Sinopse: Arlena Stuart adorava o sol, e era frequente ver seu lindo corpo bronzeado estendido na praia, o rosto pousado na areia. Só que desta vez não havia sol... ela tinha sido estrangulada. Desde a chegada de Arlena, Poirot tinha percebido algo diferente entre os veranistas, uma tensão sexual pairando no ar. Poderia um crime aparentemente passional ter sido ao mesmo tempo uma ação premeditada, muito mais perversa? Os álibis parecem perfeitos neste empolgante mistério à beira-mar.
Agatha Christie foi, talvez, minha primeira paixão literária, a primeira autora que busquei ler tudo o que encontrava disponível, e que, invariavelmente, acabava me agradando em tudo aquilo que lia – em diferentes graus, claro, mas sempre com bom índice de satisfação.
Como critério pessoal, costumo após a leitura classificar um livro da Rainha do Crime da seguinte forma: se está mais para Passageiro para Frankfurt – o livro dela de que menos gostei – ou para O Caso dos Dez Negrinhos – que é disparado o melhor livro da autora e um top cinco fácil em qualquer lista dos maiores títulos do romance policial de todos os tempos.
Este “Morte na Praia” está mais para o “O Caso dos Dez Negrinhos”.
No livro, a autora nos introduz a breve história de uma propriedade costeira na Inglaterra, em Devon, que, tempos depois de sua construção, se torna um local de convergência para pessoas que querem passar um período perto do mar mas que preferem algo mais exclusivo e não tão movimentado quanto os balneários preferidos dos turistas – o tipo de mal humor britânico que sempre se vê nos livros da autora
Por ocasião da narrativa do livro, se encontravam hospedados no hotel uma coleção de figuras, desde britânicos aposentados até americanos falastrões, passando por um certo famoso detetive belga, Hercule Poirot. A presença do pequeno detetive – em estatura – se faz notar por todos os presentes, que logo querem saber se ele está no local investigando algum crime, e, ironicamente, se sentem frustrados quando ele faz questão de afirmar que apenas está passando ali as férias. Mas se há uma verdade na literatura policial é a de que detetives não tiram férias.
Poirot sabe ler as pessoas e o clima ao seu redor, e sente a tensão mudar quando Arlena, a vítima, entra em cena. Já no começo do livro ele sabe que um crime será cometido. Quando questionado, após o ocorrido, as razões de não ter feito nada que o impedisse, ele observa que, quando um alguém está disposto a matar outrem, não é nada fácil demovê-lo da ideia. Para completar, intenção criminosa não é crime.
Arlena é o tipo de mulher que preenche o ambiente e Agatha Christie soube transmitir isso ao leitor: ela está presente, por motivos bem diversos, é verdade, tanto nos pensamentos dos homens como no das mulheres, ao ponto de, após o crime ser cometido, alguns dos personagens afirmarem que “uma mulher como ela” só poderia mesmo terminar daquela forma.
O livro segue a estrutura policial padrão, popularizada pela própria Christie: há um crime, os detetives se empenham em solucioná-lo, com o leitor acompanhando os progressos desta investigação.
Se há uma só coisa que eu admiro na autora é que ela respeita o leitor. É fato que quem lê suas obras traduzidas acaba sem algumas dicas que perdem o tônus durante a tradução, mas permanece a sensação de que ela não subestima o leitor em nenhum momento, e tudo com o que Poirot trabalha são basicamente as mesmas informações que nós, leitores, temos.
Por falar em Poirot, aqui ele já está um tanto mais velho – no cânone do personagem, este é o livro de número 23, publicado vinte anos após a primeira aparição do detetive, em “O Misterioso Caso de Styles”, de 1921 – e é perceptível as mudanças em seu modo de agir. Tá certo que ele sempre fora alinhado, vestido de forma impecável, e de uma polidez tremenda, mas há algo de diferente nas atitudes que faz com que se perceba que ele reconhece a figura que representa, ficando um degrauzinho apenas de eu achar que ele se tornou um velho chato.
Mas ele é Poirot, ele pode!
– E, às vezes, é como a peça deste seu quebra-cabeças. A pessoa arruma metodicamente as peças - separa as cores - e acontece de uma determinada cor, que deveria encaixar no - digamos, no tapete - encaixa no rabo de um gato preto.
Falando da investigação em si, temos os suspeitos habituais: marido traído, amante, esposa do amante, enteada adolescente, amiga de infância, e a figura x. A figura x é aquela que, dentre todos os cenários possíveis, acaba se sobressaindo como uma anomalia à linha de pensamento regular, em grande parte por dar a ela alguma materialidade. Algo do tipo “se todas as opções foram consideradas e não se chegou a uma conclusão à prova de equívocos, temos a figura x”.
A questão é que eu gosto do modus operandi da autora. Me cativa, me prende, me faz viver o que é narrado de uma forma que poucos autores conseguem. É absurdo o quão imerso fico quando leio algo dela. Então, sim, me envolvi mais uma vez, e gostei bastante.
E se há uma coisa boa em Poirot estar mais velho, é que ele também está mais experiente, e a solução do crime é simplesmente fantástica. Pra quem quer um romance policial de primeira, é só colocar o Patterson de molho e partir pra conhecer Agatha Christie.
Minha leitura do “Morte na Praia” fez parte do “Sawyer Reading Challenge”.
Para saber o que é e como participar, clique aqui.
Morte na Praia, de Agatha Christie (Evil Under The Sun, 1941 –Tradução de Rodrigo Breunig, 2013) – 272 páginas, ISBN 9788525430151, Editora L&PM Pocket. [COMPRAR NO SUBMARINO]
{ A }
Acredite em mim, nunca vou trocar Agatha por Patterson, não simpatizo com o gênero, como é publico e notório, mas se for para ler vou ler um clássico porque cai melhor kkkk
ResponderExcluirComo sempre é muito legal ler os textos que você escreve sobre os livros que recebem nota A!
Cheros Luciano <3
Acho que em empolgo. Na pesquisa que fiz, deixaram um comentário mais ou menos assim: suas resenhas são muito grandes, ou você se adapta, ou seu blog se acabará. Fazer o que né? ;)
ExcluirAdorei quando você citou o livro "O Caso dos Dez Negrinhos"!!! Você sabia que ele mudou de nome? Sim, agora se chama: E Não Sobrou Nenhum. Onde o título é o spoiler.
ResponderExcluirSim, esse povo racista achou que negrinhos na capa era ofensivo. Aham!! Enfim, não vou discutir essa mente medíocre desse povo inferior que vê preconceito em tudo.
Agora falando da resenha. Ela é ótima e Poirot é ótimo também. Adorei!!! O incrível é que pelos elementos que você citou, praticamente todos os livros são iguais, e mesmo assim são diferentes e adoráveis!!
Perfeito!!!
Amei!!
Bjks
Ah! Você acredita que encontrei o livro "Poirot Investiga" numa caçamba de lixo?? Acredita que me joguei na caçamba pra salvar o livro, trouxe pra casa, e agora ele está em fase de recuperação?
Isso é o que a Agatha faz com a gente!!
Bjks de novo!
Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br/
Pois é Lelê! Que coisa, eu acho essa mudança de título descabida, muito fora do padrão, por isso insisto em chamar o livro com o título antigo. OLha, Agatha inspira muito amor - mesmo falando de crimes! - sou fã e não abor mão ;) E dois abraços pra você pelo resgate, tem gente que não tem coração!
ExcluirCara, Agatha Christie é sem dúvidas minha autora favorita. Só que não li tantos livros dela como eu queria, li apenas dois: "O Misterioso Caso de Styles" e "O Caso do Hotel Bertram". Deve ser legal puder acompanhar essa mudança não só no personagem como na escrita da autora também.
ResponderExcluirUma coisa é verdade: Preciso buscar mais leituras de Agatha, aliás, fã que é fã não pode ficar em apenas dois livros. Abraços!
Lucas - Carpe Liber
http://livrosecontos.blogspot.com.br/
Lucas, sempre é tempo de se ler as obras dela, e, olha, ela escreveu tanto que, comparativamente, também li muito pouco dela!
ExcluirMelhor autora do mundo!!!!!
ResponderExcluirPra todo o sempre!
ExcluirHahahaha sabe quem vai simpatizar com cada linha dessa resenha? Meu namorado! Se ele tivesse um blog, seria só de resenhas de livros da Agatha Christie. Bem, no caso, eu repetiria o discurso de sempre: não me dou muito com a autora, mas não subestimo sua importância. Só vou dar uma cutucada básica: Quando Sherlock Holmes ficou velho, ele não ficou chato hahahaha #Sorry não resisti.
ResponderExcluirAbraços!
Acabei de mostrar sua resenha para meu namorado e ele mandou dizer que concorda, achou a resenha ótima e que também não gostou muito de O Passageiro para Frankfurt. Recado dado =P
ExcluirSeu namorado é gente boa! Gostar da Agatha é marcar um ponto enorme comigo, rsrsrs. Olha, o Poirot ficou muito cheio de si, gosto não, mas ele continua brilhando. ;)
ExcluirSeu namorado é gente boa! Gostar da Agatha é marcar um ponto enorme comigo, rsrsrs. Olha, o Poirot ficou muito cheio de si, gosto não, mas ele continua brilhando. ;)
ExcluirAgatha Christie é sem dúvidas uma das melhores autoras que conheço. Adoro ler seus livos, são ótimos e recomendo para todas as pessoas que conheço.
ResponderExcluirBeijos, parabéns pelo blog
Oi, Luciano!
ResponderExcluirJá li "Morte na Mesopotâmia" também de Agatha Christie. "Morte na praia" estaria agregado de alguma fora a esse livro?
Beijus,
Agatha é uma DIVA. Ela apenas samba. Eu li apenas um livro dela e posso dizer que ela conduz a história de uma maneira tão... incrível. Eu posso ousar dizer que é melhor que Sherlock, as peças apenas... Se encaixam perfeitamente no final e ela sabe colocar suspense sempre no lugar certo. Espero que esse livro seja tão bom quanto o que eu li.
ResponderExcluirAcredito que Agatha Christie é uma paixão literária de um grandioso número de fãs e eu não poderia deixar de me incluir. Tem tempo que não leio nada dela e depois de ler sua resenha de Morte na Praia dando um gostinho de toda a trama e ainda mais com a figura de Poirot que mesmo mais velho não perde seu posto.,
ResponderExcluirAgatha Christie foi a 1º e sem dúvidas nenhuma a melhor autora de livros policiais que já li! Morte na praia eu li quando adolescente porque minha mãe tb ama e tem coleção dos livros dela....super indico tb!
ResponderExcluirLei Agatha Christie há muito tempo, desde meus tempos de adolescente. Meu primeiro encontro com ela foi em O Caso dos Dez Negrinhos e de lá para cá
ResponderExcluirleio sempre que posso comprar ou encontro quem me empreste. Vou ter que
ler Morte na Praia. A sua resenha me deixou muito curiosa.
Eu também fui iniciada no vicio literário pelo caso dos dez negrinhos e é um dos meus favoritos, pois é muito difícil escolher só um, hoje em dia sou perdidamente apaixonada pela Agatha Christie.
ResponderExcluirAinda não tive a oportunidade de ler esse título, mas sem dúvidas a vontade aflorou loucamente aqui. Sou tão viciada nos romances da Agatha que já li 3 livros em 24 horas.
2016-04-09keyun
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