Z Nation – Primeira Temporada

Desde que “The Walking Dead” vem batendo todos os recordes de audiência nos Estados Unidos, era só uma questão de tempo até que programas similares começassem a surgir. Sabem como é: na tevê nada se cria, tudo se copia, no melhor estilo Lavoisier de viver a vida. Z Nation é um deles, mas ele se esforça para ser diferente, e, nos mais amplos sentidos, oferece, sim, uma experiência diferente.

Na série, criada por Karl Schaefer, e produzida pela mesma produtora de Sharknado – espero que isso não os assuste! – um apocalipse zumbi varreu a face da Terra, com os poucos sobreviventes, três anos depois, vivendo da melhor forma que podem, muitos deles se agrupando em pequenas comunidades. Até que, em uma dessas comunidades, localizada em Nova Iorque, surge um oficial do exército americano escoltando um homem. Sua missão, o oficial deixa claro, é de suma importância, deve levar o tal homem, Murphy, até a Califórnia. Após a comunidade ser atacada, os sobreviventes, Addy, Mack, Doc, Steven e Roberta decidem ajudá-lo.

O grupo é bastante heterogêneo, e não consigo deixar de imaginá-lo como em um tradicional jogo de rpg: temos pessoas com treinamento militar, caso do comandante Mark Hammond, e Steven e Roberta, um médico, Doc – talvez o personagem mais carismático, com um senso de humor mais afinado e um foda-se lindamente calibrado com as situações pelas quais passam – e o casal de jovens, Addy e Mack.

Mas, mesmo os que não tiveram, nos anos A.Z., treinamento algum, com três anos de apocalipse zumbi, estão sempre prontos para lutar pela própria vida, menos Murphy.

A série é alicerçada na missão de levarem Murphy de Nova Iorque até a Califórnia. Mas, porque? Bem, isso é simples. Após trabalhar em uma vacina para acabar com o surto zumbi, o governo passou a testá-la em prisioneiros. Murphy recebeu uma das doses da vacina experimental, e, mesmo sendo mordido diversas vezes por zumbis, não se transformou. Acreditando então que seu sangue carrega a amostra que será utilizada na cura, ele tem de ser levado até um laboratório onde replicarão a fórmula.

Não é de se espantar, então, que ele tenha desenvolvido um tipo de alergia a zumbis. Imaginem ser mordidos diversas vezes enquanto está amarrado em uma maca, até ser resgatado por um oficial linha dura do exército. E os zumbis de Z Nation, chamados pelo grupo de “cachorrinhos e gatinhos” são bem diferentes que os de TWD. Em TWD, a pessoa morre e, lentamente, retorna como um zumbi, mas com reflexos extremamente lentos e mobilidade limitada. Em Z Nation, a pessoa morre, você conta até três, e ela retorna a vida, mas dotada de uma irracionalidade que faz com que tenha sua força aumentada várias vezes: eles são mais fortes, mais rápidos e mais inteligentes.

Isso é uma explicação muito melhor a propagação da epidemia que a de TWD. Imaginem uma horda de zumbis superdesenvolvidos de Z Nation invadindo uma comunidade, com cada vítima que fazem retornando também extremamente fortes e fazendo novas vítimas. Agora imaginem os lentos e decompostos zumbis de TWD. Caramba, sempre tive pra mim que, para acabar com os zumbis em TWD, bastava esperar que o processo de decomposição se completasse…

Durante a série, dois novos integrantes se juntam ao grupo, Cassandra, que esconde algumas coisas a respeito de si mesma; e 10K. 10K, ao lado de Doc, é meu personagem favorito. Ele tivera que dar misericórdia ao seu próprio pai, e, após isso prometer  matar dez mil zumbis. Também dá suporte ao grupo o Cidadão Z, um membro do governo americano que, isolado em uma base – no Polo Norte? No Alasca? – com provisões suficientes para muitas décadas e acesso a todo tipo de recursos de espionagem do governo, podendo, segundo ele, se comunicar através de qualquer tipo de frequência de transmissão, como am, fm e outras. É ele quem informa ao grupo o melhor caminho a tomar e onde, possivelmente, encontrarão algum tipo de ajuda.

O “dar misericórdia” também é algo constante na narrativa da série. Uma pessoa transformada em zumbi está privada de toda humanidade que um dia já teve, então matá-la em definitivo é visto como algo misericordioso, e levado a cabo sempre que podem.

A série foca bem mais no humor e na jornada em etapas que no “devemos sobreviver desesperadamente” que TWD se tornou.  Por isso gosto tanto de ambas, não as vejo competindo. Fica claro que TWD é muito melhor produzida e com um orçamento muito maior, mas também não se pode julgar Z Nation por falta de originalidade. É um erro tremendo achar que TWD é algo fora do normal, que seus autores tiveram uma epifania e fizeram uma hq muito bem sucedida. Pra mim, enquanto adolescentes eles jogaram muito Resident Evil.

Z Nation foi renovada para a segunda temporada, e ela promete. Apesar de não ter se transformado em zumbi, Murphy foi apresentando alguns sintomas preocupantes, como queda de dentes e cabelos, e, ainda, por mais que ele tenha medo dos zumbis, eles não o atacam, como se fossem semelhantes. Complicações surgirão daí.

 

Z Nation (Z Nation – USA, Season 1: 2014) Criada por Karl Schaefer. Com Kellita Smith, DJ Qualls, Russel Hodgkinson, Pisay Pao, Nat Zang, Michael Welch, Anastasia Baranova, Keith Allan. SyFy. Créditos completos aqui.

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