27 de janeiro de 2014

Divergente – Divergente Livro 01, de Veronica Roth [Resenha #157]

Divergente - Texto


Sinopse: Numa Chicago futurista, a sociedade se divide em cinco facções – Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição – e não pertencer a nenhuma facção é como ser invisível. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste de aptidão por que passam todos os jovens aos 16 anos, numa grande cerimônia de iniciação que determina a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, revela que ela é, na verdade, uma divergente, não respondendo às simulações conforme o previsto.

A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é.

E acaba fazendo uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma, e que terá desdobramentos sobre sua vida, seu coração e até mesmo sobre a sociedade supostamente ideal em que vive.


Ok. Demorei muito tempo para ler “Divergente”, acompanhava as resenhas da Lu Tazinazzo sobre a série e sempre fiquei interessado em lê-la mas algo me prendia, sempre deixava pra depois, até que ganhei uma promoção no aceita um Leite? Com o livro em mãos – e mais o exemplar de “Insurgente” – não tinha mais um motivo para protelar, agora era ler e ver o que achava da série e de todo o hype que ela gerou. Bom, não podia ter me saído melhor.

Em Divergente temos um ambiente distópico, uma cidade parcialmente destruída, uma cerca circundando o território protegendo-os não se sabe exatamente do quê, e uma sociedade dividida em facções com cada uma delas baseando-se em ideais nos quais acreditam piamente e que regem suas vidas. Assim, e à grosso modo, na Franqueza todos fala a verdade, sem meias palavras; na Abnegação pensam em primeiro lugar no bem-estar do próximo; na Erudição eles buscam o contínuo conhecimento e por aí vai. Com isso, cada facção fica também responsável por um setor da sociedade, a fim de se manter a ordem e o bem-estar, com, por exemplo, os corajosos membros da Audácia cuidando da segurança, e os incorruptíveis membros da Abnegação sendo o “governo” em si.

E é um sistema lógico e que tem tudo para funcionar. Porém, na ambientação do livro, ele fora criado há vários anos e já mostrava sinais de desgaste, tanto interno, com as facções deturpando seus próprios ideais, como externos, com uma facção criticando a outra.

Aqui abro um parêntese: a característica mais perigosa do homem, ao menos na literatura, é a fome de conhecimento. Em Divergente, a Erudição são os elfos da vez. Lá na distante Terra Média, de Tolkien, foram os elfos, sedentos e embriagados por conhecimento, que permitiram que os anéis do poder fossem forjados, e, embasbacados com a beleza de tudo aquilo como estavam, não se aperceberam de que Sauron tinha feito um ainda mais poderoso para si, o Um Anel, que, não por acaso, tinha o poder de controlar todos os outros.

O saber é algo perigoso, que leva as pessoas a questionarem, e não me causa nenhum espanto – apesar de ser terminantemente contra – que os regimes totalitários tenham na censura sua principal arma. Povo ignorante é carneiro.

Mas, voltando ao livro, acompanhamos Tris, personagem por quem logo me identifiquei, nos dias que antecedem a seu exame que lhe indicará a qual facção ela é propensa, já que não basta nascer em uma facção para pertencer a ela, e uma prova disso é o ditado difundido no livro, que diz que facção vem antes do sangue. Assim, se a pessoa se acha deslocada na facão onde fora criada, tem a chance de escolher pertencer a outra em determinado momento de sua vida, e, passando nos testes de admissão, forma com a nova facção um laço mais forte do que aquele que tivera com sua família. Ao menos na teoria.

Porém, há sempre um porém, seu resultado é completamente inesperado, e aqui o título do livro se explica. Só que acho que não posso falar sobre – é, eu sei, muita gente já leu e resenhou o livro, e pode até ter falado mais sobre a divergência, mas eu não vou fazer isso não.

Boa parte do livro é focada na adaptação de Tris à sua nova realidade e é recompensador acompanhar sua evolução, e, na mesma medida, a forma como quem ela deseja ser não sufoca por completo a garota que conhecemos no começo do livro. E me atrevo a dizer que em nenhum momento o livro me pareceu enfadonho, como uma boa distopia, eles tem de lutar contra algo, mas esta trás algo que talvez seja ainda maior que tudo isso: eles tem de resolver quem são antes de darem o próximo passo; e há tensão no ar, medo, ressentimento, raiva, e sentimentos fortes o suficiente para que, pasmem, o romance adolescente não me incomodasse!

Como primeiro livro de série, a autora passa boa parte dele nos ambientando ao que encontraremos, e ela faz isso muito bem. As facções, dão um toque extra, as implicações de sua existência e da forma como as relações entre elas poderão ser abordadas dali pra frente são inúmeras, e o mundo com o qual Tris e os outros personagens se depararão é bem mais imprevisível que a “calmaria” do sistema de facções aparentava.

Gostei muito. Todas as implicações, as reviravoltas, as incertezas, tudo contribuiu para fazer um livro que me prendeu desde o princípio. É bem escrito – mas com dois ou três erros de digitação – e bem desenvolvido. Mal posso esperar para ler a continuação.

 

Divergente - Divergente Livro 01, de Veronica Roth (Divergent, 2011 Tradução de Lucas Peterson, 2012) – 502 páginas, ISBN 9788579801310, Editora Rocco. [Comprar no Submarino]

{B+}

14 comentários:

  1. Ai até que enfiiiim! Eu tive minhas estranhezas com Divergente, principalmente logo após ler Jogos Vorazes, mas é uma grande história, não tenho dúvida. Insurgente é muito melhor que o primeiro livro, é absurda a evolução da narrativa de Veronica Roth. Fico muito feliz que você tenha curtido o livro, agora falta Jogos Vorazes né? hahahaha

    Desculpa, eu sou tipo crente que quer converter os outros quando eu gosto muito de um livro.

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    1. E como demorei! Não tive lá muitos problemas com o livro, me adaptei bem a ele, e embora alguns momentos sejam um pouco ingênuos por parte da autora, eu dou a ela um voto de confiança na esperança que isso será corrigido.

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  2. Eu amo "Divergente"! Acho que atualmente, essa é a trilogia distópica que mais nutro amor - além de "Jogos Vorazes", é claro. Já que você gostou tanto desse primeiro, vai pirar com "Insurgente", e como a Lu disse, é mesmo absurda a evolução da narrativa da Roth, a tensão se torna bem mais palpável, e as revelações pipocam durante o enredo, e o final tem aquele cliffhanger inacreditável! Não quero contar spoiler, mas no final do segundo livro temos uma ideia do que há fora da cidade...

    Atualmente estou lendo o último livro da série, Allegiant - que aqui no Brasil vai se chamar Convergente ¬¬ - e já estou quase no fim. Já adianto que o desfecho dessa série é sensacional, e sério, o mais incrível é que é uma história original e que ultrapassa os limites do gênero YA. Cara, termine logo essa série, haha!

    OBS: Isso pode ser clichê, mas qual é a sua facção? Eu sou Erudição 8)

    Abraços,
    - pensamentosdojoshua.blogspot.com

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    1. Hum, segunda pessoa a me dizer que a narrativa melhor no segundo livro! Depois dessa só me resta arrumar tempo para ler logo o "Insurgente", e com o terceiro volume da série batendo à porta, quem sabe não consigo ler em sequência!

      Sabe que não sei qual minha facção - será que exstem testes online para isso? vou procurar ;) mas me identifico com a Erudição também ;)

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    2. No site do Divergente Brasil, tem um Teste de Aptidão online. É meio bobinho, mas pode servir de "comprovação" de sua facção, kk.

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  3. Eu ainda não li Divergente, estou esperando pra ver o filme e ver se embarco nessa aventura! E sim, talvez eu seja a única pessoa da face da Terra que ama livros, mas espera sair um filme pra ver se vai gostar! rsrsrsrrss

    Eu sei que terá muitas diferenças, como sempre, mas ainda estou um pouco reticente com o livro, por isso a espera!

    Bjs, Mi

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    1. Hahahaha! Eu tive de ler agora, com o filme prestes a ser lançado, já que não gosto muito de ver o filme primeiro, sei lá, acho que o livro surpreende mais ;)

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  4. Eu tento, juro que tento, ignorar certas trilogias e coisas do gênero! Mas quem disse que os amigos deixam?

    Você vem com essa resenha totalmente instigante que se soma as da Lu Tazinazzo e a pessoa que queria ignorar lindamente esses livros, comprar menos em 2014 e ler mais clássicos fica como?

    Só a graça!!!

    P.S.: Adorei a resenha, vou esperar a trilogia terminar para comprar os três livros juntos kkk #ConsumismoLiterário

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    1. Olha, Jaci, eu também, mas não dá, rsrsrs! Acho uma boa esperar terminar a trilogia, é muito bom quando se pode ler os três livros de uma vez só ;)

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  5. Oi Luciano!
    Faz um tempão que quero ler esse livro! Adoro histórias desse tipo, mas até agora não consegui ler. É capaz do filme sair primeiro!

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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    1. Sora, eu também tava aguardando há muito tempo, como ganhei os dois primeiros numa promoção lá no aceita um Leite? não tinha mais desculpa para não ler ;)

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  6. Oi adorei sua resenha...mas vc já leu o livro reverso escrito pelo autor Darlei... se trata de um livro arrebatador...ele coloca em cheque os maiores dogmas religiosos de todos os tempos.....e ainda inverte de forma brutal as teorias cientificas usando dilemas fantásticos..acesse o link..www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem..

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Oscar