terceira pessoa – me pareceu completamente intuitiva, e não me deram trabalho para me adaptar. De quebra, conhecemos uma história comovente, de um amor que sobrevive o tempo, ao mesmo tempo que questionei muito as atitudes do personagem principal e sua fraqueza frente aos fatos. Hoje, à distância, me pergunto se teria feito diferente. Se sim ou não, o que fica são os pedaços quebrados de algo interrompido, de ações tomadas, de atitudes que não podem ser desfeitas, e com as quais, cedo ou tarde, terão que lidar.

A Elite - The Selection Livro 2, de Kiera Cass (The Selection 2 Tradução de Cristian Clemente, 2013).  360 páginas. Editora Seguinte

A EliteTalvez o livro mais “bobinho” desta lista, é leitura despreocupada que vicia e me fez ansiar terrivelmente pelo desfecho da trilogia, cujo último livro só deve ser lançado no ano que vem. Trata-se de um tipo de competição, onde dezenas de garotas de um reino “disputam” o coração de um príncipe, mas as coisas não são muito parecidas com os contos de fadas. Achei que a autora avançou em alguns pontos com relação ao livro anterior, “A Seleção”, mas ainda senti falta de uma abordagem maior da questão dos rebeldes e outros temas inerentes ao reino e sua gestão. Pode melhorar.

 

A Menina que Fazia Nevar, de Grace McCleen (The Land of Decoration, 2012Tradução de Renato Prelorentzou, 2013). 312 páginas. Editora Paralela.

A Menina que Fazia NevarFé e loucura. Fé ou loucura. E quanto ao acaso? “A Menina que Fazia Nevar” foi um livro que me fez pensar de várias maneiras como as pessoas se relacionam com sua fé – e em como grande arte delas são perigosamente moldadas segundo os preceitos que se dispõem a seguir – e os desdobramentos que isso trás. Judith é uma garota que crê quase que desesperadamente, e por questão de sobrevivência, enquanto mora com o pai, também religioso, mas tão destruído pela ausência da esposa que não consegue se conectar verdadeiramente com a filha. A leitura do livro nos proporciona oportunidade de se discutir tema tão espinhoso quanto religião, mas acho melhor parar por aqui.

Alma? - O Protetorado da Sombrinha: O Primeiro Livro, de Gail Carriger (Soulless, 2009Tradução de Flávia Carneiro Anderson, 2013) – 308 páginas. Editora Valentina.

AlmaAlma?” foi uma bela surpresa. Uma série steampunk com uma personagem, Alexia, que de todas as maneiras se encontra fora dos padrões considerados aceitáveis pela sociedade vitoriana, mas que não liga muito pra isso. Dotada de um humor afinado, tem ainda ralento para amizades estranhas – que incluem uma moça de família preocupada com o que dizem dela; um vampiro um tanto gay; e um lobisomem, Lorde Maccon – e entrar em confusões. É muito bom, o tipo de livro que se lê numa sentada e te faz ansiar pela continuação – que, se não me engano, chega em dezembro!

 

Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera (2012). 424 páginas. Editora Companhia das Letras.

Barba Ensopada de SangueBarba Ensopada de Sangue” segue uma linha que muito me agrada: a dos livros que falam do cotidiano, sem um dragão pra matar até o fim do capítulo. Acho incrível a forma como esses autores nos presenteiam com um relato da vida e as tornam tão interessantes para nós – em especial para mim, que reclamo tanto dela.  A história do homem que se muda para o litoral catarinense em busca da verdade sobre o que aconteceu com seu avô, atrás de parte de sua história ao mesmo tempo em que sofre de um problema neurológico que torna impossível que ele retenha na memória as feições das pessoas e de quem não sabemos nem o nome, vale cada página.

 

Norwegian Wood, de Haruki Murakami (ノルウェイの森, Noruwei no mori , 1987Tradução de Jefferson José Teixeira, 2008) – 360 páginas. Editora Alfaguara.

Norwegian WoodHaruki Murakami me pegou de surpresa com este romance de formação. Toru, o personagem principal, não faz questão nenhuma de se encaixar, fazer parte, adaptar-se e, por isso, ganhou uma centena de pontos comigo. Mas o que me prendeu mesmo ao livro foram as relações humanas e a forma como são descritas pelo autor. Sendo um livro que fala do cotidiano, cada gesto, fato, acontecimento, ganham uma proporção enorme conforme se vai lendo a história, e me peguei completamente alquebrado em uma passagem onde Toru se despede de certa pessoa. Não acho que a passagem tenha sido pensada para causar algum sentimento em especial no leitor – como muitas outras presentes no livro, ela é completamente despretensiosa – mas me atingiu em cheio. Por isso Norwegian Wood entra nessa lista.

O Enigma da Borboleta, de Kate Ellison (The Butterfly Clues, 2012 –Tradução de Alice Klesck, 2013) 312 páginas. Editora LeYa.

O Enigma da BorboletaUm livro com um toque policial protagonizado não por um detetive, mas, sim, por uma garota portadora de Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC, Lo. Não foi preciso muito mais que isso para que me interessasse pelo livro, e, ao lê-lo, me surpreender com a fragilidade da personagem, do quanto ela se expõe ingenuamente a diversas situações, e de como pequenos fatos aparentemente isolados acabam conectados graças a uma força maior a que muitos chamariam acaso. E tudo isso graças a um efeito dominó que abalou profundamente sua estrutura familiar.

 

O Teu Rosto Será o Último, de João Ricardo Pedro (2012) 192 páginas. Editora LeYa.

O Teu Rosto Será o ÚltimoA coleção Novíssimos me apresentou aos portugueses e, nos dois títulos da série que li, me proporcionou leituras inesquecíveis. Acompanhando três figuras da família Mendes, o autor  João Ricardo Pedro nos leva com sua narrativa envolvente que casa muito bem com a estrutura não muito convencional do livro, fazendo de sua leitura, justamente por isso, algo completamente natural, intuitivo, que vai nos encaminhando até o final, de onde não é possível sair ileso. Eu gostei muito, e pretendo ler os demais da coleção – acredito que já são dez.

 

Paperboy, de Pete Dexter (The Paperboy, 1995 Tradução de Ivar Panazzolo Júnior,2013) – 336 páginas. Editora Novo Conceito.

PaperboyPaperboy” é mais um livro da categoria “narre o cotidiano e faça seu leitor feliz”. Bom, ele me fez feliz. O tom informativo que o livro possui me agradou muito, o autor soube fazer com que mais do que me interessasse pela história em si – que narra a elaboração de uma reportagem sobre um condenado à morte que, ele jura, é inocente – ficasse encantado pelos personagens, em especial Jack, o narrador, que tem ainda a sagacidade de nos informar a história, não necessariamente “contar”, e, sim, ainda não consigo explicar a diferença em poucas palavras. De quebra, a tradução é do Ivar Panazollo Junior, não me canso de dizer o quanto me dou bem com o trabalho dele.

Pulp, de Charles Bukowski (Pulp, 1994 – Tradução de Marcos Santarrita, 2009) 184 páginas. L&PM Pocket

PulpUm pássaro amarelo, um autor que já morreu a muito tempo, uma alienígena sexy e a Morte. Só a mente perturbada de Bukowski para fazer com que seu detetive, Belane, tivesse que se deparar com tantos casos estranhos enquanto tudo o que ele quer é ganhar uns trocados trabalhando a seis dólares a hora e ser bem atendido por um barman. Se não leu nada de Bukowski, leia! Por favor! E a frase do ano é: “Eu vou botar no rabo dela!” Pena que não é uma ideia muito boa para tatuagem…

 

 

É isso. O que acharam? Já leram algum desses livros? Gostariam de ler?

7 comentários:

  1. Achei a lista muito variada e interessante. Engraçado, o tanto que você gostou de A Menina que Fazia Nevar foi o mesmo tanto que eu não gostei hehehehe. A grande maioria dos livros citados não li ainda, mas tenho muito curiosidade de ler Alma?, gostaria muito de me infiltrar de vez no Steampunk.

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  2. Eu confesso: tenho uma dificuldade enorme de criar listas, tanto para mais quanto para menos!! É complicadoooo!!! Mas, sempre e constantemente adoro as suas Luciano, especialmente porque ela é bem geminiana, ou seja, mistura, diversificada!!!

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  3. Que bom que alguém gostou de Paperboy. Eu estava super animada pra ler o meu exemplar e li tantas críticas negativas. Pelo menos alguém gostou dele! hahahaha

    Paola
    uma-leitora.blogspot.com

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  4. Hey, Luciano! Tudo bom?
    Dos citados, só li Paperboy. Minha opinião sobre ele é muito semelhante à sua. Acho que, mesmo que Jack seja só o jornaleiro, ele é uma espécie de jornalista enrustido, e o livro todo é narrado com um estilo jornalístico super legal.
    Tenho vontade de ler Barba Ensopada de Sangue, marquei no skoob há um tempo só por que li sua resenha aqui *O*

    Beijos!
    www.nathlambert.blogspot.com

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  5. Oi Luciano!
    Que legal você organizar os seus 10 preferidos do primeiro semestre, é bom a gente fazer uma retrospectiva e relembrar as melhores histórias.
    Infelizmente não li nenhum da sua lista... Mas tenho Pulp do Bukowski aqui, preciso ler.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  6. Adorei a lista!

    Já li "A elite", "Pulp" e "Barba ensopada de sangue". Por coincidência, também li o primeiro e o último no semestre passado. O Murakami é um escritor singular, ainda vou ler Norwegian Wood.

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  7. nao li nehum.gostaria sim de ler.

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Oscar