7 de maio de 2014

Almost Human – Primeira Temporada

Almost Human

Já comentei aqui no blog que tenho um certo problema em me tornar fã ou de pelo menos acompanhar assiduamente uma série policial. Não sei, de uma forma geral acho que a narrativa policial funciona bem melhor na literatura que na tv, já que é muito fácil, durante a construção do enredo e roteirização dos episódios,  acabar se usando de subterfúgios para esconder um ou outro buraco. E isso sempre me incomoda.

Em “Almost Humam”, criado por J.H. Wyman (de Fringe) e com produção do J.J. Abrams (de Lost, gente, Lost!) e que tinha a missão de substituir Fringe, conhecemos John Kennex, interpretado pelo simpático Karl Urban, um detetive solitário e turrão, que perdera uma perna e passara um bom tempo em coma, resultados diretos de uma operação policial desastrosa, e ainda com um mistério para resolver: teria sido ele traído pela namorada, que, possivelmente, participara da ação que quase o matou?

Reintegrado ao serviço, ele passa a contar com um parceiro androide largamente utilizado pela polícia – a série se passa no ano de 2048 – e que tem os benefícios de serem mais fortes, e com uma capacidade de raciocínio infinitamente maior que a dos humanos, além de uma pontaria mais acurada e etc, mas que, com seu jeito robótico e seus olhos sem expressão acabam por irritar Kennex, que acaba destruindo o seu.

Dorian

É aqui que entra Dorian, interpretado pelo chaaaaaaaaaato do Michael Ealy, que faz parte de uma geração mal sucedida de androides que fora projetada com um algoritmo único para terem um raciocínio mais apurado, sendo capazes, inclusive, de entenderem e emularem os sentimentos humanos. Os androides perfeitos, só que não. A linha de androides de Dorian se mostrou, como todos os humanos, sensíveis ao estresse da vida diária, e começaram a apresentar depressão, ansiedade e afins, foi o fim da sua geração, que acabou aposentada, até que um deles, Dorian, é reativado para ser parceiro de Kennex.

Cada episódio da série narra um caso independente, mas mantem uma linha narrativa, ou seja, conforme os episódios vão sendo apresentados, a relação entre o turrão do Kennex e o impertinente do Dorian, que é mais amistosa que o detetive humano faz parecer, vai se desenvolvendo, até,culminar em um tom claro de camaradagem – que os olhos sempre brilhantes do Ealy fazem parecer beirar o bromance.

Almost Human

O mote principal da série é um pouco pessimista, com a afirmação de que, em 2048, as coisas evoluíram tecnologicamente de tal forma que a polícia não estava preparada para conter os criminosos, assim, em parte, se justificava o surgimento dos oficiais androides. Outro ponto era a presença de um muro que separava a cidade evoluída na qual atuam Kennex e Dorian – mas nem por isso livre de crimes – da barbárie. O muro é introduzido tarde na série, dando uma impressão de algo que seria melhor desenvolvido posteriormente, um ponto de tensão a ser explorado; assim como os cromos, humanos com o DNA lapidado à perfeição antes de suas mães serem fecundadas, o que lhes davam características artísticas, intelectuais e físicas privilegiadas. Eles são, literalmente, sem defeitos. O que causa espanto ná série é o fato de uma cromo, Valerie, ter escolhido ser policial...

A série não consegue se desprender de alguns clichês, como o do policial bom – Dorian – e do mal – Kennex – mas aqui como algo relacionado ao temperamento, já que Kennex é visto por todos como policial problema, mas incorruptível; além da tradicional inimizade com uma outra dupla de detetives, e os momentos de descontração.

Rudy

De todos os personagens, um que deveria ter papel maior na trama era Ruddy, interpretado por Mackenzie Crook, um sujeito inteligente porém todo atrapalhado, responsável pelos androides  e outros serviços e tecnologia da  delegacia, que conseguia roubar a cena todas as vezes que aparecia, mas foi um tanto subaproveitado – até tentaram fazer dele um faz tudo, para tê-lo mais vezes em cena, então não demorou muito para ser também o cara das autópsias, mas já era tarde.

Apesar de meu eterno estranhamento com a pessoa do Michael Ealy – não gosto da cara dele, pode ser recalque, pode ser – acompanhei a série com interesse, e acho até que, lá pela segunda metade da temporada as coisas foram sendo reescritas para algo maior, um objetivo maior com a qual teriam de lidar, o que acrescentou qualidade à narrativa, e veio se sobrepor às dúvidas de Kennex se sua namorada havia o traído ou não – durante o trauma ele perdeu boa parte da memória daquele dia, o que o levava a buscar especialistas no mercado negro que pudessem lhe ajudar – que era lembrado minimamente durante a narrativa da série.

Mas, como sempre acontece com séries que acabo gostando, Almost Human foi cancelada em sua primeira temporada, com apenas treze episódios e muitas dúvidas em aberto. J.J. Abrams tem que tomar um banho de sal grosso.

 

Almost Human (Almost Human – US, Season 1: 2013/2014) Criada por J.H. Wyman . Com Karl Urban, Michael Ealy, Mackenzie Crook. Fox. Créditos completos aqui.

{ B }

10 comentários:

  1. Muita viagem pro meu gosto, rsrs.
    Gostei do post, mas eu não consigo assistir série. Falta de tempo mata. E com o pouco tempo que sobre eu leio. Gosto mais!!

    Bjkasssss

    Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br

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    1. Hahaha! Lelê, não é tão complicado assim, talvez eu tenha me enrolado na explicação, rsrs. Mas é aquela coisa, tem gente que não gosta mesmo, eu não gosto muito de filmes, já séries sou aficionado!

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  2. Eu cheguei a assistir alguns eps. de Almost Human, e ainda tenho certo interesse em ver desde o começo, mas agora com o cancelamento da série, desanimei. Olhando por fora, a série parece ter potencial, mas pelos comentários que li pela net, a trama parecia estar decaindo - talvez esse seja o motivo do cancelamento.

    Quem sabe eu ainda assista os poucos episódios que disponibilizaram? Mesmo não tendo assistido, acho um pouco chato terem cancelado, mas é isso ai. Ótimo texto!

    - pensamentosdojoshua.blogspot.com

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    1. Joshua, é sempre um banho de água fria quando cancelam uma série logo de cara, muitas perguntas ficam para serem respondidas, mas acho que vale a pena acompanhar, são só treze episódios ;)

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  3. Oi, Luciano!
    Antes eu me apegava tanto nas séries e ficava na maior tristeza quando acabava. A última vez que isso aconteceu foi com Puberty Blues. Pararam com a série porque resolveram fazer um filme. Foi um fiasco. O livro é uma delícia de ler - me contentei com ele.
    A mistura de ficção científica/policial não me atrai. É muita informação! :D Americano não assiste tv para pensar, talvez seja por isso que acabou!
    Beijus,

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    1. Luma, pra mim é sempre um trauma quando uma série é cancelada, ainda mais quando se fiam perguntas a serem respondidas. Sabe que eu não tinha pensado desse modo? Talvez a série seja mesmo um pouco complicada pra quem quer apenas um momento na frente da tv.

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  4. Eu vi os comerciais dessa série, mas nem Fringe eu consegui assistir direito, então nem tentei me aventurar por Almost Human. Foi o J. J. Abrams que fez Alcatraz? Essa tinha me interessado mais, mas nem sei que fim levou. Enfim, eu e J. J. não somos muito amigos, mas eu sempre fico com pena de séries que são canceladas antes de questões serem respondidas.

    Abraços!

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    1. Cancelar séries é muito injusto! Eu vi apenas alguns episódios de Fringe, tenho que me dedicar a ver algo mais dela!

      E, sim, Alcatraz é do Abrams, e, adivinha, foi cancelada na primeira temporada e com uma interrogação enorme na cabeça de todos os que assistiram! Ele precisa de um banho de sal grosso, inclusive tô achando o novo trabalho dele, Believe - em parceria com o Cuaron - bem fraquinha.

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  5. "pode ser recalque, pode ser" rsrsrsrs
    Luciano, achei a premissa da série bem interessante apesar de que a principio parece meio confusa. Acho que teria de assistir pra poder ter uma opinião mais elaborada. Pessoalmente eu não curto muito ficção cientifica, mas preciso tirar a prova. Mas não nego que o fato dela ter sido cancelada faz com que a probabilidade de eu assisti-la desça para quase zero pois não quero ter aquela sensação de indignação por não ter mais informações.
    Abraços,
    Amanda Almeida
    Você é o que lê

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    1. Amanda, é triste quando você se dedica a assistir a uma série e, no meio do caminho, ela é cancelada....fazer o quê né?

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