27 de junho de 2011

Bravura Indômita, ou Ah…o Jeff Bridges!

bravura indomitaO Bravura Indômita, dos Cohen, foi baseado diretamente no livro homônimo de Charles Portis, e não na clássica versão cinematográfica de 1969, que trazia no papel principal John Wayne, como muitos pensam, então tecnicamente, não é um remake, mas um novo filme, baseado na mesma obra.

O filme conta a jornada da pequena Mattie Ross (Hailee Steinfeld), de 14 anos, em busca de vingança – ou justiça – pelo assassinato de seu pai, cometido por Tom Chaney (o sensacional Josh Brolin). Para tanto, contrata o federal Reuben "Rooster" Cogburn (o grande Jeff Bridges), para perseguir e capturar o criminoso. Neste meio tempo, ela conhece o texas ranger LaBoeuf (Matt Damon, que, continuo achando, possui uma só expressão facial) que vem perseguindo o criminoso há vários meses, depois que ele assassinara um senador texano, cuja família promete farta recompensa para quem capturá-lo.

Os três partem então em busca do assassino pelo território indígena, tendo que conviver com a língua ferina – porém sincera – da jovem orfã Mattie, o orgulho de um federal velho, caolho, alcoólatra, longe do ideal do justiceiro intocável, com uma aura sagrada a lhe justificar as atitudes; e a cobiça do texas ranger, que nada tem com a vingança pessoal de Mattie, mas sim com a recompensa prometida pela família do senador morto. É claro que um grupo tão heterogêneo passa por diversas brigas e discussões, e acabam por desfazer a sociedade por diversas vezes – sociedades heterogêneas são difíceis de funcionar: até mesmo em O Senhor dos Anéis ela falhou na missão de proteger o portador do Um Anel.

filme-bravura-indomita2010

Não é nenhuma heresia dizer que Bravura Indômita dos Cohen tenta ser um western como os de antigamente, mas acredito que a atmosfera necessária não foi captada totalmente: temos tomadas de câmera belíssimas – com exceção de uma das cenas finais, que não posso dizer o que acontece, mas que envolve Cogburn e Mattie, e parece ter sido feita sem muito capricho com uso de chroma key – paisagens tão belas quanto, e músicas que tentam forçar um clima, e quase nunca funciona. Por outro lado, senti falta de um peso maior do nome Cohen no DNA da produção. É claro que o humor cohen está lá, mas o filme não tem a genialidade de Fargo, ou o clima de medo e suspense de Onde os Fracos não Tem Vez, e me deixou com a incômoda sensação de “esperava um pouco mais”.

Mas nem tudo são cinzas, e temos também flores. Temos o Jeff Bridges, ah, o Jeff Bridges, posando aí em cima para a GQ. Já há algum tempo ele é meu ator favorito, e chego a dizer que, fácil, é o melhor da atualidade. Seu personagem é um bêbado, muitas vezes desprezível e você sente ternura emanar dele, apesar de toda a frieza ou predisposição em acreditar que as coisas são como são que tem o personagem. A interpretação não te deixa na mão, e ele imprime em Cogburn um sotaque impressionante – assista ao filme legendado, perde-se muito com dublagens – que por si só tem vida própria. Isoladamente, merecia ter ganho o Oscar, em comparação a Colin Firth, vencedor deste ano, não sei, mas, de qualquer maneira, Bridges é Bridges. Ah, o Jeff Bridges!

Bravura Indômita (True Grit – EUA, 2010) Roteiro e Direção de Joel e Ethan Cohen. Com: Jeff Bridges, Matt Damon, Josh Brolin, Hailee Steinfeld.

3,5

 

PS: Vale a pena dizer como a imagem do topo do post ilustra bem o que se passa no filme: Cogburn voltado para Mattie, e LaBoeuf voltado para Chaney. Assim já se tem uma clara ideia das prioridades de cada um.

5 comentários:

  1. O último filme que assisti com Jeff Bridges foi "Coração Louco", bastante envolvente! Queria assistir "Bravura Indômita" quando estreiou nos cinemas, mas no dia que estava no Rio, os cinemas estavam lotados. Sempre esqueço de passar pela locadora, aliás, muito tempo que não frequento uma! :P Ah, ontem foi o dia de lançamento do seu álbum musical que no Brasil só ficará disponível em Agosto. Tenho muita simpatia pelo ator e também pelo cantor Jeff Bridges, desde os tempos que contribuia fazendo trilhas de filmes junto com Quincy Jones ;) Beijus,

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  2. Luma,

    Confesso que ainda não dei muita atenção ao Jeff Bridges músico, mas foi por puro esquecimento. De casa vou dar uma procurada, será que é tão bom quanto é como ator?? Espero que sim.

    Beijos.

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  3. Luciano, ainda não consegui ver , mas saiu em DVD , vou tentar pegar no próximo fds. Bridges é bom músico, sim. Viu Susan and the Baker Boys?

    Falando em música, como vc participou da primeira edição de Solta do Som, em 2009, passei para convidar a falar sobre música mais uma vez . Solta o Som 2

    abraço

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  4. Vanessa,

    Ainda não vi ao Susan, mas fica anotado a sugestão. Já o Bridges músico, logo aparecerá por aqui numa sexta, acho que até mesmo será minha participação na Solta o Som 2.

    Abraços.

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  5. É um remake sim, um remeikaço. Ficou facil para o Cohen plagiar Henry Hataway com a base solida incial (já pensou criar estes tipos sem dos do filme de 70?) Não da para negar que todos os personagens são feitos ecima dos de Hathaway (até as roupas!!), e o Briges, com seu eterno geito de jovem parece todo tempo fora de foco, forçando uma voz e maneiras de falso velho.
    Nem perto do velho Wayne...nem perto...
    Evaldo
    evaldo_braz@hotmail.com

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