23 de abril de 2012

Hoshi no Koe – The Voices of a Distant Star [Resenha #048]

Escrito por Makoto Shinkai e com arte de Mizu Sahara, baseado em um OVA (Original Video Animation) de mesmo nome, lançado em 2002, Hoshi no Koe – The Voices of a Distant Star é um seinen, ou seja mangá dirigido para homens jovens, entre 20 e 40 anos.
Hoshi no Koe

Ambientado em um futuro nem tão distante, o mangá conta a história de Noboru e Nagamine dois grandes amigos, que estudam juntos e fazem planos para continuarem assim quando forem para o colégio. Porém tudo muda quando uma raça alienígena dona de uma avançada tecnologia é descoberta, e os humanos passam a considerar indispensável para sua sobrevivência tomar posse desse conhecimento, entrando em conflito com esta civilização, chamada de Tharsian. Assim, a ONU, vejam só, convoca algumas pessoas para serem treinadas para a guerra, onde pilotarão robôs gigantes visando destruir o inimigo e se apoderar de seu conhecimento. Nagamine é uma delas.Hoshi no KoeMas toda esta história de guerra é apenas um pretexto para o autor separar os amigos e mostrar como podemos nos distanciar, mesmo com todo os avanços tecnológicos que tanto nos aproximaram nas últimas décadas. Estando no espaço, Nagamine se comunica com Noboru por meio de mensagens de texto, mas quanto maior sua distância da Terra maior o tempo que a mensagem leva para ser recebida por seu amigo. Assim, passam a se falar cada vez com menos frequência, e começam a se questionar sobre a lealdade de um e outro.Hoshi no Koe
Neste ponto o autor questiona se os laços que construímos podem se manter mesmo estando separados por um grande período de tempo. Permanecendo na Terra, Noboru tem de continuar com sua vida, indo para o colégio que ele e Nagamine faziam planos de frequentar; enquanto ela é treinada em Marte para partir em missão. Apesar de pensarem muito um no outro – e é claro que são apaixonados, apenas ainda não reconhecem o fato – é inevitável que passem a conviver com pessoas que estão mais próximas e criar certa cumplicidade com elas, revendo então suas prioridades.Hoshi no Koe
E os autores tem grande mérito em como retratam estas mudanças. No começo pouco tempo é gasto para que recebam as mensagens um do outro, mas este tempo vai aumentando, passando para 6 meses, mais de um ano e finalmente mais de 8 anos. Conforme a distância vai aumentando, e cresce dentro de cada um deles a dúvida e o sentimento de terem sido deixados para trás e que não é válido que esperem um ao outro, sente-se um certo aperto no peito, uma preocupação com o relacionamento dos dois que apenas as histórias muito bem contadas nos fazem sentir.

A arte possui um refinamento no traço que até pode lembrar o estilo shoujo, mas adequou-se muito bem ao título, e a forma como é feita a narrativa, entremeando fatos atuais com memórias dos tempos em que ainda estavam juntos na Terra só faz aumentar a cumplicidade entre os dois assim como a do leitor com eles.
Hoshi no Koe
De negativo apenas o fato de a Panini não ter mantido as páginas coloridas que o original japonês possuía, trocando-os pelo tradicional branco e preto. E, se tratando de um one-shot, pagaria numa boa um pouco a mais para ter esse benefício, assim como se fosse impresso em offset ao invés de pisa brite.
Sabe, Noboru-kun
Sabe, Nagamine
Eu...
Tenho saudades de várias coisas.
Das nuvens de verão e da chuva gelada...
Do aroma do vento de outono...
Do som da chuva batendo no guarda-chuva e da maciez da terra na primavera...
Do ar fresco no caminho de volta para casa depois da aula...
Do cheiro do apagador do quadro negro...
Do cheiro da chuva no asfalto no fim da tarde...
Da sensação de conforto ao encontrar uma loja de conveniência aberta no meio da noite.
Eu sempre...
Eu Sempre...
...quis compartilhar essas sensações com você...
Nós...
... estamos aqui...
...e vamos nos reencontrar...
Hoshi no Koe – The Voices of a Distant Star (Hoshi no Koe, 2004Tradução de Jae Hw) Roteiro de Makoto Shinkai e  arte de Mizu Sahara – 240 páginas, ISBN 7897653514229, Panini Comics 
{B+}

PS: Como minha câmera é péssima e meu scanner parou de funcionar, as imagens do post foram tiradas de um scanlator, e servem apenas para que vejam a arte deste título.

12 comentários:

  1. Não sou muito do manga!
    Mais parece legal! :DD

    Beijos.
    Blanc.

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  2. Gostei muito de ler essa resenha, porque normalmente as resenhas de mangá que leio são bem ruins. UASHUAUUSHAUH

    Tudo Tem Refrão

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  3. Eu amo mangas, mas já faz um tempo que não leio nenhuma história, acho que a ultima que tenho tentado ler e ainda não consegui é Vagabond, que é clássico, mas não é uma das mais recentes.

    Ameio enrredo da história de The Voices... Me lembrou uma história pessoal, realmente quando nos relacionamos com alguém muito amado através de cartas e as cartas demoram cada vez mais a chegar nós nos questionamos quanto a autenticidade e reciprocidade da amizade, ou melhor, eu me questiono.

    A internet torna possível se comunicar com pessoas geograficamente distantes e construir vínculos afetivos com elas, mas como manter uma amizade/cumplicidade quando não existe a convivência física e mesmo o dialogo fica comprometido constantemente?!?!

    Bem, essa uma questão minha e faz referencia a um relacionamento afetivo que construir através da net, mas vendo uma produção discutindo isso, me pergunto até que ponto essa não é uma questão de muitas outras pessoas.

    Cheros Luciano, ótima forma de debater o livro, como sempre!

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    1. Pandora, fazia um certo tempo que não lia mangás, mas agora consegui ler dois consecutivamente, fato raro. Eu achei o tema bastante interessante - e principalmente por conseguirmos enxergá-lo facilmente em nossas relações, e suscitar debates bastante váldos numa sociedade que hoje é também virtual. Enfim, são coisas a se pensar.

      Grande abraço.

      Ah, também quero - muito - ler Vagabond ;)

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  4. Eu sou fã de Mangá, tenho varias coleções aqui em casa, como Samurai X, Vagabond, MPD Psycho... Gosto muito mesmo. Mas não conhecia esse, achei o traço muito bom e a estoria bem interessante. Tb pagaria a mais pelas paginas coloridas, a Panini as vezes faz umas coisas que não dá pra entender...
    Bjos

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    1. Fernanda, tenho muita cuirosidade e vontade de le MPD Psycho, pois adorava o Delivery Service of Corpse, que foi cancelado pela Conrad :( Quem sabe um dia leio.

      Beijos.

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  5. Nunca li mangá (nem por curiosidade) e como já contei meu filho é fã e colecionador. Gostei muito de sua resenha e da história. Acho que com tantas leituras que tenho pela frente preciso pegar uma leitura dessas para relaxar. Agora é conseguir a chance de pegar algum no acervo do filhote :)

    Um bom fnal de semana e acho que já podemos dizer boas férias.

    Beijos
    Irene

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    1. Irene, vale muito a pena dar uma conferida. E, como disse, é perfeito para descansar entre uma leitura de um livro e outro, nos dá um tempo para refletir ;)

      Beijos e bom fim de semana.

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  6. Luciano, linda a sua resenha, como é de costume!

    Me interessei tanto pelo enredo e traço de The Voices of a Distant Star que jajá vou procurá-lo em inglês para adicioná-lo na minha wishlist.

    E, sim, apesar de não entender quase nada de mangás por enquanto, ele me lembrou bastante o gênero shoujo...

    Abraço! ;]

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    1. Jéssica, o mangá é muito bom, tocante até, tenho certeza de que vai gostar. Pesquise também pelo nome em japonês: Hoshi no Koe, acho que ajudará ;)

      Abraços.

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Oscar