22 de setembro de 2014

How’s That For a Tragedy? I Became the Man I Was Hunting #Lost10Years

SawyerHurleyJack e Kate

A frase que dá título a esse post define bem o dilema de Sawyer. Disparado meu personagem preferido da série, James Ford assume a identidade de Sawyer que é na verdade a pessoa que ele está procurando. O quão irônico é você desenvolver em si todas as qualidades que fizeram com que detestasse uma outra pessoa? Ou, melhor dizendo, o quão terrível é isso? Será que todo predador tem de ser mau?

Sawyer é um dos sobreviventes do voô Oceanic 815, que partiu de Sidney, Austrália, em direção à Los Angeles, com 324 passageiros à bordo, e acabou desaparecendo. Setenta e uma pessoas sobreviveram à queda, em uma misteriosa ilha paradisíaca, e logo descobriram que manter-se vivos não seria tarefa simples.

A narrativa da série seguia uma linha cronológica dos acontecimentos na ilha enquanto eram intercalados à ela flashbacks que mostravam os personagens antes do acidente, em situações que explicavam quem são e o que fizeram para terminar ali, com cada episódio tendo um personagem central ao redor do qual giravam os acontecimentos.

Nas primeiras temporadas, não era possível apontar as razões pelas quais aquelas pessoas sobreviveram ao acidente – como em todo acidente aéreo, o fato de serem sobreviventes logo levantas as suspeitas de predestinação, mas por quais razões seriam eles merecedores disso? – mas com o passar do tempo algumas pistas eram dadas, como quando algum personagem timidamente se insinuava no plano de fundo de ação de um terceiro – na maioria das vezes Jack – mostrando que, apesar de não se conhecerem até o acidente, em algum ponto de suas vidas certa conexão foi feita.

Jin e SunMr. Locke

Sobre os personagens, a série trás um grupo heterogêneo, como acontece em todo voo, não sendo possível traçar entre eles um perfil comum que vá além do fato que, por alguma razão, estavam na Austrália e embarcaram no voo 815. Mas pode-se dizer que é quase instintivo que se confiasse na figura de Jack, médico bonitão com sorriso tímido, logo apontado como o líder natural e que assume certo controle da situação. O mesmo não pode ser dito de Locke, o sujeito misterioso de meia-idade com propensão por falar em parábolas e prever a chuva, e o primeiro a afirmar que a ilha é uma dádiva, não um castigo.

Kate, com suas sardas e olhos claros, é a moça que carrega um segredo; e Sawyer, o anti-herói bonitão, com covinhas. Também temos Boone, Hurley, Sayid, Jin e Sun, Rose, e muitos outros em meio a um mistério que não poderiam imaginar onde os levaria.

Sawyer pode parecer bastante intratável no início. Lhe dê bom dia, e ele é sarcástico. Mas, se é possível afirmar alguma coisa à respeito de pessoas assim, é que isso é uma carapaça, uma estratégia de defesa para que não se mostre como, na realidade, são frágeis. Sawyer é frágil, mas tão calejado por uma vida nada franciscana, que no começo é difícil acreditar que ele tenha algo de bom.

Em ficção, tenho uma queda pelos caras maus. Geralmente eles são mais interessantes, e, em uma série onde o mocinho – Jack – era um pé no saco em oitenta por cento das situações, fica ainda mais fácil gostar do anti-herói, e torcer por ele.

Mas também há um embate entre Jack e Locke. Jack é o sujeito inteligente que pensa friamente em suas atitudes e no que precisa ser feito para que o grupo sobreviva; enquanto Locke é o homem prático que entra sozinho na selva à caça de comida, e volta com um javali morto. Isso remete ao livro “O Senhor das Moscas”, que também está na lista do #SawyerRC, e que para mim trás um questionamento que todos os presentes na situação também devem ter pensado sobre: em quem confiar, no homem sério e ponderado, que só tem cocos e frutos à disposição para lhe oferecer como comida; ou no sujeito misterioso que tá bem ali do lado preparando presunto? Situações difíceis exigem decisões difíceis.

Lost, como todo bom produto de entretenimento, tinha um triangulo amoroso, formado por Kate, Sawyer e Jack. Torci muito por Kate e Sawyer, ainda mais quando vamos descobrindo o passado dela e o que fez, e o quanto ela e Sawyer foram feitos um para o outro, mas isso não quer dizer que os finais tenham sempre de ser felizes. Essa relação complicada, com Kate muitas vezes servindo de ponte de comunicação entre Sawyer e Jack, conseguiu se firmar até a última temporada, mesmo quando decisões um tanto quanto definitivas já haviam sido tomadas.

Durante sua trajetória, a série foi perdendo adeptos, como é normal. Concordo plenamente com quem diz que as duas primeiras temporadas são as melhores. O que havia de mais interessante em Lost era o suspense. O que era a fumaça preta? Quem eram os Outros?

Esta pergunta, por sinal, era a que mais me interessava ver respondida. Quem eram os outros? Em todo bom livro sobre náufragos, há uma cultura nativa hostil que tem alto potencial de se sentir ameaçada com a presença de novos agentes. Os Outros eram essa cultura nativa. Seus sussurros podiam ser ouvidos em meio à selva, e conheciam a ilha como ninguém, podendo estar em todos os lugares.

A resposta à questão dos Outros meio que banalizou a coisa toda. Então era isso?  Era, vamos seguir em frente. Depois de revelados, é muito mais fácil entender como Rousseau conseguiu por tantos anos se manter viva, sozinha, se escondendo deles. É mais ou menos como naquela linha de pensamento que diz que o que faz nosso inimigo realmente forte é o nosso medo.

CharlieBen

Mas uma coisa é certa: eles tinha um líder verdadeiramente genial. Ben é o cara franzino de olhos esbugalhados cuja aparência frágil esconde alguém extremamente perigoso. Ele ama a Ilha de tal forma que não mede esforços tampouco a dimensão de suas atitudes para defendê-la. E aqui eu queria muito dividir uma impressão que tenho, mas isso destruiria a experiência de alguém que por ventura decida começar a assistí-la.

Muita gente não curtiu o final da série. Eu os entendo. As últimas temporadas, com a presença de Faraday e fortes conceitos de viagens no tempo, insinuavam uma conclusão em termos científicos, e, claro, a resposta da pergunta que todos os fãs queriam ver respondidas: o que era a ilha? Então, contrariando todas as expectativas, os produtores decidem por um final que tem muito mais a ver com crer e conceitos intimistas como bem e mal. De certa maneira, acho que essa sempre foi a temática de fundo da produção, os tênues limites que separam algo de ser bom ou mau, e os agentes que os forçam para tanto.

Mas se o final foi broxante para alguns, a última cena na ilha me fez chorar. E muito. Ela é de uma simbologia profunda para os fãs, para quem acompanhou todos os cento e vinte e um episódios, que mesmo enquanto tinha meu peito partido ao meio me sentia grato pela homenagem. É simplesmente linda.

JulietSayid

Lost foi certamente a série que mais me comoveu, a que mais me intrigou. Antes dela não sentia ânsia alguma de pesquisar sobre, teorizar sobre, e falar sobre. Hoje comemora-se o aniversário de dez anos da exibição do primeiro episódio da série. O que é mais fantástico nisso tudo é que, naquela noite de vinte e dois de setembro, ninguém, em parte alguma do mundo, tinha uma breve ideia do que viria a acontecer.

Então, essa é minha homenagem. Este post não é uma resenha, é só uma colagem de impressões até o ponto em que poderia abordar determinados assuntos sem soltar spoilers.

No Tumblr do #SawyerRC também publiquei uma lista com meus dez personagens preferidos da série. Vejam o post aqui.

Como parte das comemorações do décimo aniversário da série, propus o “Sawyer Reading Challenge”, onde devem ser lidos todos os livros que o personagem leu na ilha. Para saber mais sobre, visite este Tumblr. Também está rolando uma promoção valendo um exemplar de “Morte na Praia”, da Agatha Christie, livro que está na lista do #SawyerRC.

14 comentários:

  1. Olha! Achei chique!!

    Depois de tanta coisa que você disse aqui, só posso dizer que é chique demais esse post!!

    Bjkssssssssssssss

    Lelê

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  2. Adorei o post! Lost é uma das únicas séries que assisti inteira, e lendo o post me bateu uma saudade e vontade louca de rever. ;)

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    1. Lígia, ela foi uma das poucas que me cativou dessa maneira. Se brincar, parto para rever também ;)

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  3. Bom eu sou órfã de Lost e até hoje não encontrei nenhuma série que me fizesse sentir como Lost me fazia. E ao contrário de muita gente eu gostei muito do final e achei até condizente de certa forma. Agora, ao contrário de vc eu sempre torci pelo Jack kkkkk mas acho que parte dessa torcia se deve ao fato de que gosto do autor desde a série "O Quinteto"! Outro personagem que eu adorava era o Sayid e pouco se comenta dele.....

    Enfim, que post nostalgico, adorei!

    Bjs, Michele

    O que tem na nossa estante

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  4. Oi Luciano!
    Nossa, que saudades de Lost! Acho que foi a última série a realmente me deixar grudada na tv e ansiosa pelo próximo capítulo. Ficava horas discutindo teorias com os colegas de trabalho... Nenhuma série fez isso acontecer novamente.
    Adorei o post!!!

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  5. Eu nunca vi 1 minuto de lost, mas como me contaram o final, acho que ficarei assim mesmo. A série realmente despertou muito amor nos telespectadores, e admiro os produtores segurarem poucas temporadas ao invés de estender a série desnecessariamente. Quem sabe um dia eu não me renda, mas saber o final estraga muito =/

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  6. Minha alma gêmea ama Lost, eu vou assistir essa série do capitulo 1 ao final! #Decidido

    A parte isso, esse post é pura poesia! Que texto lindo, terno, fofo, daqueles que embalam a gente. Independente do tema que é abordado eu amo quando um texto consegue me embalar. Adorei!

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  7. Oi, Lu!
    Achei admirável a sua iniciativa motivada pelas comemorações dos 10 anos do lançamento da série. Eu temo não ser uma boa participante, já que não assisti a série toda. Chegou em um dado momento que comecei a perder os episódios por pura rebeldia, já que pensei que os autores estavam brincando com a paciência dos telespectadores. Gosto de suspense, mas até uma medida... Li o seu post com a avidez de rever a série e tentar imaginar aquilo que não vi. Estou seguindo o tumbr e feliz com o sucesso da página.
    Beijus,

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  8. Oi Luciano.
    Eu adoro essa série, acho que foi a única que consegui acompanhar fielmente, mas acredita que eu travei na última temporada e até hoje não assisti, na verdade eu assisti sim, o primeiro episódio.
    Sempre que vejo um post sobre Lost me bate aquela frustração, to com medo de me despedir rsrsrs...mas tenho planos de assistir tudo novamente e engrenar com a última temporada.
    Sawer também é meu queridinho, a princípio de caráter duvidoso, mas com uma personalidade única, sem dúvida é um personagem singular.

    Beijos.
    Leituras da Paty

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  9. Me desculpe, mas tenho de ser chato. Qual a tradução das frases em ingles?
    Tirando esse detalhe, o texto está bem bom.

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    1. Me desculpe, mas tenho de ser chato. Qual a tradução das frases em ingles?
      Tirando esse detalhe, o texto está bem bom.
      Não consegui comentar com minha contagoogle. Meu nome é Edivaldo Calabrezi.

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