28 de julho de 2014

Incendeia-me – Estilhaça-me Livro 3, de Tahereh Mafi [Resenha #180]

Incendeia-me - Texto


Sinopse:

UM DIA EU POSSO ROMPER
UM DIA EU POSSO R  O  M  P  E  R
E ME LIBERTAR
NADA MAIS VAI SER IGUAL

O destino do Ponto Ômega é desconhecido. Todas as pessoas com quem Juliette se importa podem estar mortas. Talvez a guerra tenha chegado ao fim antes mesmo de ter começado. Juliette foi a única que restou no caminho d O Restabelecimento. E sabe que, se ela sobreviver, O Restabelecimento não sobreviverá. Entretanto, para destruir O Restabelecimento e o homem que quase a matou, Juliette vai precisar da ajuda de alguém em quem nunca pensou que pudesse confiar: Warner. Enquanto eles lutam juntos para combater o inimigo, Juliette descobre que tudo que ela pensava saber sobre seu poder, sobre Warner e até mesmo Adam era uma mentira.


Dia desses fiz uma compilação das séries que estou acompanhando e me assustei com a quantidade delas que li apenas o primeiro livro. Assim, é quase que um evento quando consigo terminar alguma, ainda mais uma tão especial quanto a trilogia Estilhaça-me, da estreante mas já competente Tahereh Mafi.

Este post potencialmente apresenta spoilers para quem deseja acompanhar a série. Estejam avisados.

O que mais me atraiu na série foi a protagonista completamente fora de centro. Dona de um poder único, mas que faz com que ela não possa tocar ninguém tampouco ser tocada – se alguém entra em contato com a pele dela sente uma dor terrível e pode até mesmo morrer – Juliette é etiquetada logo cedo como aberração, abandonada pelos pais em um manicômio, e sofre por não saber o que é um carinho, um abraço, um momento de conforto. Todo esse sentimento de culpa que ela tem por ser o que é faz com que ela enxergue o mundo de uma forma completamente subjetiva, onde sons e cores e sentimentos se mesclam em verdadeiros eventos sensoriais que a deixam desconcertada; e isso influi diretamente no modo como ela fala e pensa, usando-se de repetições e sobrescritos. Quando ela diz que está de coração partido, ela sente realmente a dor contida na expressão, e isso era o charme do primeiro livro.

Como toda boa distopia, existe na série um grupo opressor, atuando como governo vigente, nesse caso “O Restabelecimento”, uma iniciativa que surgira com a promessa de reabilitar a Terra e fazer dela um lugar próspero e feliz, mas que se mostrara chegado numa ditadura megalomaníaca; e os mocinhos, o “Ponto Ômega”, lugar onde pessoas com dons como Julliete se reuniram para aprenderem a controlar seus poderes e utilizá-los para tomarem o poder d’O Restabelecimento. É pra lá que Juliette vai em Liberta-me.

Até aqui não tinha do que reclamar, apesar de que em Liberta-me ela está mais centrada, não faz mais uso de tantas repetições e sobrescritos, é alguém ainda desconfiada, mas mais propensa a se abrir para os outros e travar conhecimento com eles. E muito disso graças à descoberta do amor. A série é YA então temos o triângulo amoroso adolescente. Já no primeiro livro ela conhece Adam, um carinha de quem se lembra minimamente e que, surpresa!, pode tocá-la sem se ferir. Então pensem comigo: ela é uma adolescente carente de afago e com os hormônios em ebulição, encontrar alguém que não corre o risco de morrer quando a toca, e mais, que está propenso a dar uns amassos e cuidar dela é algo bom demais para se imaginar. E ela aproveita a situação.

Correndo por fora temos o antagonista do bonzinho Adam, o vilão Warner, um maníaco por controle que comanda o Restabelecimento na área, e que é descrito por Juliette – os livros são narrados em primeira pessoa – como um sujeito perfeito, tipo aquelas estátuas gregas mas sem o pingulim pequeno. E a tensão entre eles só aumenta.

A autora poderia ter revisto suas prioridades para com Juliette. Ela tinha uma heroína fodona e pirada nas mãos, por que raios então fazer dela uma adolescente que só consegue pensar com quem vai ficar enquanto o mundo à sua volta desmorona? Pra completar, há um nada sutil movimento de reabilitação da figura de Warner se utilizando dos e-books que foram lançados entre os livros – o volume 1.5, Destrua-me; e o 2.5, Fragmenta-me. No 1.5 geral ficou alucinada por o maluco do Warner ter um bom motivo para ser maluco – fins compensam meios? – eu fiquei na minha achando que ele ainda merecia uma temporada em um hospício. No 2.5 a situação piora: o bonzinho Adam é retratado como um sujeito destemperado sem saber o que quer, que hora ama Juliette, depois termina com ela e acha tudo muito bom pois ele tem mais com quem se preocupar e ela era meio maluca e inconstante mesmo. Se decide rapá! Ou coloca a coisa pra rodar ou sai do trono.

O golpe final da campanha #VemWarnerEMePossua se dá neste último livro da trilogia, onde as coisas funcionam mais ou menos assim: “Sabe, amor, tudo aquilo que eu te fiz? Eu brinquei com você, joguei com sua mente, explorei suas fraquezas, te deixei um tanto mais pirada, mas, sabe, eu estava mentindo! Olha que bacana eu sou!”, e, o pior, ela está tão caidinha por ele e desesperada por uns amassos que faz sinal de positivo e aceita tudo, moça bem amestrada que ela mostra ser.

Ah, gente! Por favor né? É final de trilogia, ô Tahereh! Cadê o sangue, as explosões, a destruição, o Adam e o Warner se engalfinhando para ver que galo manda naquele terreiro? Neste volume, como em nenhum outro, o romance ocupou uma parte gigantesca.

Mas também tivemos uma reabilitação bem-vinda. Eu odiei o Kenji – um amigo do Adam que se aproxima de Juliette e é bom para com ela, e de quem não havia falado nada até agora! – nos dois primeiros livros, já que ele é todo metido a comediante e eu detesto, por princípio, qualquer um que se ache engraçado demais e faça piadas a cada trinta segundos. Só que, olha como são as coisas, eu gostei dele nesse livro! Ele é importante para Juliette, se mostra um bom companheiro e alguém que merece algum crédito. Se você junta babaca e banana, de algum jeito fica bacana. Crédito dado.

Falando do fim para encerrar essa resenha já enorme, eu achei ele um tanto “Fidel Castro desembarca em Cuba”. Quando se trata de política e revoluções – e eu tenho tanto conhecimento de causa para falar sobre isso quanto para prever o tempo – quase nunca aqueles que se colocam como libertadores fazem valer a esperança que neles são depositadas. Na série, por exemplo, sai um sujeito controlador e entra uma moça desequilibrada que atualmente está no paraíso só porque tem dormido de conchinha. Até que ponto isso funcionaria?

Mas vale a pena investir na trilogia? Vale, eu esperava mais do último volume, acho que isso está claro, mas não posso negar a qualidade dos volumes anteriores, em especial do primeiro, e da ansiedade que esperar por eles gerou em mim. E tenho uma tendência a preferir a ação em detrimento do romance, então desde o começo já sabia que o jogo não seria ao meu favor – mas se os capítulos finais são uma mostra do que a autora sabe fazer quando se trata de ação e tensão, então, moça, toma aqui meu aplauso!.

Juliette é figura marcante, e cativa o leitor em sua insegurança, suas falhas, e com a torcida que surge para que ela consiga atingir seus objetivos. Vale a pena conhecê-la, e se romance é um ingrediente do qual você gosta em um livro, vai se dar bem por aqui.

 


+ da série

Estilhaça-me - Estilhaça-me Livro 1
Liberta-me - Estilhaça-me Livro 2


 

Incendeia-me - Estilhaça-me Livro 3, de Tahereh Mafi (Ignite me, 2014 Tradução de Ba, 2014) – 384 páginas, ISBN 9788581634418, Editora Novo Conceito. [Comprar no Submarino]

{B+}

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13 comentários:

  1. Adorei o "tipo aquelas estátuas gregas mas sem o pingulim pequeno." kkkkkkkk #RiAlto Uau! Que resenha cheia de veneno Luciano!!! Sua chatice encontrou graus nunca antes alcançados e o texto foi matador! Concordei com cada palavra tanto que minha vontade de fazer resenha se dissipou, não tem o que escrever porque você disse muito do que eu gostaria de ter dito, senão tudo, inclusive os aplausos a Tahereh Mafi, que tem uma forma de escrever deliciosa e envolvente, mas pouca consciência politica-social.

    Eu leria a novamente a Tahereh se ela se prestasse a escrever outros gêneros, especialmente romances, ela faria um trabalho melhor do que Cecelia Ahern porque escreve com mais profundidade sobre os sentimentos e dilemas humanos.

    Ah, só para constar, quando li o "Destrua-me", achei que a autora se apaixonou Warner e pensei "Nossa, ela vai fazer qualquer coisa para dar um final feliz a essa criança desamparada!" Sim, porque psicologicamente, apesar dos pesares ela transforma o rapaz em um protótipo de criança desamparada, um Heathcliff adocicado. Luciano, as vezes eu tenho crise de pessimismo e penso que em nosso tempo não há mais Emilys Brontes para dar criar e dar finais condizentes com a realidade para personagens perturbado que fazem coisas perturbadoras.

    Ah, outro ponto, sinceramente tenho detestado essa tendencia das autoras de escreverem histórias extras tipo fanfics, isso mata qualquer tentativa do leitor de se perguntar "o que será que aconteceu com fulano e cicrano nesse meio tempo?" e buscar por si só criar respostas condizentes ou fins alternativos como os fãs de Harry Potter fizeram, por exemplo.

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    1. Hahahaha! Não foi lá minha intenção ser muito maldoso, rsrs. Olha, eu também leria algo mais da autora, ela me cativou no livro naquele esquema de "apesar dos pesares", algumas partes definitivamente deveriam ser melhor trabalhadas.

      Dois abraços ;)

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  2. Hahahaha. Me diverti horrores com essa resenha.
    Eu li Estilhaça-me e amei, mas quando li Destrua-me o amor deu uma esfriada.
    Quero dar continuidade em agosto. Agora que eu já esqueci um pouco do que li, fica mais fácil, rsrs. Sou assim mesmo.
    Assim como você eu prefiro as distopias cheias de adrenalina, aventura e sangue. Não entendo muito bem essa coisa de mundo distópico, governo dominante e mocinha apaixonada, tudo isso junto não me convence. Mas enfim, fazer o quê?
    Vou ler e tomara que eu goste!!

    Bjkssssss


    Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br/

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    1. Lelê,

      Leia de peito aberto, a trilogia é boa, mas eu senti falta de doses maiores de ação....ficou aquela impressão, sabe, de que há amor demais...

      Dois abraços!

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  3. Honestamente, eu não leria essa série. Eu já acho a protagonista meio questionável, já que ela me lembra muito a Vampira do X-Men - não que eu acompanhe, mas é justamente a personagem da Marvel que eu mais gosto. Fora que eu sempre tive a impressão de ser uma série sem muito a acrescentar, que não trouxesse nada inovador. Considerando sua resenha, não parece meu tipo de livro MESMO. hahaha vou deixar passar.

    Abraços!

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    1. Ah, olha, eu acho a Juliette uma personagem interessante, em especial no primeiro livro, por causa da confusão toda que é a cabeça dela, quanto às comparações, bem.... fazer o quê né! Mas vale a pena ler ;)

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  4. Oii!
    Amo muito essa série. Nossa, a cada livro eu acho mais coisas interessantes e que acabam prendendo a minha atenção. Ainda não li "Incendeia-me" mas já está na minha lista de próximos livros.

    Goste muito do teu blog. Estou te seguindo, e convido se tu quiser fazer o mesmo com o meu blog...

    http://mundo-restrito.blogspot.com.br

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    1. Ju, no geral também gostei bastante ;)

      Obrigado pela visita!

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  5. Oi Lu,
    Bem sabe que lendo sua resenha eu pensei que você iria dar um D-...shauhsua....olha eu gostei da trilogia e espero que a autora escreva pelo menos mais um, porque não fiquei satisfeita com o final. Nossa gostei tanto do Kenji...e não achei essas coisas dele...shaushua.....mas realmente minhas palmas para Mafi que me conquistou.

    Bjus Elis - http://amagiareal.blogspot.com.br/

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    1. Hahaha! Elis, eu acho que fui muito malvado em alguns comentários, mas olha, foram todos sinceros. eu gostei da escrita da autora, no geral, de certa forma acho que, em um outro contexto, ela seria perfeita. E, sim, também quero muito ler algo mais dela!

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  6. Olá Luciano...Esta trilogia sempre me chamou muito a atenção, então comecei a ler em e-book mas confesso que não curti muito o formato, e quis comprar eles físicos para ler, mas ainda falta este último pois pretendo ler todos de uma vez só. Estou bastante animada...Pretendo ler ela ainda este ano!!

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  7. Amo esses livros!! Quando comecei a ler estilhaça-me não parava de falar do livro...tanto é que minhas amigas começaram a ler também... E como se é de esperar ela também amaram...o único problema é q os personagens são tão perfeitos que da até raiva por não esxisitirem...e também vi na internet que a fox tinha comprado os direitos da história e que tem chances de virar filme...será que é verdade?...enfim..amei sua resenha... Me indentifiquei com muitas coisas..kkkk principalmente com a comparação de grego..kkk ri muito...

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    1. PS: meu nome é Julia...é que preferi por meu comentario no anônimo porque tava dando problema .

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Oscar